A Turquia tem firmado seu planejamento para finalizar a construção de seu primeiro porta-aviões em 2021, notícia veiculada em algumas mídias ao redor do mundo, o que dará á Turquia o ingresso para o seleto grupo de nações que operam este tipo de navio.
Tal programa corrobora com a posição adotada pelo governo do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que busca fortalecer as capacidades de defesa do país e conquistar certa independência em relação aos fornecedores estrangeiros. Medida que é notada ao se acompanhar o ritmo de desenvolvimento e investimentos realizados em sua indústria de defesa, a qual apresenta um vasto número de soluções e sistemas que conferem á Turquia um certo papel de destaque no mercado internacional, não por suas capacidades em si, mas pela sua busca pela independência tecnológica, a qual vem amadurecendo a passos largos, conforme notamos na última edição da LAAD 2017 aqui no Brasil, onde apresentaram uma variada gama de sistemas e soluções, que variam de armas leves á mísseis e bombas guiadas.
Apesar de parecer muita pretensão turca, o país já deu os primeiros passos na construção do TCG "Anadolu", navio de assalto anfíbio que terá capacidade de operar como Navio Aeródromo Ligeiro (NAeL), sendo capaz de operar aeronaves V-TOL como o norte americano F-35, O navio destina-se a atender às diversas necessidades e exigências da marinha turca , como apoiar operações de desembarque anfíbio, ajuda humanitária e atuar como centro de comando da Marinha Turca, o novo navio deverá iniciar suas provas de mar em 2021.
O "Anadolu" contará com uma rampa SkyJump e terá capacidade para operar com até 12 caças F-35B e 12 helicópteros em uma configuração de NAeL. O navio esta sendo construído sob o mesmo projeto do SPS "Juan Carlos I" construído para Espanha, sob contrato firmado com a Navantia. A versão turca terá dimensões de 231 metros de comprimento, 32 metros de boca, 6,8 metros de calado, seu deslocamento será de 24.660 toneladas sob a configuração para operar como NAeL, já em sua configuração LHD deslocará 27.079 toneladas, sendo capaz de desenvolver velocidades máximas de 21,5 nós operando como NAeL e até 29 nós operando como LHD, seu raio de ação esta em 9 mil milhas.
O TCG "Anadolu" conta com um hangar de 990 m² que é capaz de acomodar 12 helicópteros de tamanho médio ou 8 helicópteros pesados como o CH-47 Chinook . Com o hangar e a garagem de carga leve unificados, o navio pode transportar até 25 helicópteros de tamanho médio. Uma configuração alternativa pode transportar até 12 F-35B e 12 helicópteros.
O navio operando como LHD dispõem de uma garagem com 1.880 m², area capaz de acomodar contêineres e até 27 Veículos de assalto anfíbio, Sua doca de 1,165 m² pode receber quatro Landing Craft Mechanized (LCM) ou dois Landing Craft Air Cushion (LCAC), ou dois Landing Craft Vehicle Personnel (LCVP), o navio ainda possui um porão de1,410m² para cargas pesadas, que pode transportar 29 MBT, veículos de assalto anfíbio e contêineres.
O navio receberá o sistema turco de gerenciamento de combate, o GENESIS-ADVENT, que será integrado pela Aselsan e Havelsan, assim como todo armamento e sistemas defensivos serão oriundos da indústria local.
A tripulação do navio consistirá em 261 homens, entre operadores do navio e fuzileiros ou equipes de voo e de hangar.
A opção turca de conceber um porta aviões, reforça a sua atual política externa, onde tem apresentado uma crescente atuação fora de seu território, com forças desdobradas no Qatar, equipes militares prestando apoio as forças regulares no combate ao terrorismo na Somália, além de forças engajadas em combate contra o EI na Síria e Iraque.
A Turquia busca não apenas ampliar sua capacidade de defesa, mas ao que tudo indica, busca ampliar sua capacidade de projetar força além de suas fronteiras, sendo o LHD um navio apropriado para desempenhar este tipo de missão. Sendo assim, a Turquia estaria no mesmo patamar do Egito, o qual opera os recentemente adquiridos LHDs da "Classe Mistral", adquiridos em uma compra de oportunidade junto á França após a mesma negar a entrega dos mesmos á Rússia, seu comprador original.
A construção do TCG "Anadolu" é uma interessante plataforma, embora tenha algumas limitações em relação aos NAe convencionais, o "Anadolu" custou nada mais, nada menos que 1 bilhão de dólares aos cofres turcos, e trata-se de uma embarcação de menor complexidade que um NAe convencional e puro, o qual deverá ser o próximo passo turco em direção á sua tão sonhada entrada no seleto grupo de operadores de Navios Aeródromos. Segundo as palavras de Erdogan: "Terminamos completamente a realização de 14 projetos de navios militares, outros 10 deverão seguir. Vamos criar o nosso próprio porta-aviões, temos intenções disso e não temos dúvidas quanto ao seu sucesso. Devemos fazer com que a Turquia se torne líder na construção de navios de combate e um porta-aviões já não é um sonho pouco realista para nós".
Vamos aguardar os próximos capítulos dessa saga turca rumo ao seu primeiro porta aviões, o qual segundo nossas estimativas pode ser construído em um prazo médio de cinco anos, seguindo a média de construção á qual temos acompanhado no país.
Quanto a nós brasileiros, ficamos literalmente "a ver navios", com uma economia em ruínas, uma crise política sem precedentes, orçamentos cada vez mais apertados á pasta de defesa e aos programas estratégicos aos quais nos são essenciais, o sonho do Porta Aviões brasileiro é algo cada vez mais longínquo de nossos portos, com a desativação do NAe A-12 "São Paulo", ficaremos sem porta aviões pela primeira vez em décadas, embora na prática isso já ocorra há anos devido a indisponibilidade constante do "São Paulo". Mas tudo aponta para a aquisição de oportunidade do "HMS Ocean", não é um porta aviões, mas garantirá a nossa força aeronaval alguma capacidade.
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