O Brasil conquistou seu melhor resultado olímpico na história. Em parte, por causa do grande desempenho de atletas militares nos Jogos do Rio. Das medalhas conquistadas nas Olimpíadas em casa, esportistas filiados às Forças Armadas ganharam 12, sendo três de ouro. O número é interpretado como resultado do apoio, inclusive financeiro, oferecido pelos Ministérios da Defesa e do Esporte na preparação dos atletas para os Jogos. Um investimento inédito e específico para os Jogos do Rio, segundo o Vice-Almirante Paulo Martino Zuccaro, Presidente da Comissão Desportiva Militar do Brasil (CDMB).
Em entrevista coletiva na tarde deste sábado (20), o fuzileiro naval revelou que, até 2011, o investimento do Ministério do Esporte no esporte militar era praticamente nulo e que a coisa só mudou com a proximidade dos Jogos Olímpicos. Ele explicou, ainda, que é do Ministério do Esporte que vem a maior parte do dinheiro investido nos atletas das Forças Armadas.
- A participação do Ministério da Defesa não é forte na questão financeira. É mais na retaguarda de apoio. Nós investimos R$ 18 milhões por ano: 15 para os salários dos atletas e três para custear a participação deles em competições e outras despesas. Mas o Ministério do Esporte nos ajuda muito. Nos últimos cinco anos, eles investiram R$ 120 milhões nas Forças Armadas para melhoria das instalações, compra de equipamentos, e mais R$ 25 milhões para custeio de participações dos atletas em competições. Mas, antes dos últimos cinco anos, a quantia era muito pequena, é até difícil dizer de quanto era - detalhou Zuccaro.
A curva de investimentos governamentais no esporte é uma preocupação dos atletas. Na manhã do mesmo sábado, Diego Hypólito, ginasta medalhista no Rio, ressaltou a importância da continuidade do apoio para os próximos ciclos olímpicos.
Principal mecanismo de apoio do Ministério da Defesa a atletas de alto nível, o PAAR - Programa de Atletas de Alto Rendimento - abriga, atualmente, 670 atletas, dos quais 145 fizeram parte da delegação olímpica brasileira no Rio. E reduzir o investimento no projeto não faz parte dos planos do presidente da CDMB. Zuccaro garante que a ideia, inclusive, é de ampliar o programa, "caso seja feito o aporte de recursos necessário".
E como prova da intenção de manter os investimentos em atletas, o vice-almirante demonstrou que já está pensando no futuro e demonstrou que planeja alguns ajustes para que o programa dê, em retorno, um número ainda maior de medalhas nas próximas Olimpíadas.
- Para o próximo ciclo, temos que investir mais na base, visando mais a 2024 que a 2020. A gente tem que avaliar os sucessos e insucessos e focar em modalidades em que a gente pode dar uma contriuição maior. Em modalidades em que já há participação forte de clubes e empresas, talvez não seja o ideal para a gente trabalhar. Melhor trabalhar mais nos segmentos de esportes amadores, com custo mais baixo, e mais nos esportes individuais que dão muitas medalhas, como artes marciais, atletismo e natação - projetou Zuccaro.
Além do PAAR, o Ministério da Defesa também possui um programa que abarca esportistas da base, porém, mais voltado à inclusão social de crianças: o Profesp (Projeto Forças no Esporte). O programa, desenvolvido em conjunto com os Ministérios do Esporte e do Desenvolvimento Social e Agrário, atende cerca de 21 mil crianças, segundo dados oficiais.
Já o PAAR beneficia, ao todo, 670 atletas "em renovação contínua", como destaca Zuccaro, já que, legalmente, os atletas só podem fazer parte do programa por oito anos. No entanto, apenas 76 esportistas abrigados pelo PAAR são militares de carreira, e uma crítica comum ao projeto é de que os militares buscam fazer propaganda ou melhorar sua imagem junto ao público, usando atletas que nenhuma identificação possuem com a causa militar.
A grande maioria dos competidores é recrutada a partir de indicações das federações dos 35 esportes inclusos no projeto. Para entrarem nas Forças Armadas, porém, eles têm de participar de um edital nos moldes de um concurso público, em que precisam cumprir alguns requisitos esportivos e, posteriormente, necessitam aceitar e difundir a filosofia militar. Mas a continência, comum nos pódios olímpicos do Rio, não é um comportamento obrigatório.
O objetivo do programa, segundo o Ministério, é, além de desenvolver o potencial esportivo brasileiro, criar um intercâmbio com os esportistas para tornar mais eficiente a capacitação física dos combatentes brasileiros em geral, além de fortalecer a participação brasileira nas competições militares, como os Jogos Mundiais Militares, cuja última edição ocorreu em 2015. Naquela competição, o Brasil terminou com 85 medalhas, na segunda colocação geral do quadro.
Fonte: UOL via Notimp
Corrigindo: foram 5 medalhas de ouro
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