O embaixador russo junto à ONU criticou severamente nesta quarta-feira um alto funcionário das Nações Unidas que denunciou os bombardeios contra a zona leste da cidade síria de Aleppo como uma tática para remover os civis.
Ao citar os ataques aéreos russos sobre o leste de Aleppo no Conselho de Segurança, o chefe de Operações Humanitárias da ONU, Stephen O'Brien, declarou que "suas consequências sobre a população têm sido terrível" e denunciou a tática de expulsar os habitantes do leste da cidade.
"Os civis são bombardeados pelas forças sírias e russas e quando sobrevivem, morrem de fome". "Esta tática é tão evidente como inaceitável", disse O'Brien.
"Os aviões russos e sírios" lançam panfletos nos quais pedem aos habitantes que fujam imediatamente do leste de Aleppo se não quiserem ser exterminados".
O embaixador russo, Vitali Churkin, respondeu acusando O'Brien de fazer uma "declaração desonesta" e de ser "arrogante", acrescentando que deveria "escrever um romance".
Churkin reprovou O'Brien por não mencionar em seu relatório ao Conselho de Segurança os oito dias sem bombardeios em Aleppo, apesar do fim oficial da trégua.
A diplomata americana junto à ONU, Samantha Power, e seus colegas britânico e francês apoiaram O'Brien. "Não se pode esperar cumprimentos quando se permite cometer crimes de guerra durante um dia ou uma semana", ironizou.
Ataque aéreo contra escola na Síria mata 22 crianças e seis professores
Um ataque aéreo contra uma escola na província de Idleb, noroeste da Síria, matou 22 crianças e seis professores nesta quarta-feira, anunciou o Unicef, no momento em que parece próxima uma grande ofensiva contra Raqa, coração do califado proclamado pelo EI.
Em um comunicado, o diretor-geral do organismo da ONU, Anthony Lake, denunciou "uma tragédia" e um possível "crime de guerra".
Segundo Lake, pode se tratar do "ataque mais mortífero contra uma escola desde o início da guerra" na Síria, há cinco anos e meio.
"É uma tragédia, um escândalo e se isto foi deliberado, trata-se de um crime de guerra", afirmou.
A escola foi atacada "várias vezes", destacou o comunicado, sem dar detalhes.
Um boletim precedente informava a morte de 35 civis, sendo 11 crianças.
Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), "aviões militares - sírios ou russos - realizaram seis bombardeios sobre a cidade de Hass, contra uma escola e seus arredores".
A Unicef não citou os possíveis autores do bombardeio.
Um projétil caiu na entrada da escola no fim da manhã, no momento em que as crianças eram retiradas do edifício devido aos bombardeios, afirmou à AFP um militante antigovernamental do Idleb Media Center, que pediu o anonimato.
A província de Idleb está controlada pelo Exército da Conquista, uma aliança de grupos rebeldes que inclui a Frente Fateh al Sham, ex-braço sírio da Al-Qaeda.
Interrogado sobre o bombardeio, o embaixador russo junto à ONU, Vitali Churkin, declarou: "é horrível, horrível, espero que não haja envolvimento nosso".
"Seria fácil para mim dizer 'não', mas sou uma pessoa responsável, primeiro preciso saber o que nosso ministro da Defesa vai dizer".
O regime sírio e seu aliado russo são acusados com frequência pelas potências ocidentais de lançar ataques aéreos indiscriminados contra infraestruturas civis, e sempre respondem que visam apenas alvos "terroristas".
Desde o início de 2011, a guerra civil provocou na Síria a morte de mais de 300.000 pessoas, e o deslocamento de mais da metade da população.
Ao mesmo tempo, autoridades de Defesa do Reino Unido e Estados Unidos anunciaram que a ofensiva para retomar dos extremistas do grupo Estado Islâmico (EI) seu reduto sírio de Raqa começará em breve.
A ofensiva "começará nas próximas semanas", indicou em declarações à rede americana NBC o secretário de Defesa, Ashton Carter, em Bruxelas, onde participa de uma reunião com seus colegas da Otan.
"É nosso plano há tempos e somos capazes de apoiar" ao mesmo tempo as ofensivas contra Mossul, no Iraque, e sobre Raqa, acrescentou.
Por sua vez, o ministro da Defesa britânico, Michael Fallon, também declarou à imprensa que espera uma ofensiva sobre Raqa "nas próximas semanas".
"Vocês viram um avanço considerável no cerco de Mossul no Iraque", declarou Fallon. "Esperamos que uma operação similar comece nas próximas semanas em direção a Raqa", acrescentou.
Rússia nega responsabilidade em ataque contra escola na Síria
A Rússia não teve relação com os ataques aéreos que provocaram, segundo o Unicef, a morte de 22 crianças e seis professores na província síria de Idleb, afirmou nesta quinta-feira a porta-voz do ministério russo das Relações Exteriores, Maria Zakharova.
Alguns meios de comunicação árabes e ocidentais "acusaram após a tragédia a Rússia, a aviação russa, as Forças Armadas sírias, afirmando diretamente que era um bombardeio realizado pela Rússia e a Síria", denunciou Zakharova.
"É uma mentira. A Rússia não tem nada a ver com esta terrível tragédia", completou a porta-voz do ministério.
"A Rússia exige o máximo de atenção sobre esta tragédia e a abertura de uma investigação imediatamente", disse.
O Unicef denunciou na quarta-feira a morte de 22 crianças e seis professores na província de Idleb, vítimas de ataques aéreos, sem afirmar quem executou os ataques.
Fonte: AFP
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