sábado, 11 de fevereiro de 2017

Governo do Espírito Santo anuncia acordo com entidades para encerrar paralisação da PM

O governo do Estado do Espírito Santo afirmou na noite desta sexta-feria ter chegado a um acordo com entidades e associações para encerrar no sábado a paralisação da Polícia Militar, que resultou na morte de mais de 100 pessoas e gerou violência e saques na capital capixaba.
O acordo prevê que os policiais que voltarem ao trabalho às 7h de sábado não sofrerão punições.
"Vamos saber a eficácia (do acordo) amanhã às 7h da manhã, disse o secretário capixaba de Direitos Humanos, Júlio César Pompeu, em entrevista coletiva.
"Não é razoável mais de 100 mortos, não é razoável que nossos homens e mulheres de farda, que a nossa força policial, fique paralisada. Não há motivo razoável para isso."
Mais cedo nesta sexta-feira as autoridades estaduais anunciaram que mais de 700 policiais militares seriam indiciados. Familiares que bloqueiam postos de polícia também poderiam enfrentar multas e outras penas, disseram as autoridades.
"Conversem com suas esposas e voltem às ruas", conclamou o secretário de Direitos Humanos.
A greve, que já dura uma semana, levou o governo federal a enviar mais tropas na tentativa de encerrar uma semana de anarquia no Estado, onde mais de 120 pessoas foram mortas.

O Espírito Santo é um dos vários Estados que enfrentam uma crise orçamentária que está prejudicando serviços públicos essenciais para milhões de cidadãos. A greve policial na última semana, por causa de salários, causou uma insegurança que levou a assaltos desenfreados, roubos e saques, muitas vezes em plena luz do dia. 
Um porta-voz do sindicato dos policiais no Estado disse que o número de mortos no período aumentou para 122, sendo que muitos deles seriam de gangues criminosas rivais. Autoridades do Estado não confirmam oficialmente o número de mortos.
O governo do presidente Michel Temer enviou soldados e policiais federais para ajudar a conter o caos, concentrado principalmente na região metropolitana de Vitória. Após a mobilização inicial de 1.200 militares nos últimos dias, um total de 3.000 estaria no Estado até o fim de semana, disse o Ministério da Defesa.
Em nota nesta sexta-feira, o Palácio do Planalto informa que Temer "acompanha, desde os primeiros momentos" os eventos no Estado e "condena a paralisação ilegal da polícia militar que atemoriza o povo capixaba".
"O presidente ressalta que o direito à reivindicação não pode tornar o povo brasileiro refém", diz a nota. "O estado de direito não permite esse tipo de comportamento inaceitável."
"O presidente conclama aos grevistas que retornem ao trabalho como determinou a Justiça e que as negociações com o governo transcorram dentro do mais absoluto respeito à ordem e à lei."

Fonte: Reuters
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