O navio é maior e pode armazenar mais munição do que as embarcações de guerra usadas até agora pela Marinha americana. Ao mesmo tempo, ele é identificado pelos radares como se fosse um mero barco de pesca.
Trata-se do USS Zumwalt (modelo DDG 1000), que começou a ser projetado na década de 1990 e é o primeiro de uma "nova geração de navios de guerra que devem se ajustar ao atual cenário político mundial", afirma o fabricante, Bath Iron Works, em seu site.
A embarcação de 14,5 mil toneladas e 185 metros passou por uma primeira prova em dezembro de 2015, navegando pelo rio Kennebec, no Estado do Maine.
Lawrence Pye, pescador de lagostas no local, disse à agência de notícias AP que seu radar captou a presença de um barco pesqueiro de apenas 12 a 15 metros de comprimento.
"(Mas) quando você começa a se aproximar (do navio), vê que é simplesmente gigantesco", disse o pescador.
Clandestino
O USS Zumwalt é 29 metros maior que outro navio de guerra semelhante, o Arleigh Burke (DDG 51).
Mas ele também é 50 vezes mais difícil de ser detectado em comparação aos atuais navios de guerra graças à sua forma angular, declarou o capitão James Downey ao jornal Portland Press Herald. Downey é o chefe do programa DDG 1000 para o Departamento de Defesa dos Estados Unidos.
O objetivo desse design "oculto" é que o navio possa navegar sem ser facilmente detectado em águas menos profundas, perto da costa.
"Isto permite que ele chegue em segurança onde os DDG 51 não conseguiam, como o Golfo Pérsico, perto do Irã, ou o Mar Amarelo, perto da Coreia do Norte", disse em janeiro de 2015 Ben Freeman, especialista em política externa e assessor da consultoria Third Way, em um artigo publicado na revista especializada National Defense.
Fabricar um navio bélico com essa capacidade custou cerca de US$ 3,4 bilhões, ou US$ 1 bilhão a mais do que o DDG 51.
De acordo com alguns especialistas em engenharia naval, é por isso que o governo dos Estados Unidos desistiu de encomendar 32 navios e reduziu o pedido para apenas três.
Mas seu design pontiagudo, de casco mais parecido aos navios de guerra franceses e soviéticos dos séculos 19 e 20, gerou preocupação entre vários especialistas que questionam a estabilidade do Zumwalt.
Instável?
Em 2007, três membros da Marinha dos Estados Unidos e uma engenheira da Universidade Virginia Tech publicaram um relatório que alertava sobre a instabilidade dos cascos estreitos com uma maior distância por cima da linha de flutuação, como é o caso do Zumwalt.
"O aumento da altura das ondas (...) conduz a reduções drásticas na estabilidade do casco na parte superior", sugeriram as conclusões da investigação.
"Se as ondas vierem por trás, o navio poderá perder a estabilidade ao recuar e a popa começaria a sair da água, causando a virada (do navio)", disse o arquiteto civil com experiência naval Ken Brower, à revista National Defense.
O Departamento de Defesa dos Estados Unidos garante que todas as embarcações da Marinha são submetidas a uma análise detalhada e que o USS Zumwalt será testado de todas as formas necessárias.
Por enquanto, a preocupação do fabricante é que o navio de guerra não seja "oculto" demais.
O Zumwalt tem refletores para momentos em que o navio esteja navegando em meio a muita neblina, muito trânsito ou seja necessário que algum radar capte a enorme presença da embarcação.
Fonte: BBC Brasil
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