Recentemente
em minhas idas e vindas, me deparei com um veículo curioso, tratava-se de um
caminhão anfíbio da Segunda Guerra, achei muito interessante e quando cheguei
em minha casa passei a pesquisar sobre a curiosa viatura, a qual também serviu
a Marinha do Brasil, sendo empregada pelo Corpo de Fuzileiros Navais. Contatei
o CCSM e solicitei informações sobre a viatura e seu histórico no CFN.
Os
DUKW originalmente desenvolvidos pela GMC durante a Segunda Guerra mundial,
apesar de seu nome lembrar a palavra “pato” em inglês, trata-se de uma sigla
para os veículos militares da época, onde a letra D corresponde ao ano de 1942,
U corresponde a categoria do veículo sendo Utilitário, K define o tipo sendo um
Veículo sobre rodas e W significa que possui dois eixos de hélices traseiros.
O
mesmo surgiu da necessidade de um veículo anfíbio capaz de se deslocar tanto
por terra como por mar, realizando a ligação entre os navios e a cabeça de
praia, sendo capaz de transportar tanto tropas como cargas e equipamentos ao
teatro de operações, além disso o mesmo deveria ser capaz de transpor cursos de
águas e rios onde não houvessem pontes disponíveis para travessia. A GMC venceu
o contrato e passou a construir o GMC DUKW 353, projetado por Rod Stephens Jr,
que adotou o chassis GMC 353 de 2,5 Ton. Equipado com o motor 269 de 6
cilindros em linha, que desenvolvia 94cv e uma caixa de 5 marchas. A versão
original podia transportar ate 12 homens completamente equipados e contava com
uma posição para fixação de uma metralhadora .50 para sua proteção, lembrando
que o mesmo não possuía blindagem, mas recebeu algumas placas afim de reduzir
esse ponto fraco da viatura.
Com
o passar do tempo a viatura ganhou novas atualizações e versões de maior
capacidade chegando a versão capaz de embarcar 59 homens equipados ou cargas
com igual peso, sendo capaz de transportar até mesmo um Jeep 4x4 de ¼ Ton. O
desempenho em estradas era muito bom para época, chegando aos 80km/h e no mar
uma velocidade de ate 10km/h. Ao longo de sua produção, o DUKW teve cerca de
21.147 viaturas produzidas.
Mas
vamos abordar a sua chegada e atuação no Brasil. Tendo sido oriundos da França,
excedentes das viaturas do tipo na Europa, foram incorporadas 34 viaturas ao
Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) em novembro de 1970 e foram embarcados rumo ao
Brasil pelo porto de Antuérpia, na Bélgica.


Assim como se deu em diversos países em que operou, o grande sucesso do DUKW resultou na concepção de uma viatura nacional semelhante, tendo por base seu desenho, o que levou a empresa brasileira “Biselli Viaturas e Equipamentos Industriais LTDA” a projetar e construir em série de viaturas substitutas muito similar aos DUKWs originais. Esses estudos tiveram início em 1978 e o novo veículo recebeu a denominação de CamAnf (Caminhão Anfíbio), projetado sobre o chassis de um caminhão Ford F-7000, com capacidade de transportar até cinco toneladas de carga em terra ou águas calmas. Em mar agitado, essa carga teria de ser reduzida para 2,5 toneladas.
A adoção de um novo motor diesel, o Detroit 4-53 N, de 145cv, tornou a versão desenvolvida no Brasil muito superior ao DUKW original, seja na versatilidade, seja na adoção de um guincho traseiro de duplo emprego, capaz de puxar cargas atrás e à frente, graças a uma cobertura por onde passa o cabo de reboque.

A produção inicial previa algo em torno de 25 viaturas, porém, apenas cinco foram construídos e operados pelo CFN. Sua carroceria era toda de aço laminado a frio, com estrutura de proa reforçada. Eles prestaram bons serviços ao CFN, mas nunca chegaram a ser produzidos em série, devido ao surgimento de veículos mais modernos e blindados, como, por exemplo, os CLAnf, que vieram a substituir estas viaturas no CFN em 1988.
![]() |
Linha de montagem do CamAnf |
Infelizmente não
consegui rastrear o paradeiro destas 5 viaturas, restando apenas alguns DUKWs
originais expostos. Os CamAnf poderiam ter sido direcionados á Defesa Civil,
tendo em vista suas características únicas e de grande valor em operações de
resgate em casos de calamidade pública, como inundações e cheias que atingem
diversas áreas do Brasil, seguindo o exemplo da opção de sua utilização no
resgate as vítimas do furacão Katrina nos EUA.

Por: Angelo
Nicolaci, Editor do GBN News, jornalista, graduando em Relações Internacionais
pela UCAM, especialista em Geopolítica do Oriente Médio, Rússia e Leste
Europeu, estudioso das questões geopolíticas e de defesa brasileira e
pesquisador da história militar.
Nota de agradecimento: Quero agradecer a equipe do
Centro de Comunicação Social da Marinha do Brasil, a qual me forneceu alguns
dados para a concepção desta matéria.
GBN seu canal de informações e notícias
Com relação as viaturas Camanf número 234310 e 234327 (foto) nessa data eram pilotadas respectivamente a 234310 CB-MO Almir (in-memorian) e SD-FN Malta e a 234327 SG-MO Francisco e CB-MO Anjos fiquei muito emocionado ao rever algo tão significativo em minha vida como Militar e como homem.
ResponderExcluirCom relação as viaturas Camanf número 234310 e 234327 (foto) nessa data eram pilotadas respectivamente a 234310 CB-MO Almir (in-memorian) e SD-FN Malta e a 234327 SG-MO Francisco e CB-MO Anjos fiquei muito emocionado ao rever algo tão significativo em minha vida como Militar e como homem.
ResponderExcluir