O anúncio do interesse apresentado pela norte americana Boeing pela brasileira Embraer, deixou o mercado atento as possibilidades, uma vez que ainda não foi esclarecido o teor da proposta da Boeing com relação á uma suposta compra de ações ou uma aquisição por completo da mais importante e estratégica indústria brasileira.
As informações são desencontradas com relação ao detalhamento do proposto, cabendo ressaltar que parte do controle da empresa brasileira pertence ao governo, o que pode significar que não ocorra uma fusão entre as empresas, mas sim uma participação acionário da Boeing na Embraer.
A principal justificativa que podemos apresentar aos nossos leitores, é o aumento na demanda do mercado por aeronaves médias, onde a Embraer possui uma grande fatia do mercado de aeronaves até 100 lugares e tende a aumentar essa vantagem com sua nova família de aeronaves regionais. Para além disso, a Boeing já havia demonstrado interesse e firmado acordos com a indústria brasileira em relação á outro produto de destaque, a aeronave de transporte militar KC-390, programa que esta nas fases finais de certificações e tende a ser um grande sucesso em sua categoria.
O certo é que a Embraer conquistou uma posição ímpar no mercado, tendo atingido maturidade e expertise suficiente para surpreender o mercado com novas e inovadoras opções, vide o caso do A-29 "Super Tucano", um grande sucesso de exportações e que poderá vir a se tornar uma importante ferramenta da USAF.
Outro ponto importante que temos que abordar em relação a essa notícia, é que a Airbus tem conquistado parta do mercado que pertencia a Boeing, outro ponto que pode explicar a decisão da empresa norte americana e mesmo o interesse brasileiro em estabelecer uma extensa parceria entre a Boeing e a Embraer, esta ligada diretamente ao fato ocorrido em outubro deste ano, quando a Airbus comprou a maior parte do programa de jatos C-Series da canadense Bombardier, principal concorrente da Embraer no mercado para jatos médios de até 150 lugares, medida que irá mudar significativamente a dinâmica do setor e que pode impactar nos resultados da empresa brasileira na disputa pelo mercado.
Para termos uma melhor visão dos fatos, precisamos avaliar alguns números importantes, para entender a aproximação entre a Boeing e a Embraer, desmistificando algumas informações e notícias sensacionalistas que tem sido veiculadas por diversos meios. O primeiro ponto que devemos analisar é a reação que o mercado teve após o anúncio do negócio entre a européia Airbus e a Bombardier, onde a resultante do anúncio do negócio fez com que as ações da canadense apresentassem alta de 14,7% e da Airbus uma alta de 4,83%, por outro lado, os resultados da Embraer fecharam com uma queda de 5,41% e a Boeing recuou em 0,44%, pode parecer pouco, mas no bilionário mercado de ações isso representa um duro golpe.
Outro ponto que devemos ter em mente, é que o mercado para aeronaves médias, como os E-Jets da Embraer e o C-Series da Bombardier, tem apresentado uma perspectiva de grande aumento na procura por este tipo de aeronaves, o que confere á Bombardier uma certa vantagem sobre a Embraer após a conclusão do negócio com a Airbus, fazendo com que a canadense ganhe maior peso na disputa por novos contratos, principalmente no continente asiático, o qual apresenta grande potencial, tendo como maior consumidor para esta categoria a China, país que recentemente aprovou o projeto para incentivo ao crescimento do seu mercado de aviação civil, amparado principalmente na operação de aeronaves na faixa de 100 á 150 lugares.
Com isso em mente podemos afirmar que a principal razão que levou a Boeing e a Embraer ao possível acordo, o qual ainda não temos informações mais detalhadas, visa garantir a ambas capacidade de contrapor suas concorrentes, no caso da Embraer a Bombardier e da Boeing a Airbus. Lembrando que a Boeing não possui projetos que atendam a essa faixa de mercado, enquanto a Embraer possui anos de experiência, uma posição consolidada e um produto de extrema qualidade, o que viria a somar portfólio da norte americana opções para aeronaves de 70 á 150 lugares, cobrindo a falta de uma aeronave nesta faixa, uma vez que a menor aeronave da Boeing é o 737-MAX, que possui 140 assentos na sua versão menor, além de possuir um custo de operação maior que o apresentado pelos E-Jets.
A Embraer possui enorme vantagem atualmente sobre a Bombardier, porém, com a parceria entre a canadense e a Airbus, essa vantagem tende a sofre uma queda, devido ao peso que a marca europeia possui no mercado, e uma parceria entre a brasileira e a Boeing, não deve ser visto como algo negativo, mas um passo importante para obter maior projeção no mercado, algo que deve ser feito de maneira pontual e através de um acordo bem especificado e que não atente as questões relativas ao controle brasileiro sobre a industria que hoje é de suma importância estratégica, tanto do ponto de vista economico, como principalmente no campo de defesa, onde é o nosso principal fornecedor de soluções e canal de entrada de novas tecnologias e capacidades á nossa industria e força aérea, sendo responsável pelo programa FX - Gripen BR, KC-390, A-29 Super Tucano e outros programas que se encontram em andamento.
O presidente brasileiro, Michel Temer, já deixou claro que o governo brasileiro esta aberto a toda proposta de acordos e parcerias com a Boeing, porém, descartou categoricamente qualquer possibilidade da venda do controle acionário da empresa brasileira, Uma vez que o Planalto pode se valer de seu poder de veto as decisões da empresa, através da "Golden Share", mecanismo que dá ao governo a última palavra com relação as decisões tomadas pela empresa, uma importante salvaguarda aos interesses nacionais.
Na última quarta-feira (20) o KC-390 recebeu sua homologação IOC (Initial Operational Capacibility), tal certificado assegura as condições necessárias para o início da operação da aeronave, o que resultará na entrega como previsto do primeiro KC-390 a FAB em 2018.
O GBN esta acompanhando os fatos e logo publicaremos mais informações, visando manter nosso leitor atualizado e com informações de credibilidade.
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