O F-20 Tigershark desperta até hoje o interesse e a curiosidade de muitos entusiastas e mesmo militares. O caça que teve seu desenvolvimento nos meados da década de 70, nasceu com base no bem sucedido F-5 Tiger II, tendo sido uma grande aposta da Northrop que buscava inserir a nova aeronave no mercado em substituição dos seus F-5 que operavam em grande números em dezenas de forças ao redor do mundo. Na prática, o "Tigershark" era resultado do aprimoramento máximo da célula do F-5, tanto que inicialmente o projeto era denominado F5-G.
F-20 dispara um AGM-65 Maverick |
Inicialmente a proposta do F-20 ser uma aeronave especializada na arena de combate ar-ar, mas ao longo de seu desenvolvimento se mostrou também uma eficiente plataforma de combate ar-terra, contando com uma suíte avionica muito superior ao seu antecessor, além de ser dotado de um único turbofan, adotando o GE F404, capaz de fornecer um grande empuxo,o mesmo que equipava o então novo F/A-18, o novo motor forneceu um empuxo 60% maior que o empuxo combinado do F-5E e seus dois General Electric J85. A velocidade que o F-20 podia alcançar era superior a Mach 2.0, atingindo um teto máximo acima dos 55.000 pés (16.800 m), sua razão de subida era de 52.800 pés por minuto (16.100 m / min). O F-20 era um concorrente á altura dos caças da General Dynamics e McDoneell tanto tecnologicamente, contando com uma moderna aviônica,ou pelo seu grande desempenho, apresentando uma reserva de potencia muito grande, o que permitia ao mesmo a execução de um vasto envelope de voo, além de estar no ar rumo ao combate, armado e com todos os sistemas ligados em apenas 60 segundos, tendo como um grande atrativo seu baixíssimo custo de aquisição e operação, apresentando um custo por hora voada muito menor que o F-16 da Lockheed.
O F-20 apesar de monomotor, era muito mais rápido que o antecessor F-5, tendo recebido "garras afiadas", capaz de utilizar uma vasta variedade de misseis e bombas, quase que podia utilizar a maioria das armas do inventário da USAF, incluindo a capacidade de utilizar misseis BVR (além do alcance visual), capaz de atuar também como bombardeiro, sendo um verdadeiro caça multifuncional, para tanto equipado com um poderoso radar General Electric AN / APG-67, sendo um radar multi-modo, oferecendo uma grande capacidade de operar tanto no modo ar-ar, como no modo ar-terra.
F-20 armado com mísses AIM-7 Sparrow e AIM-9 Sidewinder |
O F-20 se apresentava como uma verdadeira ameaça aos seus contemporâneos, sendo um concorrente de peso no mercado internacional ao General Dynamics F-16 Fighting Falcon, somando a todas suas qualidades, ainda era muito mais barato tanto na compra, como na sua operação.
Vamos recapitular um pouco a história de seu desenvolvimento, que em grande parte se deu sob o programa do Departamento de Defesa dos EUA denominado "FX". O programa FX foi resultado da necessidade do governo norte americano de desenvolver um caça que fosse capaz de contrapor a ameaça representada pelas novas aeronaves desenvolvidas pela URSS, sendo um resposta viável a er fornecida aos aliados de Washington, mas excluindo as tecnologias sensíveis presentes nos caças de primeira linha da USAF.
O programa FX deveria atender as políticas de exportação do governo Carter , que visava fornecer aos países aliados uma aeronave de alta qualidade, capaz de superar os caças soviéticos sem expor a tecnologia de vanguarda dos EUA aos soviéticos.
A Northrop em resposta ao RFI do programa FX, desenvolveu o F-20 "Tigershark", e tinha grandes esperanças de inserir o F-20 no mercado internacional assim como foi com o F-5E Tiger II. Ao contrário dos programas de Assistência de Defesa Mútua que levaram ao sucesso nas exportações do F-5E, o programa FX seria inteiramente financiado pela iniciativa privada. Além disso, as empresas não podiam comercializar a aeronave diretamente com seus clientes, sendo todas as vendas realizadas apenas mediante o aval do Secretário de Defesa. As mudanças na política após as eleições de Ronald Reagan que assumiu o poder em 1981, com as restrições à exportação que foram postas em prática pelo governo Carter foram lentamente relaxadas. No início, o programa FX teve um fluxo normal, mas uma série de eventos criou um sério desgaste ao programa, o que veio a limitar seriamente os potenciais contratos de aquisição do F-20. A assinatura do Comunicado Conjunto de 1982 dos EUA com a República Popular da China, selou um importante acordo para venda de armas, o que continuou bloqueando as vendas do F-20 á Taiwan.nação que demonstrará grande interesse pelo novo caça. A essa altura, os taiwaneses cansados das negativas dos EUA, começaram a desenvolver seu próprio projeto de caça leve, o AIDC F-CK-1 Ching-kuo . Ao assinar o Comunicado, os EUA estavam sinalizando que Taiwan não poderia receber caças modernos oriundos dos EUA, assim o desenvolvimento local do F-CK-1 Ching-kuo passou a ser o foco de Taiwan. Colocando um ponto final ao contrato de exportação do F-20 á Taiwan.
Uma controversa política interna atingia diretamente o "Tigershark", onde no ano de 1982, o vice-secretário de Defesa, Frank Carlucci, emitiu um memorando no qual solicitava o apoio da USAF e da USN na divulgação do F-20 aos potenciais clientes estrangeiros do F-20. Porém, quatro meses mais tarde Carlucci mudou bruscamente de posição. emitindo um novo memorando pedindo as forças para abandonar o apoio ao programa FX. No mesmo período deu sinal verde a exportação de caças de primeira linha á alguns aliados, como se deu no caso de Israel e Japão, que tiveram liberação para adquirir caças F-15 Eagle.
O futuro do F-20 Tigershark parecia duvidoso. Na sequência um acordo foi firmao para fornecer caças F-16 ao Paquistão,a Northrop então sentiu que o F-20 teria que competir contra aeronaves como o F-16, o mais recente caça da USAF.
AIDC F-CK-1 Ching Kuo fruto da negação á venda do F-20 á Taiwan |
Depois de seis anos sem conseguir conquistar um único contrato de exportação, no fim do ano de 1986 a Northrop anunciou o cancelamento do projeto, tendo sido um programa no qual se investiu cerca de 1,2 bilhões de dólares. A Northrop não reconheceu o favoritismo do F-16 no mercado internacional. Com o anúncio do cancelamento do programa, negociações em curso com a Real Força Aérea Marroquina na qual era negociada a compra de 20 aeronaves F-20 foram canceladas, junto com uma carta de intenções do Bahrein. Mais tarde, um escândalo de suborno emergiria das tentativas de comercializar o F-20 para a Coréia do Sul, que gerou uma enorme crise administrativa na Northrop.
No fim dos anos 80, ainda houve uma negociação com a Índia, que pretendia realizar a produção local do F-20,mas não vingou. O F-20 Tigershark foi sem sombra de dúvidas um dos mais fantásticos caças que infelizmente não entrou em operação.
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