Recentemente um site especializado de notícias renomado publicou uma matéria onde com base num suposto relatório de um piloto norte americano que havia voado o JSF F-35A, criticou veementemente as capacidades do novo caça, ressaltando as capacidades do mesmo em combate a curta distância, conhecido como dogfight e ao fim do clipping desta matéria o editor postou uma nota, onde elogiava a escolha da FAB no programa FX-2, onde o SAAB Gripen NG se sagrou vencedor do contrato para o reaparelhamento da Força Aérea Brasileira e de certa forma desmerecia as qualidades inerentes ao caça estadunidense.
Muitos internautas se mostraram indignados com as criticas ao caça norte americano e á comparação em que insinuava que o novo caça sueco é superior ao F-35A. Pois bem, diante de toda essa discussão criada, resolvemos escrever um artigo abordando os pontos fortes e fracos do F-35A, e ainda comparar com alguns caças da atualidade, algo difícil de se fazer uma vez que as informações sobre a performance do caça stealth de 5ª geração é tida como classificada e vedada aos meros mortais como nós. Porém, com base no que se sabe até o momento é possível traçar uma linha comparativa, onde há de se levar em conta os perfis de operação dos vetores e as táticas empregadas pelos mesmos no campo de combate.
Se fossemos jogar "super trunfo", o F-35A perderia em diversos aspectos em relação aos seus "adversários", porém, como já havia dito acima, temos de ter em mente a filosofia de emprego do meio e levar e consideração a tática adotada na operação dos meios, pois a doutrina é um ponto primordial quando se emprega um meio, sendo esta o fiel da balança quando eclode um conflito real e é necessário o emprego da arma aérea. Por exemplo, uma aeronave pode combater outra do mesmo tipo e conseguir lograr mais vitórias que o mesmo tipo operado por seu adversário, isso se dá não apenas pela capacidade de seus pilotos e adestramento, mas principalmente pela doutrina e regras de engajamento adotadas, onde inclusive já vimos que a tecnologia avançada nem sempre é capaz de sobrepujar um oponente tido por inferior tecnologicamente, vide o caso dos Migs iraquianos durante a tempestade do deserto, embora a coalizão tenha negado, várias de suas aeronaves foram perdidas ao ser interceptadas por vetustos caças da era soviética que operavam com as forças de Saddam, mas isso é tema para uma futura matéria.
Voltando ao nosso foco, o F-35A é um caça de 5ªG, possui uma aviônica avançada e características únicas que faz do F-35A uma plataforma de armas eficiente e flexível em seu emprego, embora tenha enfrentado diversos contratempos e problemas em sua fase de desenvolvimento, que ainda estão longe de ser totalmente superados, além de ter um custo astronômico em seu desenvolvimento, o novo caça exibe capacidades ímpares, não apenas em relação ao seu inventário de armamento e capacidade de operações em pistas curtas, muito menos podemos nos limitar ao fato do mesmo possuir tecnologia de redução da sua assinatura radar, o que o torna praticamente invisível aos atuais sistemas de radar em operação.
O F-35A não é uma aeronave desenvolvida com foco no combate a curta distância, ainda mais se levarmos em consideração as capacidades BVR que a mesma possui e a baixa assinatura radar, o que lhe permite se aproximar de sua presa e desferir um ataque preciso sem que o mesmo seja detectado até que seja tarde demais para manobras evasivas, embora não seja 100%, como nada na vida o é, a taxa de letalidade do F-35A supera de longe a de muitos vetores que hoje estão operando ao redor do mundo. Onde quero deixar claro aqui que isso não torna o F-35A imbatível, mas o confere um grande percentual de sobrevivência na arena de combate aéreo moderna.
Não há como comparar o F-35 com aeronaves desenvolvidas diante de outra filosofia, como é o caso do fantástico Gripen E/F NG, uma formidável plataforma, muito eficiente se levarmos em consideração as informações disponíveis e a concepção que prevê que a mesma seja capaz de ser eficiente em um cenário de combate aéreo moderno, não possuindo características stealth, porém operada em rede, algo que o torna um meio mortal se empregado dentro de uma doutrina operacional que maximize suas capacidades explorando ao máximo seu potencial com base em uma operação em rede, o que amplia demasiadamente o espectro de atuação da mesma, onde um pequeno grupo destas aeronaves é capaz de literalmente dominar os céus através do link entre as mesmas e a troca continua e em alta velocidade de informações entre as aeronaves do grupo e o comando de operações, uma doutrina moderna e muito eficaz. Não posso dizer que o Gripen NG é superior ao F-35A ou vice-versa, isso seria como comparar um atleta de maratona com um que pratica os 100 metros, ambos tem uma dinâmica muito diferente. O que com certeza posso afirmar é que a escolha brasileira foi acertada tendo em vista o seu orçamento de defesa e o pacote envolvido no contrato com a sueca SAAB, sendo uma alternativa moderna e eficaz que renderá um considerável avanço as capacidades de defesa aérea e combate da Força Aérea Brasileira, elevando a mesma a um nível tecnológico atual e condizente com suas necessidades e capacidades operativas.
O F-35A é uma aeronave moderna e sim ele é um meio eficaz, embora enfrente diversos problemas durante sua fase de desenvolvimento, o que lhe conferiu uma imagem distorcida devido ao alto custo e os sucessivos atrasos e problemas que o programa vem enfrentado ao longo de vários anos. Algo comum á qualquer meio que investe em inovação, pois quando se junta um grande leque de novas e avançadas tecnologias em uma única aeronave, a integração das mesmas é um pouco problemática, ainda mais tendo de alcançar os elevados requisitos que a mesma deverá apresentar. O F-35A não é uma aeronave realmente apropriada ao dogfight, porém dificilmente a mesma irá ter de enfrentar tal desafio, embora no horizonte próximo, com a entrada de outras aeronaves de 5ªG em operação, a situação possa mudar, mas há de se lembrar que no teatro moderno sai vitorioso que vê e dispara primeiro, independente do meio que esteja operando, pois a verdadeira arma crucial no teatro moderno não são os vetores, mas sim a eletrônica embarcada nos mesmos e as capacidades de seu armamento, além é claro da pericia de quem os opera, vide o caso do F-117 abatido na sérvia.
Só para termos uma ilustração sobre o que eu disse a respeito de jogar "super trunfo" com os caças modernos, ao que levo mais uma vez a atentarmos para o mais importante em uma análise, o "recheio" é o que faz a diferença, aviônica e armamento junto com a doutrina operacional pode tornar um azarão no vencedor de um embate:
Raio de combate
É a distância onde o caça pode ir, combater e voltar, tendo ainda combustível para retornar em segurança á sua base de operações.
Gripen - 1.230 km
F/A-18E/F - 1.480 km
Rafale - 1.852 km
T-50 - 1.800 km
F-35A - 1.090 km
Capacidade de carga de armamento
Gripen - 7,2 toneladas
F/A-18 Super Hornet - 18,8 toneladas
Rafale - 14,5 toneladas
T-50 - 10 toneladas
F-35A - 5,8 toneladas
Velocidade máxima
Gripen - 2.130 km/h
F/A-18 Super Hornet - 2.160 km/h
Rafale - 2.124 km/h
T-50 - 2.400 km/h
F-35A - 1.837 km/h
Resumindo, não podemos classificar que esse ou aquele caça é superior sem antes termos as informações sobre o perfil de operações que o mesmo será empregado, os meios embarcados no mesmo e a doutrina operacional da força que o opera, o resto é ser como torcedor de time de futebol, que não importa o quão bom seu time seja, sempre há a famosa caixinha de surpresa nos embates entre os clubes, não importando se há astros no elenco ou jogadores desconhecidos, o resultado esta sempre aberto as incertezas do desempenho de suas equipes em campo, o mesmo se dá com relação ao combate.
Obrigado a todos e espero aqui o seu comentário, pois a síntese de nosso trabalho é não só lhes fornecer informações e notícias de qualidade, mas estimular a reflexão, o debate e a troca de conhecimentos e pontos de vista, bem vindo ao GBN, seu canal de informações e notícias!
por Angelo Nicolaci - Jornalista editor do GBN Notícias, graduando em relações internacionais pela UCAM, especialista em geopolítica do oriente médio, Rússia e leste europeu, pesquisador na área de tecnologia e meios de defesa e história militar.
Permita-me discordar do raio de ação do T-50, não houve um erro ali não ?
ResponderExcluirEstava constando o raio máximo com super cruise, mas atualizado para agora com dados do padrão
ExcluirResumindo : F-35 faz uso da furtividade para ter uma letalidade maior no BVR e assim evitar o combate aproximado , além de sobrevir melhor a bateria SAM. Gripen usa tecnologia de ponta, mas fora de um combate aproximado com canhão o mesmo possui clara desvantagem para o F-35 .
ResponderExcluirExatamente, como citei no artigo, quem vê primeiro leva vantagem, nesse quesito o caça estadunidense leva vantagem sobre a maioria das aeronaves em operação.
ResponderExcluirOs dados do T-50 estão incorretos. Como a ficha técnica do Grippen NG está errada também.
ResponderExcluirhttps://www.warfareblog.com.br/2016/01/sukhoi-t-50-pak-fa-o-caca-russo-de-5.html
https://www.youtube.com/watch?v=i5VDLpPAzDA
Os dados estão corretos, só atualizado o raio de ação do Su-57 (T-50)
ExcluirOs dados de todos os aviões estão incorretos. Do Gripen se refere a versão "C" e não a "E". O F-18 nunca foi mais rápido que o Gripen e nem o Rafale. O caça que carrega mais armamentos atualmente é o Rafale algo em torno de 9 toneladas. Fica a minha pergunta, como interpretaríamos o artigo???
ResponderExcluirObrigado, mas se observar, o artigo é de 2018, ainda não haviam dados oficiais do Gripen E
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