No início da Segunda Guerra Mundial, as tropas blindadas soviéticas estavam entre as mais fortes do mundo. Em 1941, o Exército Vermelho possuía mais de 25 mil tanques em seu arsenal, contra apenas 4.000 tanques da Alemanha - três vezes menos do que a quantidade de blindados de que dispunha a União Soviética apenas na zona fronteiriça.
Embora especialistas apontem que grande parte dos veículos blindados soviéticos era constituída por modelos obsoletos ou que simplesmente estavam à espera para serem postos fora de operação, os veículos restantes já constituíam uma força considerável. Mais de 1.500 novíssimos tanques KV e T-34, superiores aos blindados alemães em uma série de parâmetros, estavam à disposição de Stálin.
Toda essa armada de tanques foi reunida em 20 Corpos Mecanizados, cada um dos quais representando um exército independente. Cada Corpo Mecanizado possuía mais de 1.000 tanques de diferentes tipos e um contingente de 35 mil pessoas. De acordo com informações oficiais, os alemães não tinham nada parecido em seu exército. Mas os generais soviéticos tinham apenas uma tênue ideia de como utilizar esse poderio.
Tanques pesados KV em uso no fronte ocidental Foto: Samari Gurari/RIA Nôvosti
Os Corpos Mecanizados acabaram se revelando tão ineficazes quanto externamente pareciam ser ameaçadores. Nesse caso, a megalomania prestou um desserviço - o grande número de tanques na divisão não significava que a sua capacidade de combate era superior. A composição dos Corpos Mecanizados não era equilibrada.
A pressa em torno de sua implantação resultou no fato de que as divisões tinham à sua disposição um número diferente de tanques e diferentes tipos de veículos. Havia escassez de automóveis e caminhões, o que afetou muito a capacidade de manobra das divisões, e o treinamento das tripulações também deixava muito a desejar.
Para ser justo, é preciso destacar que às vésperas da Segunda Guerra Mundial, dominar a tática do uso de tanques em combate era um desafio difícil para todos os grandes exércitos do mundo.
Foram os alemães que encontraram a melhor solução, criando a eficiente Panzerwaffe (Força Blindada), cuja unidade básica era a divisão Panzer, principal instrumento do Blitzkrieg (termo alemão para "guerra-relâmpago", uma tática militar que consistia em utilizar forças móveis em rápidos ataques-surpresa, com o intuito de evitar que as forças inimigas tivessem tempo de organizar sua defesa). Em número de tanques, ela era cinco vezes inferior ao Corpo Mecanizado soviético, no entanto, suas ações eram muito mais eficazes, graças a uma composição mais equilibrada e um alto grau de motorização. A divisão Panzer alemã incluía em sua composição uma infantaria mecanizada móvel, com ênfase especial na artilharia antitanque.
Tropas de reserva rumo ao fronte na Batalha de Kursk Foto: Fiódor Levchin/RIA Nôvosti
Heroísmo individual contra erros organizacionais
As batalhas de 1941 evidenciaram a dimensão dos erros organizacionais dos responsáveis pelas Forças Blindadas soviéticas. Os poderosos Corpos Mecanizados foram completamente derrotados. A tentativa do comando do Exército Vermelho de infligir um contra-ataque à Wehrmacht na Ucrânia resultou em desastre.
No final de junho, os soviéticos haviam perdido na região 4.300 blindados, 75% do total que tinham no início do combate, contra 250 veículos perdidos pelos alemães.
Grande parte das perdas tinha sido irrevogável. As falhas estruturais dos Corpos Mecanizados, que os transformavam em armadas pouco ágeis e vulneráveis no confronto com o inimigo experiente, constituíram uma importante causa para a derrota soviética. Mesmo com o fracasso, um grande número de soldados soviéticos agiu heroicamente.
A proeza realizada por D. Lavrinenko, por exemplo, que durante a batalha por Moscou, em novembro de 1941, destruiu sete tanques alemães em um único combate, entrou para a história. No entanto, o fator humano não podia compensar os graves erros organizacionais. Para corrigi-los foram necessários dois anos difíceis.
Fonte: Gazeta Russa
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