A história da Segunda Guerra Mundial possui muitos feitos e unidades que não receberam o devido reconhecimento, diferente de algumas unidades que foram bem documentadas e conhecidas pelos quatro cantos do mundo. Dentre estes há diversas histórias sobre os aviadores afro-americanos do "Tuskegee", conhecidos como "Red Tails" e a mística 101st Airborne e sua "Easy Company", as quais podem ser encontradas em diversos livros e filmes. Agora pouco se fala nos valorosos homens que serviram na unidade de infantaria mexico-americanos.
A unidade que originalmente pertencia a Guarda Nacional era composta inteiramente por mexico-americanos de barrios no Texas. estes bravos homens serviram na 36ª Divisão, 141º Regimento, 2º Batalhão, Companhia "E", e estiveram envolvidos em algumas das batalhas mais importantes da Segunda Guerra Mundial durante a Campanha Italiana.
O 141º Regimento possui raízes que remetem à Revolução do Texas, sendo a mais antiga unidade em serviço da Guarda Nacional do Texas. A 36ª Divisão ou "T-Patchers", como eles eram conhecidos, encabeçaram o desembarque Aliado em Salerno, na Itália. A unidade viu ação em Monte Rotondo, San Pietro e uma das batalhas mais controversas e mais sangrentas da Segunda Guerra Mundial, a travessia do rio Rapido. Numa extensão de quarenta e oito horas, a 36ª Divisão perdeu mais de dois mil homens em janeiro de 1944 na travessia daquele rio. O fato foi tão controverso que após o fim da guerra foi realizada uma audiência no Congresso para apurar se as ações adotadas pelos que estavam no comando da unidade foram omissas ou imprudentes.
Sgt. Rivera |
O Sgt. Manuel Rivera, de El Paso no Texas, descreveu a carnificina da travessia do rio Rapido: "Se você não foi ferido, se você não foi morto, se você não foi capturado, então você não estava no rio". O Sgt Rivera foi ferido durante uma patrulha reconhecimento. Apenas 27 dos 154 homens da Companhia "E" que atravessaram o rio Rapido retornaram. O Comandante da Companhia, John L. Chapin, também de El Paso, foi morto em ação ao levar seus homens pelo rio Rapido.
Ramon G. Gutierrez, serviu na empresa "E" durante o desembarque em Salerno no dia 9 de setembro de 1943, Gutiérrez e sua unidade foram cercados por tanques inimigos e uma posição de metralhadora. Depois de testemunhar vários homens feridos e mortos, Gutiérrez identificou a posição da metralhadora e disparou seu rifle automático Browning contra o inimigo. Gutierrez foi atingido no braço, fazendo com que ele perdesse seu rifle. Porém ele continuou avançando contra a posição inimiga onde estava a metralhadora. Ele silenciou o a metralhadora com uma granada de mão matando três soldados inimigos. Gutiérrez ainda saltou para dentro da casamata matando o último soldado inimigo em combate corpo a corpo.
Gutiérrez com condecoração soviética |
Por suas ações em Salerno, Gutierrez foi agraciado com a "Estrela de Prata" pelos EUA. Gutierrez ainda se tornaria um dos poucos americanos a ser condecorados pelo valor no campo de batalha pela União Soviética durante o conflito. Um observador russo que estava em Salerno, ficou tão impressionado com as ações de Gutiérrez em campo de combate que a União Soviética mais tarde concedeu a Ordem do Segundo Grau da Guerra Patriótica a Ramon G. Gutierrez.
Quando perguntado por que ele tomou a decisão de continuar a avançar contra a posição da metralhadora inimiga sem seu rifle, Gutierrez respondeu: "Eu pensei que ia morrer naquele dia, então não me importava com o que acontecesse comigo". Mais tarde, ele veria mais ação em Monte Rotondo, San Pietro, Rio Rapido, Cassino e Velletri. Tendo sido capturado em duas ocasiões diferentes, ele conseguiu escapar e voltar às linhas aliadas nas duas ocasiões.
Gabriel Salazar |
Gabriel Salazar, outro dos bravos mexico-americanos de El Paso, descreveu por que ele se juntou à Guarda Nacional do Texas: "Eu só sei que queria pertencer a um grupo de jovens cuja vida era semelhante à minha. Eu sabia que nunca poderia encontrar experiências tão imprevisíveis em casa ". Ao descrever a cena em Alta Villa, perto de Salerno, Salazar afirmou:" Lembro-me de marchar pela estrada sinuosa em direção a Alta Villa. Podíamos sentir o cheiro da carne dos alemães que estavam mortos presos em seus tanques tiger em chamas. Era o doce cheiro da morte, como chocolate, doce o suficiente para virar o estômago. Eu odiei o cheiro de chocolate por um longo tempo depois dessa experiência". Fora de El Paso no Texas, muito pouco se sabe sobre os homens que serviram em uma das unidades mais exclusivas e históricas do exército dos EUA durante a Segunda Guerra Mundial.
A verdadeira história desses homens que lutaram na unidade de combate mexico-americana do exército dos EUA é relatada no livro "Patriots from the Barrio", uma leitura que recomendo aqueles que apreciam conhecer detalhes daquele que foi o mais sangrento conflito de nossa história, uma boa oportunidade de conhecer sobre uma unidade que pouco se tem documentado.
Em breve iremos publicar um especial sobre a FEB e forças de outras nações que foram de suma importância para se por fim aquele sangrento pesadelo na Europa e Ásia.
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com agências
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