Desde agosto, o Governo de Israel aguarda que o Ministério das Relações Exteriores e a Presidenta Dilma Rousseff anunciem a acreditação e recebam as credenciais de Dani Dayan como novo embaixador de Israel no Brasil. Enquanto isso, persiste o impasse diplomático.
“O Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu designou Dayan para representar o Governo de Israel no Brasil por considerá-lo pessoa de sua inteira confiança política e pessoal”, diz a jornalista Daniela Kresch à Sputnik Brasil. Correspondente em Israel da TV Globo News e do jornal Folha de São Paulo, Daniela Kresch informa que Netanyahu utilizou a cota a que tem direito para preencher as chefias de missões diplomáticas no exterior.
Dani Dayan, criticado por vários setores por ser apontado como favorável à política de assentamentos na Cisjordânia, foi designado para substituir Reda Mansour, diplomata israelense de origem drusa. No início deste ano, Mansour pediu permissão ao Governo israelense para deixar o cargo, alegando a necessidade de resolver questões pessoais em Israel.
Para Daniela Kresch, o grande erro cometido pelo Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu foi a forma escolhida para anunciar o nome do novo embaixador para o Brasil:
“Ao invés de fazer o comunicado pelos canais competentes, um ofício formal ao Ministério das Relações Exteriores, Netanyahu utilizou a sua conta pessoal no Twitter para fazer este anúncio. Logicamente, este procedimento deixou muito irritadas as autoridades brasileiras, independentemente de qualquer conotação ideológica com a qual Dani Dayan possa estar envolvido.”
Além de todas as críticas que recebeu por ter designado Dayan como sucessor de Reda Mansour, Netanyahu ainda teve de enfrentar diversos descontentamentos internos como, por exemplo, de um dos seus mais recentes inimigos, o ex-Ministro do Exterior Avigdor Liebermann, destituído do cargo pelo próprio Netanyahu, como conta a jornalista Daniela Kresche:
“Desde a sua exoneração e a substituição no cargo pelo próprio primeiro-ministro, Avigdor Liebermann não poupa críticas a Benjamin Netanyahu. Uma delas diz respeito a este episódio em que Liebermann criticou o primeiro-ministro por não ter sondado previamente o Governo brasileiro sobre a sua intenção de indicar Dani Dayan como próximo embaixador para o Brasil. Nas palavras de Liebermann, Dayan seria aceito em vários países, mas nunca no Brasil governado por Dilma Rousseff.”
Ainda de acordo com Daniela Kresch, outra forte carga que Netanyahu enfrentou foi a de opositores internos, como a de três ex-embaixadores israelenses que procuraram o Embaixador Henrique Sardinha, chefe da missão diplomática do Brasil em Israel, para que ele recomendasse ao seu Governo o não recebimento das credenciais de Dani Dayan ou mesmo vetasse a sua indicação:
“Estes três embaixadores, muito respeitados em Israel e hoje afinados com setores da oposição, não aceitam o papel de Dani Dayan em Israel, apesar de ele dizer a todo momento que não é um criminoso e que apenas expõe seus pontos de vista para defender a segurança e a população do país. Mas o fato é que a situação neste momento vai permanecer como está. Inclusive, a vice-ministra do Exterior de Israel, Tzipi Hotovely, disse que logo após as comemorações da passagem de ano convocará o Embaixador Henrique Sardinha para lhe dizer que Israel não designará um substituto para Dani Dayan e que, por enquanto, o diplomata Lior Ben Dor (um segundo homem na Embaixada em Brasília) responderá pela representação israelense junto ao Governo brasileiro.”
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