Um novo míssil interceptor de longo alcance, capaz de destruir alvos que estejam fora da atmosfera, será futuramente integrado ao arsenal das Forças de Defesa Aeroespacial da Rússia.
Isso permitirá, segundo o vice-comandante das forças, tenente-general Víktor Gumenni, que qualquer tarefa imposta pelo Comandante Supremo e pela pasta da Defesa às Forças de Defesa Aérea e às Forças de Defesa contra Mísseis Balísticos seja executada dentro dos prazos estabelecidos.
As primeiras referências ao novo míssil interceptor de longo alcance surgiram no final de 2015, depois da realização bem-sucedida de testes. A imagem do aparato em um contêiner de transporte e lançamento apareceu então no calendário corporativo do consórcio Almaz-Antey.
O novo míssil russo permanece, porém, sob grande sigilo, e não se sabe sequer seu nome exato.
Segundo os projetistas, um novo motor deverá transformá-lo no mais rápido entre todos os mísseis disponíveis em arsenais estrangeiros.
Quatro décadas de evolução
A história dos interceptores russos, capazes de brecar mísseis balísticos e satélites, teve início há 40 anos. Já naquela época, os projetistas previram que a ameaça representada pelo potencial nuclear do inimigo poderia ser reduzida a zero contrapondo-o com um escudo antimíssil.
Para eliminar a possibilidade de minar a paridade nuclear existente entre as superpotências, a União Soviética e os Estados Unidos assinaram, em 1972, um acordo que limitava as possibilidades de criação de sistemas nacionais de defesas antimísseis.
Ambos os países só poderiam distribuir os equipamentos por uma área geograficamente limitada, e a União Soviética optou por proteger Moscou com o chamado “guarda-chuva” nuclear do modelo 53T6 (“Gazelle”, na classificação da Otan).
O princípio de seu funcionamento era o mesmo que o dos norte-americanos – um míssil de combustível sólido, de alguns metros, equipado com uma ogiva nuclear.
Porém, o desempenho da versão soviética o tornava único: possuindo massa de 10 toneladas e motor potente, o míssil alcançava uma altitude de 30 km em 5 segundos; já a carga nuclear de 10 quilotons, era detonada na estratosfera e atingia as ogivas dos mísseis balísticos do inimigo.
Mais importante ainda era o potencial de modernização previsto pelos criadores dos mísseis. Tanto é que os trabalhos de aperfeiçoamento foram conduzidos tanto na URSS como na era pós-soviética, e hoje o 53T6 põe em risco os satélites em órbita baixa, inclusive os de navegação global.
Bloqueio espacial
Apesar das inovações, como recurso utilizado para destruir satélites, o míssil 53T6 apresenta uma série de desvantagens. Em certos casos, recursos que não levam à destruição direta do objeto, mas somente o deixam inutilizado, como dispositivos terrestres de interferência, podem ser mais eficazes.
Esses dispositivos são basicamente construções metálicas instaladas sobre uma plataforma automotiva e que contêm componentes eletrônicos mortalmente perigosos para os satélites.
O sistema russo de guerra eletrônica que se contrapõe aos sistemas de satélites em órbitas circulares baixas (KRBSS, na sigla em russo) está equipado com antenas especiais, constituídas de elementos de recepção e transmissão de sinal eletrônico montados de forma peculiar.
Esses recursos atingem o “calcanhar de Aquiles” dos agrupamentos de satélites de órbita baixa; se o sistema conseguir bloquear apenas alguns sinais fracos, todo o agrupamento é inutilizado.
Testes recentes mostraram que o desenvolvimento do Instituto de Pesquisa Científica de Engenharia de Rádio de Moscou revelou-se ainda mais eficaz do que esperavam seus criadores. Se for alocado no Ártico russo, o sistema KRBSS poderá proteger o espaço sobre a maior parte do hemisfério norte.
Fonte: Gazeta Russa
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