Falando após uma reunião entre enviados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da Rússia, a primeira em dois anos, o embaixador de Moscou na entidade disse que o incidente marítimo de 11 de abril mostrou que não pode haver melhoria nos laços até que a aliança liderada pelos EUA se retire das divisas russas.
"Isto diz respeito a tentativas de exercer pressão militar sobre a Rússia", afirmou o enviado, Alexander Grushko.
"Adotaremos todas as medidas necessárias, todas as precauções, para compensar estas tentativas de usar o poderio militar", disse ele aos repórteres.
O embaixador norte-americano na Otan, Douglas Lute, pressionou a Rússia sobre o incidente, alertando que ele foi perigoso. Os EUA disseram que o destróier de mísseis teleguiados USS Cook realizava tarefas rotineiras perto da Polônia quando foi assediado por caças russos.
"Estávamos em águas internacionais", Lute teria relatado a Grushko, segundo um diplomata da Otan, durante a reunião de conselho Otan-Rússia.
Apesar do que as autoridades disseram ter sido um encontro calmo e profissional, os comentários públicos enfatizaram a tensão persistente entre as partes desde que Moscou anexou a península ucraniana da Crimeia em março de 2014 e também por conta de seu apoio aos rebeldes separatistas no leste da Ucrânia.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que durante a reunião os Estados-membros da entidade rejeitaram o relato que Grushko fez a respeito da crise no leste ucraniano, onde 9 mil pessoas morreram desde abril de 2014.
Stoltenberg disse que, embora tenha havido "profundos desentendimentos" a respeito de como lidar com a segurança da Europa, cada lado precisa urgentemente conversar mais e aplicar as regras existentes para reduzir os riscos militares.
Stoltenberg sugeriu atualizar um tratado da Guerra Fria conhecido como documento de Viena, que estabelece as regras para exercícios de larga escala e outras atividades militares, assim como linhas telefônicas especiais e outros canais de comunicação militar.
"Temos que usar nossas linhas de comunicação", disse.
A principal preocupação da Rússia é a maior modernização da Otan desde a Guerra Fria, que provavelmente irá incluir um reforço militar no leste europeu com uma força multinacional de rodízio na Polônia e nos Bálticos.
A Otan diz que os planos são uma resposta proporcional à agressão russa após a anexação da Crimeia e que a entidade não tinha forças no leste europeu antes da crise ucraniana.
A Polônia e outros membros da Otan nos Bálticos temem um aumento da presença militar russa no enclave de Kaliningrado, onde a Rússia está posicionando mísseis terra-ar de maior alcance.
Fonte: Reuters
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