Hoje estamos lançando em parceria com nosso grande amigo e parceiro Cmte Robinson Farinazzo, uma dobradinha, onde nosso leitor poderá conferir o vídeo especial produzido pelo canal "Arte da Guerra" e o nosso estudo aqui publicado, o qual tem por objetivo apresentar os custos base de uma força tarefa nucleada em porta aviões, um tema bastante válido e importante de ser discutido, principalmente tendo em vista diversas discussões que tem tido como centro das atenções a necessidade brasileira de se possuir uma força naval nucleada em porta aviões.
Um porta-aviões é na verdade uma base aérea itinerante, que pode cruzar os oceanos e projetar seu poder aéreo em qualquer ponto do globo, sem a necessidade específica do apoio de outros países e suas bases terrestres. Os de propulsão nuclear apresentam uma maior flexibilidade e capacidade, podendo operar por anos sem reabastecer suas células combustíveis, só precisando receber víveres, e suprimentos para seu grupo aéreo e pessoal.
Esta análise inédita no Brasil, partiu da iniciativa de nosso parceiro Cmte Farinazzo e nós embarcamos nesse desafio afim de lhes trazer uma base real para discutirmos esse tema estratégico que nos é tão importante.
Diferente do que se pensa, a operação de uma força naval nucleada em navio aeródromo, não é algo simples ou "barato", os custos vão muito além da simples construção de um NAe, pois temos que levar em consideração todo o aparato envolvido na operação deste tipo de embarcação afim de se possuir uma capacidade efetiva de emprego desse meio estratégico de projeção de força e controle marítimo. Então partindo dessa premissa, vamos aos números base para se ter uma análise real e inédita até então no Brasil sobre o assunto, prepare-se.
Para efeito de estudo, inicialmente vamos usar como modelo comparativo um "Carrier Strike Group" padrão da US Navy, a marinha dos EUA. Cabe aqui ressaltar que os EUA possuem hoje a maior e mais poderosa esquadra nucleada em navios aeródromos do mundo, sendo de longe a mais capaz e completa em operação, sendo o líder de um seleto grupo de poucos países que possuem tal capacidade, onde podemos aqui citar a França, que hoje opera com apenas um NAe de propulsão nuclear e equipado com catapultas, o Reino Unido que contará em breve com dois modernos NAe's de grande porte, porém que adotam recurso Skyjump e pretende operar com aeronaves V-TOL JSF F-35, Russia, China e Índia com meios vetustos e de menor complexidade e capacidades limitadas se comparados aos "CSG" norte americanos.
Hoje um "CSG" conta com diversos componentes, os quais são variáveis, por tanto, vamos usar uma configuração padrão adotada naquela marinha:
Navio
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Valor Unitário
|
Quantidade
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Total
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NAe Classe Nimitz
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US$ 13 bilhões
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01
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US$ 13 bilhões
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Destroyer Arleigh
Burke
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US$ 2 bilhões
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07
|
US$ 14 bilhões
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Cruzador
Ticonderoga
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US$ 2,5 bilhões
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02
|
US$ 5 bilhões
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Submarino de
Ataque
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US$ 2,7 bilhões
|
02
|
US$ 5,4 bilhões
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Navio
Suprimentos/ Combustível
|
US$ 650 milhões
|
01
|
US$ 650 milhões
|
TOTAL Geral
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US$ 38,05 bilhões
|
Essa primeira tabela apresenta o custo básico de aquisição de tais navios, o que pode oscilar dependendo de alguns fatores, como sistemas embarcados e armamento integrado aos navios e etc...
Nesse primeiro momento já nos deparamos com um custo inicial de 38,05 bilhões de dólares! Um custo considerável e proibitivo para a maioria das marinhas mundo afora, mas a coisa não para por ai, vamos a segunda tabela de custos:
Aeronave
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Valor Unitário
|
QUANTIDADE
|
VALOR
|
F/A -18 E/F SH |
US$ 110 milhões
|
48
|
US$ 5,28 bilhões
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E-2D Hawkeye
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US$ 290 milhões
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04
|
US$ 1,163 bilhões
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E/A-18G Growler
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US$ 117 milhões
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05
|
US$ 585 milhões
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C-2A Greyhound
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US$ 40 milhões
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02
|
US$ 80 milhões
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MH-60S Seahawk
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US$ 34 milhões
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12
|
US$ 408 milhões
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MH-60R Seahawk
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US$ 55 milhões
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16
|
US$ 880 milhões
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CUSTO
TOTAL
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US$ 8,496 bilhões
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Nesta segunda projeção, podemos ter a ideia do custo de um grupo aéreo embarcado típico dos "CSG" norte americano, o que nos mostra um custo de aproximadamente 8,5 bilhões de dólares, isso levando-se em consideração o valor Fly Away, ou seja, esse valor é basicamente da aeronave em si, sem incluir sistemas de apoio, armamento ou demais custos inerentes á sua operação.
Até este momento já chegamos á cifra de 46,55 bilhões de dólares, mas a conta não para por aqui, existem outros custos a ser considerados, como pessoal, combustíveis, suprimentos e etc, uma conta que não para na aquisição dos meios, mas na sua operação e manutenção, para termos uma ideia, o custo médio com as tripulações chega na casa dos 288 milhões de dólares por ano!
Mas vale ressaltar que estamos considerando o modelo norte americano, o qual é tido como o mais eficaz e eficiente no mundo hoje, porém, temos outro modelo que iremos apresentar na segunda parte desse interessante estudo, o modelo adotado pela França, o qual possui maior compatibilidade com nossos intentos.
Agora que concluímos essa primeira parte, cabe ainda ressaltar que uma marinha que possui apenas um NAe, na prática não possui capacidade plena de explorar as vantagens estratégicas representadas por esse tipo de embarcação, afinal a mesma terá de passar por períodos prolongados de manutenção e atualizações ao longo de sua operação, o que deixará inevitavelmente um vazio nas capacidades de projeção e controle marítimo dessa marinha.
Então vamos as discussões e aos debates, mas antes deixo aqui o link para que você possa assistir ao vídeo produzido pelo CANAL "Arte da Guerra", super interessante e que possui informações complementares a nossa breve análise, basta clicar aqui.
por Angelo Nicolaci e Robinson Farinazzo
GBN News - A informação começa aqui
Mais uma ótima matéria Nicollaci.
ResponderExcluirOque me chamou a atenção foi o valor do E-a2. 3x o valor do F-18.
Isto mostra como é completo e caro manter um frota.
Quais são os helicópteros que opera a partir das escoltas?
ResponderExcluirNa minha opinião, o que mais está ao "nosso alcance" é um CSG do estilo dos franceses, 1 NAe e umas 3 fragatas e um NT...
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