Nesta última semana, o GBN News
cobriu o 1º Congresso Internacional de Contra Medidas de Minagem (1º CICMM), o
qual ocorreu nos dias 17 e 18 na Escola de Guerra Naval na Urca, Rio de
Janeiro. O evento contou com a presença de especialistas, representantes da
indústria naval e de sistemas, assim como militares das três forças brasileiras
e de marinhas estrangeiras.
O congresso que teve apoio da
SAAB, Thales, Abeking & Rasmussen, Navantia, JFD dentre outros
patrocinadores, convertendo-se
em excelente oportunidade
para conhecer o atual panorama brasileiro em relação as capacidades e atuação, bem como tonar
contato com projetos nacionais em desenvolvimento no campo de SUVs e
AUVs.
Em adição,
foi apresentada a doutrina de emprego dos meios de caça-minas
e varredores em outras marinhas. O conteúdo de alto nível marcou as palestras
apresentadas e que serão tema de futuros artigos e matérias
Mas o tema que nos levou a
concepção desta matéria, diz respeito á uma conclusão que alcançamos ao
analisar não só o exposto nas apresentações, mas principalmente as conversas
que mantivemos com diversos oficiais da Marinha do Brasil e representantes da
SAAB Kockums, e aqui nosso leitor poderá conhecer um pouco sobre o MCMV 47
“Koster Class”, navio proposto como a solução as necessidades urgentes da Força
de Minagem e Varredura da Marinha do Brasil (ForMinVar), a qual hoje enfrenta
um imenso desafio para manter suas capacidades e doutrina de guerra de minas.
A SAAB
Kockums se destacou, apresentando um amplo leque de soluções, tendo o centro
das capacidades apresentadas o MCMV 47 “Koster Class”, navio que já foi tema de
uma matéria aqui no GBN News, quando tivemos contato com a solução sueca há
cerca de um ano e meio.
O projeto da Classe Koster, sem
dúvidas nenhuma, uma embarcação de extrema versatilidade e que exibe um potencial
sem igual no mercado da categoria, claramente despertou o interesse da Marinha
do Brasil, a qual busca em caráter de urgência um novo navio que venha a sanar
a lacuna existente e substituir os navios remanescentes da “Classe Aratu”,
projeto da Schütze-Klasse alemã que data dos anos 70 e já estão muito além de
seu ciclo de vida operacional.
Os navios da “Classe Aratu” foram
construídos em casco de madeira e materiais não magnéticos. Devido ao material
de construção, após mais de 40 anos em serviço, estas embarcações começaram a
apresentar um elevado nível de desgaste, ocasionando na retirada de operação de
dois dos seis originalmente adquiridos. Segundo mencionado durante o congresso, os
exemplares remanescentes da Classe Aratu, possuem capacidade de estenderem-se
ativos na esquadra até 2024, quando impreterivelmente terão de ser retirados de
operação. Nas palavras do Vice-almirante Almir Garnier dos Santos , comandante
do 2º Distrito Naval: “Nossa maior prioridade é garantir que não se perca todo
o conhecimento de guerra de minas adquirido em quase 40 anos de operação dos
Classe Aratu. Esses navios, em número de quatro, apresentam uma disponibilidade
de três unidades com mais uma em manutenção...”, continuando “tivemos de
flexibilizar esses trabalhos de modo a manter esses navios, de baixa
complexidade operativos até a chegada dos novos meios que devem ser adquiridos antes
de 2020. O Request For Proposal (RFP) será emitido em novembro próximo, e
pretendemos selecionar um navio pronto, disponível e consolidado, não podemos
aguardar o desenvolvimento de uma nova classe. Enquanto isso, vamos manter os
Classe Aratu operativos, de modo a garantir a manutenção do conhecimento
adquirido”..
Diante das necessidades da
Marinha do Brasil, nos deparamos há alguns anos com o projeto sueco, o qual tem
conquistado a atenção dos principais setores dentro da Marinha do Brasil, e
passa a ser visto como o mais cotado projeto para dotar a ForMinVar de um meio
moderno, eficiente e que garanta á Marinha do Brasil possuir não apenas um
navio no “estado da arte”, mas todo conhecimento e capacitação tecnológica que
garanta todo o ciclo de vida operacional da embarcação no inventário da
Marinha, onde será previsto um extenso programa de offset que nos lembra muito
o que ocorre em outro importante programa de defesa brasileiro em parceria com
os suecos da SAAB, o Gripen BR.
Apesar do difícil momento
orçamentário, a Marinha do Brasil acredita que terá uma atenção especial do
Ministério da Defesa com relação a esse importante programa, onde já recebeu do
ministro Jungmann apoio nesse sentido.
Após vários estudos e avaliações
realizados nos últimos anos, a Marinha do Brasil tem apresentado um grande
interesse pela Classe Koster, o qual apresenta enormes vantagens em relação aos
concorrentes. Primeiro por se tratar de
um projeto extensamente testado e certificado em operações reais, as quais
desempenha com sucesso há décadas com a Svenska Marinen (Real Marinha da
Suécia), lidando com a árdua missão de desminagem de uma vasta
área no Báltico, onde enfrentam campos minados com milhares de dispositivos
remanescentes das duas Guerra Mundiais, que ainda hoje representam um enorme
perigo a navegação, em especial pelas condições do Báltico, onde artefatos com
mais de 90 anos se mantém intactos como se tivessem sido lançados há poucos
meses, conforme apresentado na palestra de Jenny Strom (Commander Officer, 42
MCM Squadron, Svenska Marinen).
O MCMV 47 da Classe Koster, está
equipado para destruir minas e realizar varredura mecânica, podendo operar com
sistemas de varredura autônomo SAM (Selfpropelled Acoustic Magnectic)
controlado remotamente. É um navio versátil, projetado desde o início para a
fácil adaptação, capaz de atender às diversas necessidades de seus operadores.
Toda a estrutura do casco e do
convés do “Koster” é feito em material composto, conhecido como GRP. O material
utiliza um método especial de camadas (em sanduíche), desenvolvido em estreita
cooperação entre a Administração de Materiais de Defesa Sueca (FMV) e a Saab. O
composto possui um núcleo que consiste de espuma rígida entre duas camadas de
laminado de fibra de vidro. Possui uma massa menor do que um casco de placas
únicas, sendo mais fácil de fabricar que outros materiais, e a estrutura
resultante conferem excelentes propriedades aos MCMV, garantindo ilimitada vida
operacional ao casco.
Algumas das vantagens da
tecnologia de construção do casco no “Koster” são:
· Baixo peso
· Baixa assinatura magnética
· Baixa assinatura acústica (isolamento)
· Baixa assinatura infravermelha
(isolamento)
· Baixa assinatura elétrica (UEP/ELFE)
· Baixa assinatura de pressão
· Alta resistência a impactos
· Boa resistência a incêndio
O material é ao mesmo tempo não
corrosivo e não degradável. Sendo de fácil reparação e requer um mínimo de
manutenção, necessitando apenas do básico, como limpeza e pintura. Esta
característica melhora
significativamente o custo de manutenção durante o ciclo operacional, aumentando a
expectativa de uso
do casco e reduzindo o custo total do ciclo de vida (LCC). Isto foi confirmado
por extensos testes de materiais e mais de 40 anos de serviço dos navios.
Durante um dos intervalos,
estivemos conversando com alguns oficiais da Marinha do Brasil, os quais nos
disseram que a opção sueca atende e supera com larga margem aos requisitos da
Marinha do Brasil, sendo apontado pelos mesmos como a potencial escolha da MB.
Outro ponto que corrobora para
tudo que já citamos até o momento, é o fato de a SAAB estar interessada em ir
muito além de apenas fornecer um navio ao Brasil, mas a sua postura de
estabelecer uma parceria mais extensa. Para tanto, o CMG Castro Loureiro,
deixou “escapar” em sua apresentação que a SAAB esta interessada em ir além de
fornecer um navio, pois a mesma já realizou visitas técnicas á Base de Aratu,
onde se empenhou em ouvir e entender as necessidades que a base possui em
relação á sua capacidade de prover apoio e suporte na manutenção dos navios
naquela base.
Segundo o CMG Loureiro, não basta comprar um
novo navio, uma vez que o centro de manutenção na Base Naval de Aratu,
encontra-se extremamente defasado tecnologicamente, sendo incapaz de prover o
adequado suporte a uma embarcação de última geração como a que se pretende
operar na ForMinVar. De acordo com as
palavras do CMG Castro Loureiro, a proposta da Saab para fornecer os novos
navios caça-minas/varredores, que deverão substituir os vetustos navios da
classe Aratu, oferece a melhor das propostas, onde não divulgou valores
envolvidos, mas deixa claro que todo o pacote envolvido no negócio, que inclui
a transferência tecnológica para capacitar a Base Naval de Aratu, o que
garantirá a capacidade de manter e operar os modernos MCMV da Classe Koster.
Resta agora aguardar o desenrolar
dos fatos, lembrando que o RFP tem previsão para ser emitido no próximo mês, esperando-se uma
rápida analise e decisão para o mesmo, tendo em vista o curto prazo
entre a definição do novo navio e a sua entrada em operação, que deverá ocorrer
antes de 2024, quando a Classe Aratu dará baixa. Resta torcer para que o Governo Federal se atenha ás
necessidades estratégicas da força naval e lhes garanta a dotação orçamentária
para o programa.
GBN News –
A informação começa aqui
por: Angelo Nicolaci
Nota: Em breve publicaremos uma detalhada apresentação do MCMV
Se vier com todos os aparatos e tecnologias que foi falado e que se modernize o porto que irão ser construídos , creio eu que será uma grande compra , eu aprovo !
ResponderExcluirA proposta é muito boa, supera os requisitos da Marinha do Brasil, e pelo que temos visto no programa Gripen BR, a SAAB cumpre o que promete, então acho que seria a melhor opção.
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