Shlomit Kishik Cohen, espiã israelense conhecida como "a pérola do Mossad", nascida na Argentina, faleceu nesta segunda-feira (22) aos 100 anos, segundo a imprensa de Israel.
Kishik Cohen trabalhou durante muito tempo no vizinho Líbano, ajudando a transferir os judeus libaneses e de outros países até Israel. Calcula-se que tenha sido responsável pela chegada de mais de mil judeus do Líbano até Israel.
"Adeus (...) à espiã israelense número um no Líbano", escreveu nesta segunda-feira o jornal Yediot Aharonot.
Ela, também apelidada de "Shula", nasceu na Argentina em 1917, em uma família judia que emigrou para Jerusalém quando Cohen ainda era jovem.
Casou-se com um rico comerciante judeu de origem libanesa, Joseph Cohen, vinte anos mais velho que ela. Viveram juntos em Beirute, onde "a pérola da Mossad" construiu laços com altos funcionários do governo e começou a trabalhar de forma voluntária para o futuro Estado israelense.
De acordo com o "Centro do Patrimônio de Inteligência", também teria conseguido, no dia anterior à proclamação da criação do Estado de Israel em 1948, informações sobre os preparativos militares no Líbano e nos países árabes para uma guerra contra Israel.
Kishik Cohen, que se uniu ao Mossad durante e após a criação do Estado de Israel, transmitiu informações militares provenientes da Síria e do Líbano entre os anos de 1947 e 1961.
Há alguns anos, afirmou ter se reunido com todos os chefes da polícia e dos serviços de Inteligência libaneses, assim como os presidentes desse país.
"Naquela época me reuni com o presidente Camille Chamun, (...) e depois com Bashir Gemayel", assassinado pouco tempo após assumir o cargo durante a invasão israelense do Líbano em 1982.
Disse que nunca ter revelado suas atividades para o seu marido, e também contou ter conseguido levar dois de seus filhos a Israel.
"Shula" foi detida no Líbano, onde foi condenada à morte.
Fazia parte de uma "rede de espionagem muito importante" naquele momento, "senão a mais importante", declarou o diretor dos serviços de espionagem do Líbano, Sami al Jatib, em um documentário do canal de televisão Al Jazeera, divulgado em 2016.
Foi liberada após uma troca de prisioneiros, em meio a guerra entre árabes e israelenses em junho de 1967, e desde então vivia com sua família em Jerusalém.
As autoridades no Peru pretendem modernizar os tanques T- 55 adquiridos pelo país na época da União Soviética, informou a agência de notícias Interfax.
O anúncio foi feito pelo vice-diretor do Serviço Federal de Cooperação Técnico-Militar da Rússia, Anatôli Puntchuk, que liderou a delegação russa no Salão Internacional de Tecnologia para Defesa e Prevenção de Desastres Naturais (Sitdef), realizado entre 18 e 21 de maio em Lima.
“As Forças Armadas do Peru têm um número significativo de tanques T-55 e estão interessadas em modernizá-las com a participação de especialistas russos”, declarou Puntchuk, após o término da feira.
Embora não tenha especificado como e quando esse projeto terá início, ele acrescentou que a modernização dos antigos não exclui o possível fornecimento de novos modelos T-90S ao país latino-americano.
Ainda segundo o chefe da delegação, a Sitdef -2017 mostrou que Lima está disposta a desenvolver a cooperação técnico-militar com a Rússia.
“Os parceiros peruanos querem continuar o diálogo estratégico sobre questões de cooperação técnico-militar. As negociações em Lima nos permitem declarar que o governo do Peru está interessado em desenvolver o diálogo e que a técnica militar russa é bem conhecida e apreciada", completou Puntchuk.
Os tanques T- 55, chamados inicialmente de T-54, começaram a ser construídos no final da Segunda Guerra Mundial. Em 1947, os veículos foram entregues às Forças Armadas soviéticas e, no ano seguinte, foi lançada uma versão modernizada, o T-55.
O ator britânico Roger Moore, que interpretou o agente “James Bond” em sete filmes, morreu, aos 89 anos, na Suíça, vítima de câncer, anunciou a família nesta terça-feira.
“Com grande pesar anunciamos que nosso querido pai, Sir Roger Moore, morreu hoje na Suíça após a uma batalha breve mas corajosa contra o câncer”, afirma a família em uma nota divulgada no Twitter.
“O amor que o cercou em seus últimos dias é tão grande que não pode ser medido em palavras”, acrescenta a nota, assinada por seus filhos Deborah, Geoffrey e Christian.
Moore tornou o agente 007 um cavalheiro inglês com mais fleuma, após a fase mais viril do escocês Sean Connery.
Também foi uma das primeiras estrelas a emprestar sua imagem para a beneficência como embaixador do Unicef e nunca se gabou de um grande talento de interpretação.
“Não sou do estilo ‘assassino frio’, por isso interpreto mais para fazer rir”, disse em uma ocasião.
Sua fama veio na década de 1960, quando interpretou Simon Templar, na série de TV britânica “O Santo”, exibida em diversos países.
No início dos anos 1970 participou em outra série de grande sucesso, “The Persuaders”, uma parceria com o americano Tony Curtis.
A China quer ampliar sua influência mundial através de um colossal e dispendioso plano de infraestrutura.
"Esperamos desencadear novas forças econômicas para o crescimento global, construir novas plataformas para o desenvolvimento mundial e reequilibrar a globalização para que a humanidade chegue mais perto de uma comunidade de destino comum", disse o presidente chinês, Xi Jinping, ao abrir, na semana passada, um fórum internacional sobre o projeto, batizado de Nova Rota da Seda.
O fórum contou com a participação de cerca de 30 líderes mundiais, entre eles os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, da Argentina, Maurício Macri, e do Chile, Michelle Bachelet.
A ideia da Nova Rota da Seda - com nome inspirado na antiga rota comercial que ligou o Oriente e o Ocidente há dois mil anos - é melhorar conexões comerciais entre Ásia e Europa e Ásia e o leste da África, promovendo desenvolvimento, com a construção ou expansão de redes de ferrovia de alta velocidade, gasodutos, oleodutos, portos e centros logísticos.
"É um esforço ambicioso sem precedentes", disse, por sua vez, o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, sobre o plano com o qual a China pretende "sacudir" a ordem econômica mundial. O investimento total chega a US$ 900 bilhões (R$ 2,9 trilhões).
Ainda que, em teoria, o objetivo do projeto é aumentar a integração econômica entre Europa, Ásia e África, críticos em países ocidentais acreditam que o governo chinês busca, na verdade, expandir sua influência para o campo geopolítico.
Segundo a analista para assuntos chineses da BBC Carrie Gracie, tanto os oleodutos e gasodutos que atravessam a Ásia Central, como os portos do Paquistão e Sri Lanka, no Oceano Índico, poderiam servir para fins militares no futuro.
Abaixo, apresentamos cinco grandes obras que fazem parte da Rota da Seda.
1. Transporte de mercadorias China-Europa
Atualmente, a China já opera cerca de 20 linhas de trem de carga que ligam o país a cidades europeias como Londres, Madri, Roterdã ou Varsóvia. A rota China-Madri funciona há mais de um ano e é o mais extenso serviço ferroviário do mundo.
Agora, o objetivo do governo de Xi Jinping é otimizar esta rede e torná-la uma alternativa mais rápida - embora mais dispendiosa - ao tradicional transporte marítimo de produtos chineses.
As obras do novo trem de alta velocidade, que unirá os sete mil quilômetros de Pequim a Moscou, devem terminar em 2025, segundo a companhia estatal russa OAO Russian Railways. Ela reduzirá o tempo de viagem, de cinco dias, para 30 horas.
Por trás desta grande iniciativa, está a intenção da China de se consolidar como uma potência comercial global, comenta Carrie Gracie.
Custo: US$ 242 bilhões
2. Rede de trens na Ásia
Nesta seção, há dois grandes projetos futuros:
A Rede Pan-asiática
A China planeja conectar a cidade de Kunming, situada no sul do país, com Vientiane, a capital do país vizinho Laos, e com a rede ferroviária de Mianmar.
Assim que esta e outras obras semelhantes previstas em Tailândia, Camboja e Vietnã estiverem concluídas, estará formada uma rede pan-asiática ligando a China ao Sudeste asiático.
Custo: US$ 7 bilhões (apenas o trem de alta velocidade entre Kunming e Vientiane)
Alta velocidade na Indonésia
A ferrovia Jacarta-Bandung será o primeiro trem de alta velocidade da Indonésia e ajudará a melhorar o transporte público entre a capital do arquipélago e um dos principais centros econômicos de Java.
Embora várias empresas japonesas também aspirassem ganhar o projeto, o governo indonésio acabou preferindo as empresas chinesas.
Custo: US$ 5,9 bilhões
3. Corredor China-Paquistão
Aproveitando que o vizinho Paquistão é um de seus aliados históricos, a China investirá no país e ajudará no desenvolvimento do porto de Gwadar, no Mar Árabe.
A ideia de ambos os países é que se converta na versão paquistanesa do complexo portuário de Shenzhen.
A implementação deste projeto dará à China uma saída para o mar sem necessidade de que seus produtos passem pelo estreito de Malaca, onde operam piratas e o clima é desfavorável.
O projeto contempla a ampliação da rodovia de Kakarorum, umas das mais altas do mundo, que conecta a China ao Paquistão.
Custo total: US$55 bilhões
4. Porto de Colombo
Outro porto-chave nos planos da Nova Rota da Seda é o de Colombo, capital do Sri Lanka.
Embora tenha sido paralisado com a troca de governo no país - mais próximo, politicamente, da Índia -, negociações recentes permitiram a continuidade do projeto; as obras já foram retomadas.
Custo: US$1,4 bilhão
5. Projetos na África
A China já está construindo a ferrovia que unirá as duas principais cidades do Quênia: a capital, Nairóbi, e Mombasa, na costa do país.
Este projeto faz parte da futura rede de transportes da África Oriental, que conectará as cidades do Quênia com as capitais de Uganda (Kampala), Sudão do Sul (Juba), Ruanda (Kigali) e Burundi (Bujumbura).
A China já inaugurou o trem que une Adis Abeba, capital da Etiópia, com Djibouti, capital do país do mesmo nome na costa do Mar Vermelho, onde companhias chinesas estão construindo um centro logístico marítimo.
"É um desenvolvimento estratégico enorme", disse ao jornal New York TimesPeter Dutton, professor de estudos estratégicos da Escola Naval de Guerra de Rhode Island, nos Estados Unidos.
"Trata-se de uma expansão do poder naval para proteger o comércio e os interesses regionais da China no Chifre da África. Isto é o que as potências em expansão costumam fazer. E a China aprendeu as lições do império britânico de 200 anos atrás", concluiu.
Salman Abedi, um jovem de 22 anos oriundo de uma família de origem líbia, é o principal suspeito de ter detonado um colete-bomba que matou 22 pessoas e deixou outras 59 feridas durante a saída do show da cantora pop americana Ariana Grande no ginásio de Manchester, na noite desta segunda-feira (22).
Ainda na manhã desta terça-feira (23), a polícia prendeu um jovem de 23 anos por suspeita de ligação com o atentado. Até o momento não há detalhes sobre o suspeito, detido na saída de um shopping da cidade.
O EI assumiu a autoria do atentado, dizendo que o ataque foi realizado por um de seus seguidores, porem, as ligações entre o EI e o promotor do ataque ainda não foram confirmadas.
Dentre as 22 vítimas, três já foram identificadas, sendo Saffie Rose Roussos de 8 anos, a universitária Georgina Callander de 18 anos e John Atkinson de 28 anos as primeiras vitimas a ser identificadas. Entre os feridos estão muitas crianças e adolescentes, somando cerca de 12 menores entre os feridos. Ainda há pessoas desaparecidas, entre elas cinco adolescentes.
"O povo de Manchester se lembrará para sempre das vítimas, e derrotaremos os terroristas trabalhando juntos para criar comunidades coesas e diversas que são mais fortes juntas. Nós somos os muitos, eles são os poucos", disse o prefeito de Manchester, Eddy Newman.
O ataque em Manchester foi o mais grave atentado à bomba registrado no Reino Unido desde os ataques de Londres em 2005, que resultaram em 52 mortos, quando quatro terroristas detonaram explosivos em três vagões do metro e em um ônibus.
O país está em estado de alerta máximo contra ataques terroristas há dois anos. O último ataque do tipo ocorreu há dois meses no centro de Londres, quando um homem atropelou pedestres na ponte de Westminster e tentou invadir o Parlamento armado com uma faca, matando cinco pessoas e ferindo outras 50 antes de ser morto por policiais.
O Reino Unido e mais uma vitima dos extremistas que tem nos últimos meses intensificado os ataques em solo europeu, sendo algo importante de ressaltar que apesar do grande numero de refugiados que tem entrado na Europa nos últimos anos, os envolvidos nos ataques em sua grande maioria tem sido de extremistas nativos dos países atacados, o que e um dado alarmante e que dificulta os trabalhos de prevenção desses atos.
Contrato bilionário entre a francesa DCNS e o governo brasileiro se torna alvo de investigação na França. Promotores abriram uma investigação sobre o contrato avaliado em 6,7 bilhões de euros envolvendo a venda de cinco submarinos Scorpene e transferência de tecnologia ao Brasil.
A investigação que tem sido conduzida em parceria com a justiça brasileira, sendo um dos alvos da "Operação Lava Jato" e tem como objetivo investigar a participação de estrangeiros no esquema de corrupção do governo brasileiro, investigando a corrupção envolvendo políticos e empresas no Brasil.Desde 2015, tem sido investigadas potenciais irregularidades no programa de construção dos submarinos brasileiros e o projeto do submarino nuclear, feitos em parceria com a França.
Durante as delações da Odebrecht foi apurado que uma parte do dinheiro investido no programa de submarinos foi desviada para caixa dois de campanhas eleitorais. Também foi relatado um esquema propina envolvendo um lobista e um oficial graduado da Marinha, segundo os delatores.
O acordo assinado em 2008, entre os presidentes Lula e Sarkozy, envolvia a transferência de tecnologia do casco para concepção de submarinos nucleares pelo Brasil, posteriormente, em 2009 foi assinado o contrato para aquisição e construção no Brasil de quatro submarinos da Classe Scorpene e a consultoria para construção do casco do submarino nuclear brasileiro ao custo de 6,7 bilhões de euros, aproximadamente 22 bilhões de reais.
A DCNS condicionou sua participação no acordo mediante a contratação da Odebrecht como parceira no programa, sendo facultado à empreiteira brasileira a construção da base naval de Itaguaí, o que custou aos cofres brasileiros cerca de 6,2 bilhões de reais, sendo tal contratação alvo de criticas devido a dispensa de licitação no processo de contratação da empreiteira.
Representantes da DCNS negam qualquer envolvimento da empresa com os esquemas de corrupção e superfaturamento investigados pela "Lava Jato", porem, a empresa também esta sendo investigada em outros países sob acusação de suborno em contratos para o fornecimento de submarinos para Índia e a Malásia.
O novos submarinos de origem francesa visam substituir os submarinos IKL alemães que deram origem a Classe Tupi e Tikuna, sendo a ultima desenvolvida no Brasil e constituída de um único exemplar apos o cancelamento do segundo submarino da classe. Muitos criticaram a compra do submarino francês, uma vez que já operávamos e possuíamos bastante expertise na tecnologia alemã e sua operação.
O novo míssil balístico de médio alcance da Coréia do Norte deve entrar em produção apos teste bem sucedido no domingo (21), o que representa uma nova ameaça no cenário geopolítico da região.
O último teste confirmou a capacidade de orientação da ogiva do míssil Pukguksong-2 e o funcionamento do motor de combustível sólido, segundo informou a agência estatal de notícias KCNA.
Apos uma serie de fracassos anteriores, os norte-coreanos conseguiram exito, com o sucesso nos testes de domingo este novo míssil deve ser rapidamente produzido em série para armar a Força Estratégica do KPA (Exército Popular Coreano) .
O líder norte-coreano descreveu o Pukguksong-2 como uma " arma estratégica de sucesso ", com uma taxa de acerto " muito precisa ".
Kim ficou impressionado com as imagens de uma câmera montada no míssil durante o teste, dizendo que " é ótimo olhar para a Terra a partir do foguete que lançamos e o mundo inteiro parece tão bonito ".
O lançamento de domingo pela Coréia do Norte foi confirmado pelos EUA e Japão.As forças militares sul-coreanas disseram que o míssil voou 500 km, alcançando uma altitude de 560 km, antes de cair na costa leste do Japão sem causar danos.
Seul também disse que o míssil Pukguksong-2 usa combustível sólido, que é mais difícil de produzir do que o combustível líquido, porem é mais estável e pode ser transportado no tanque do mísseis o que permite um lançamento rápido.
O novo teste norte-coreano foi novamente realizado em violação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU.As medidas da ONU visam forçar Pyongyang a suspender seus programas nucleares e de mísseis balisticos, sendo a principal causa das tensões na região.
O Conselho de Segurança da ONU segunda-feira (22) condenou o lançamento e acusou a Coréia do Norte de "comportamento altamente desestabilizador e provocador ", segundo a Reuters.
O Conselho de Segurança da ONU também deve realizar uma reunião a portas fechadas nesta terça-feira (23), a pedido dos EUA, Japão e Coréia do Sul para discutir o lançamento do míssil norte-coreano.
Pyongyang ignorou toda pressão internacional contra os testes, dizendo que precisa de armas nucleares para se proteger de uma invasão americana.
O Norte também está tentando desenvolver mísseis balísticos com capacidade nuclear capazes de alcançar o continente americano.
A KCNA disse no sábado (20) que o país conseguiu a capacidade de atingir o Havaí e o Alasca após os testes com míssil Hwasong-12, há uma semana.
No entanto, os especialistas ocidentais descartaram essas alegações as classificando como exageradas, dizendo que tais avanços não serão possíveis para o Norte pelo menos até 2030.
O presidente dos EUA, Donald Trump, alertou que um "grande conflito " com a Coréia do Norte é possível se Pyongyang não mudar seus planos.O secretário de Estado de Trump, Rex Tillerson, prometeu uma maior pressão econômica e diplomática sobre Pyongyang.
O Brasil volta a viver, um ano depois do impeachment da presidente Dilma Rousseff, a mesma sensação de paralisia diante de um cenário de alta instabilidade política. O presidente da República, Michel Temer (PMDB), afastou categoricamente a possibilidade de renunciar,o que significa que a crise pode se arrastar por semanas ou meses caso a Câmara abra processo de impeachment. Isso inviabiliza, na prática, qualquer votação do Congresso, como a reforma da Previdência.
Na noite desta quinta-feira (18), a avaliação do presidente era de que os áudios divulgados com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), em que ele conversa por mais de meia hora com Joesley Mendonça Batista, presidente do conselho de administração da empresa JBS, não são comprometedores. A expressão usada pelo próprio presidente em conversas com jornalistas e aliados próximos foi "a montanha pariu um rato".
A revelação do áudio foi feita pelo jornal O Globo, na noite de terça-feira. A informação era de que o empresário relatava estar pagando o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha para manter seu silêncio e obteria o aval de Temer. "Tem que manter isso, viu!", diz o presidente.
O áudio
Joesley gravou a conversa com a anuência do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, pois os executivos da JBS fizeram acordos de delação premiada. Não se tratou, portanto, de gravação "clandestina", como afirmara o presidente em seu pronunciamento oficial na tarde desta quinta-feira.
O empresário foi ao encontro do presidente em março deste ano, tarde da noite, no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente, mas onde Temer preferiu continuar morando após assumir definitivamente a Presidência. Nos cumprimentos, demonstram intimidade. No diálogo, ele fala para Temer que gostou do "esquema" para que possam se encontrar. Acerta que, quando precisar tratar de algo urgente com o presidente, podem usar o mesmo método. "Meia noite, onze da noite, eu venho aqui, meia horinha. Funciona super bem." E, na despedida, reitera: "Gostei desse método." O encontro não consta na agenda do presidente.
No trecho em que fala de Eduardo Cunha, Joesley é explícito sobre pagamento de propina. "Zerei tudo, liquidei tudo, e ele foi em cima, ele veio, cobrou, tal e tal." Termina dizendo que "está de bem com Eduardo", e então Temer aquiesce: "Tem que manter isso, viu". O empresário continua: "Todo mês".
Outro trecho comprometedor, talvez mais grave ainda que o caso de Cunha, é a parte em que Joesley conta que está "enrolado na Justiça, mas segurando as pontas". Ele relata, então, que ainda não tem denúncia formal e sinaliza que tem acordo com um juiz, "de um lado do juiz, dá uma segurada, do outro lado o juiz substituto". "Está segurando os dois?", pergunta Temer. Mais adiante, Joesley diz que conseguiu colocar um procurador de confiança na força-tarefa do Ministério Público para lhe passar informações.
Temer age com naturalidade. O presidente da República não tomou providências ao tomar conhecimento das ações de Joesley para afetar as investigações. Em nota, ele disse que não acreditou na veracidade das declarações de Joesley, que estava sob investigação.
Crise tucana
O desfecho da crise é imprevisível e dependerá de vários fatores. Dois são cruciais: a manutenção de apoio político a Temer, em especial por parte do PSDB, e a reação da sociedade. Havia especulações de que os ministros do PSDB entregariam o cargo. A delação de Joesley atingiu o coração do partido, tirando do cargo, por determinação do STF, o presidente da sigla, senador Aécio Neves. Ele logo se afastou também do comando do PSDB e foi substituído pelo senador Tasso Jereissati (CE). O ministro das Cidades, Bruno Araújo, chegou a anunciar a entrega do cargo, mas recuou. O partido está dividido.
O grande temor do PSDB é que a crise desemboque na convocação de eleições diretas, o que pode minar as chances do partido de voltar ao poder. Aécio é carta fora do baralho, e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, apresentou um desempenho sofrível nas últimas pesquisas eleitorais, além de também ter sido citado na Operação Lava Jato. O partido, nos bastidores, tenta acertar uma sucessão de Temer por eleição indireta.
O PPS e o PSB estão desembarcando do governo. Oficialmente, porém, apenas Roberto Freire oficializou o pedido de demissão e deixou o Ministério da Cultura.
Protestos
Nesta quinta-feira, manifestações foram organizadas em pontos simbólicos das principais capitais, com pedidos de renúncia e convocação de eleições diretas. A adesão, no entanto, ainda foi pequena e não é suficiente para elevar a pressão para que o presidente volte a considerar a possibilidade de se afastar. O teste será no próximo domingo, quando estão marcadas manifestações, tanto de grupos que foram favoráveis ao impeachment de Dilma quanto das frentes que têm ligação com partidos de esquerda e movimentos sociais.
"É um momento extremamente delicado e extremamente grave", afirmou o cientista político José Álvaro Moisés, diretor científico do Núcleo de Pesquisas de Políticas Públicas da USP. "É um terremoto que está atacando os principais partidos brasileiros, o PT, o PSDB e o PMDB." Segundo ele, se ficar caracterizado que o presidente se associou a um ato de obstrução de Justiça, "aí o governo acabou".
O país está "pegando fogo", diz Andréa Marcondes de Freitas, professora de ciência política da Unicamp e pesquisadora do Cebrap. A adesão da população a protestos, até o momento, foi espontânea, mas a tendência é que a participação aumente em atos organizados. A professora prega que é preciso ter cautela. Ainda que o governo sustente que o áudio não deixa caracterizado um ato de obstrução à Justiça, Freitas pondera que o estrago está feito. "Do ponto de visto dos eleitores, importa pouco o conteúdo dos áudios. O que foi falado, já foi falado, e é isso que vai ter influência no número de pessoas que vão estar nas ruas nos próximos dias. Isso obviamente dificulta a manutenção do governo. De toda forma, essas coisas precisam de algum tempo e cautela."
A pressão popular pode abrir caminho para a votação de um impeachment, caso Temer se recuse a renunciar. Já foram protocolados, até a noite desta quinta-feira, cinco pedidos.
O governo canadense ameaçou cancelar a compra dos 18 caças F/A-18 Super Hornet na última quinta (18), sendo uma resposta as investigações antidumping do Departamento de Comércio dos EUA contra a fabricante de aviões canadense Bombardier.
A chanceler canadense Chrystia Freeland emitiu a ameaça em resposta a queixa da Boeing contra a Bombardier.
"O Canadá está analisando as aquisições atuais relacionadas à Boeing", disse Freeland.
A Boeing argumentou na quinta-feira (18), que deveriam ser impostas obrigações à nova aeronave de passageiros C-Series da Bombardier, insistindo que a mesma recebe subsídios do governo canadense que lhe dão vantagem no mercado internacional.
Freeland disse que a petição da Boeing é "claramente destinada a bloquear a entrada no mercado americano da nova aeronave da Bombardier".Ela disse que o governo discorda fortemente da decisão do Departamento de Comércio de iniciar as investigações antidumping e de direitos compensatórios.
A ameaça vem em meio a crescentes disputas comerciais entre o Canadá e os EUA e no mesmo dia o governo Trump formalmente disse ao Congresso que pretende renegociar o Tratado de Livre Comércio da América do Norte.
A Boeing pediu ao Departamento de Comércio dos Estados Unidos e à Comissão de Comércio Internacional dos EUA que investigassem os subsídios dados à aeronave C-Series da Bombardier.A Boeing alegou que a Bombardier recebeu mais de 3 bilhões de dólares em subsídios do governo até agora, o que permitiu à Bombardier oferecer a nova aeronave com "preços predatórios".
O Brasil também formalizou queixa na Organização Mundial do Comércio contra os subsídios canadenses à Bombardier.A brasileira Embraer é uma das grandes rivais da canadense Bombardier no mercado internacional de aeronaves regionais e executivas.
O governo do Quebec investiu cerca de 1 bilhão de dólares em troca de uma participação de 49,5% nas vendas do C-Series no ano passado.O governo federal do Canadá também recentemente forneceu um empréstimo de 275 milhões à Bombardier, que lutou para ganhar pedidos para a nova aeronave de médio porte.A Bombardier recebeu uma encomenda de 75 aeronaves C- Series da Delta Air Lines em 2016. A Bombardier disse que suas aeronaves nunca competiram com a Boeing na venda para a Delta.
O governo canadense disse no final do ano passado que iria entrar em discussões com os EUA e a Boeing sobre a compra de 18 caças F/A-18 Super Hornet da Boeing, estando aberta a possibilidade para comprar mais aeronaves do tipo nos próximos cinco anos.
O Canadá continua participando do programa JSF F-35 da Lockheed Martin, porém, tem demonstrado dúvidas sobre a aquisição do novo caça devido aos altos custos do programa.