Nos idos anos 70 o Exército Brasileiro estava buscando um substituto para os vetustos M-8 Greyhound para realizar reconhecimento, e foram realizados estudos para concepção de uma viatura 4x4 para cumprir com a missão de esclarecimento e reconhecimento, tarefa a qual não seria bem atendida por jeeps devido a sua grande vulnerabilidade. Através de estudos conduzidos pelos engenheiros do PqRMM/2 ( Parque
Regional de Motomecanização da 2ª Região Militar de São Paulo) foi concebido o desenho do conceito do blindado leve 4x4 denominado Auto Metralhadora, porém este projeto não vingou devido á outro projeto em andamento e pelo fato do EB preferir uma viatura 6x6 ao invés de uma 4x4, o que levou á concepção de um dos veículos blindados brasileiros de maior sucesso, o EE-9 Cascavel, que foi produzido pela Engesa e foi um sucesso nas exportações.
O conceito 6x6 no Exército Brasileiro se arraigou de tal forma que até o presente não é operada nenhuma viatura blindada 4x4 desta categoria, contando em seu inventário apenas dois protótipos oriundos da falida Engesa e que será o tema de nossa matéria, onde iremos falar um pouco desta viatura que abrirá uma série de matérias sobre os meios de defesa desenvolvidos e produzidos no Brasil.
A Engesa sempre buscou se manter na vanguarda, buscando se antecipar as necessidades do mercado e com isso atender a nichos específicos do mercado de veículos militares especiais e blindados com viaturas inovadoras, capazes e com custos atraentes, dentre estes iremos aqui abordar o EE-3 "Jararaca", que surgiu a partir do conceito do Auto Metralhadora, mirando no mercado externo,uma vez que o Exército Brasileiro se focou nas viaturas 6x6 com o EE-9 "Cascavel", outra "cobra" criada pela Engesa.
O projeto inicial do EE-3 previa uma viatura blindada 4x4 para reconhecimento que apresentasse agilidade, sendo equipado com uma torreta giratória blindada dotada de uma metralhadora que poderia ser nos calibres 7,62mm ou 12,7mm para autodefesa, além de contar com conjunto de lançadores de granadas fumígenas, com 3 tripulantes, sendo comandante, motorista e artilheiro.
O desempenho da nova viatura blindada era excelente, possuindo um raio de ação de cerca de 700km, podendo atingir 100km/h, o consumo era baixo, seu tanque comportava 140 litros de diesel, outro ponto era a capacidade de transposição de obstáculos e o peso que ficava em torno de 5.800kg.
O conjunto mecânico era muito confiável, tendo recebido conjunto de motor e caixa produzidos no Brasil, contando com um motor OM-314A de 120 cv da Mercedes-Bens disposto na traseira e equipado com uma caixa de cinco marchas Clark 240V, seu sistema de suspensão era do tipo eixo rígido, flutuante, com
molas semi elípticas e amortecedores de dupla ação, equipado com caixa de direção hidráulica ZF 8058.
O EE-3 "Jararaca" teve a produção seriada de 63 viaturas que foram exportados para diversos países, e tais viaturas se encontram ainda em operação, inclusive participando de missões da ONU como integrando as viaturas na MINUSTAH, onde o Uruguai enviou alguns de seus exemplares para realizar patrulhamento.
O conceito do EE-3 "Jararaca" ainda é muito eficiente e atual nos dias de hoje, e poderia facilmente originar uma nova série da viatura com algumas atualizações e pequenas modificações. Com uma silhueta baixa e a grande manobrabilidade e mobilidade em terrenos diversos o veículo ainda é uma ferramenta extremamente eficiente para realizar patrulhas em áreas urbanas e com limitações a viaturas blindadas de maior porte, sendo um importante ativo a ser empregado não apenas pelo Exército, como também por forças policiais no combate ao tráfico de drogas, podendo atuar em situações comuns enfrentadas pelos policiais em áreas de risco e que apresentam limitações a entrada de viaturas de maior porte como é o caso da grande maioria das comunidades, oferecendo um nível adequado de proteção aos tripulantes tendo em vista o grande poder de fogo hoje encontrado nas mãos de traficantes nas favelas do Rio de Janeiro, e suas dimensões permitem uma melhor locomoção podendo atuar como escolta e apoio aos "caveirões" no desembarque de policiais, sendo ainda mais adequados que o emprego de veículos mais pesados como o EE-9 Cascavel, conforme tem ocorrido por diversas vezes no Rio
de Janeiro quando há necessidade da presença do Exército Brasileiro para imposição da lei e ordem.
O EE-3 "Jararaca" se atualizado poderia se tornar uma importante ferramenta para as capacidades do Exército Brasileiro, podendo equipar as unidades de pronta resposta, inclusive sendo lançado de pára-quedas no teatro de operações, atendendo á uma série de missões.
Alguns dos EE-3 "Jararaca" foram equipados com sistemas ATGM Milan, os cipriotas equiparam os seus EE-3 para atuar como caça-tanques, outros operadores substituíram a metralhadora por um canhão Rh202 de 20mm. O EE-3 ainda hoje é um veículo eficaz no cumprimento de suas atribuições e seria muito relevante se o governo brasileiro juntamente com nossas forças armadas retomassem alguns dos projetos como o EE-3 e o EE-T1, tendo em vista que há necessidades por estes tipos de viaturas em nossas forças, além do fato do exército possuir o direito sobre os projetos e ferramentais da falida Engesa, algo que nos proporcionaria a capacidade de dentro de pouco tempo e com baixo investimento reativar a produção.
É muito importante a nós do GBN News lembrar o potencial que temos e tudo que já conquistamos e perdemos até aqui, afim de fomentar o debate e a reflexão de nossa sociedade sobre a necessidade de uma postura responsável de nossa nação como um todo, afim de que possamos não apenas superar a crise que se abate sobre o nosso país,mas valorizar o que nós temos e o que somos, e com esse pensamento esperamos um dia contar com mais seriedade política e responsabilidade econômica e estratégica por parte de nossos governantes.
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