Moscou diz que manobras são "de natureza estritamente defensiva", enquanto Otan acusa país de omitir reais dimensões. Combates simulados podem ser maior demonstração de poderio militar pela Rússia desde a Guerra Fria.
A Rússia deu início nesta quinta-feira (14) a exercícios militares de grande porte em conjunto com Belarus na fronteira leste da Otan. Países-membros da Otan suspeitam que se trate de uma tentativa russa de aumentar permanentemente sua presença militar na região.
As manobras, chamadas de Zapad 2017 (Ocidente 2017), são realizadas em Belarus, no exclave russo de Kaliningrado e suas regiões de fronteira Pskov e Leningrado, próximo aos limites da Polônia e países do Báltico.
Segundo Moscou, os exercícios envolvem 12.700 soldados, incluindo 7.200 de Belarus e 5.500 da Rússia. Além disso, participarão cerca de 70 aeronaves, 250 tanques, dez navios e vários sistemas de artilharia e de mísseis. As manobras se encerram devem ser encerradas no dia 20 de setembro.
O Ministério russo da Defesa afirma em nota que as manobras são "de natureza estritamente defensiva e não direcionadas a nenhum outro Estado ou grupo de países".
A Otan, porém acusa a Rússia de manter sigilo e minimizar as reais dimensões dos exercícios. Alguns países-membros afirmam ser possível que mais de 100 mil homens tomem parte nas manobras, hipótese também levantada pela ministra alemã da Defesa, Ursula von der Leyen, que denunciou uma "estratégia de intimidação" por parte de Moscou.
Se tal número estimado de soldados se confirmar, se trataria da maior demonstração de poderio militar pelos russos desde a Guerra Fria. Nesse período, Zapad era o nome do maior exercício militar da União Soviética e envolvia entre 100 mil e 150 mil soldados. Ele foi retomado pela Rússia em 1999 e repetido em 2009 e 2013.
A aliança teme que a Rússia esteja posicionando permanentemente contingentes de soldados em Belarus, consolidando um avanço rumo às fronteiras da UE.
O ministro da Defesa da Lituânia, Ramundas Karoblis, suspeita que esteja sendo simulada uma ofensiva contra os países bálticos, numa região conhecida como a "falha de Suwalki". Trata-se de faixa de cerca de 100 quilômetros de extensão entre a Polônia e a Lituânia, situada entre o exclave de Kaliningrado e Belarus.
Não se sabe ao certo como a Rússia deverá proceder após o término do exercício. Frederick Hodges, o comandante-em-chefe das forças dos Estados Unidos na Europa, alertou sobre um "cavalo de Troia". Especula-se que o equipamento militar utilizado pelas forças russas seja mantido em Belarus após o fim das manobras, uma possibilidade que também foi levantada pelos críticos ao governo de Minsk.
O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, é um dos aliados de Moscou. Ele, porém, se opõe a uma presença militar russa maciça em seu país.
Tal presença traria uma importante vantagem estratégica para Moscou e resultaria numa ameaça à Ucrânia, localizada ao sul de Belarus. Kiev, a capital ucraniana, fica a menos de 100 quilômetros da fronteira.
O governo russo tenta minimizar as preocupações dos países da região. O vice-ministro da Defesa, Alexander Fomin, afirmou que a "ameaça russa" é um mito, e que não há motivos para temer as manobras "amistosas e abertas" de seu país.
Moscou acusa a Otan de agravar as tensões entre ambas ao enviar tropas para países do Leste Europeu que fazem fronteira com a Rússia. Já a Otan afirma que o envio foi uma resposta à anexação da Crimeia pela Rússia, em 2013.
Fonte: Deutsche welle
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