quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Economia brasileira está em recessão e vem recuando há 3 trimestres, indica BC

A economia brasileira está em recessão, com três trimestres seguidos de queda na atividade, mostrou nesta terça-feira o Banco Central, num ambiente de baixa confiança econômica e instabilidade política que indica um futuro ainda negativo.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), recuou 1,89 por cento no segundo trimestre deste ano se comparado com os três meses imediatamente anteriores.
Só em junho sobre maio, a contração foi de 0,58 por cento, de acordo com dados dessazonalizados, pior do que o esperado em pesquisa Reuters com economistas, que previam contração de 0,53 por cento.
No primeiro trimestre deste ano, o IBC-Br mostrou que a economia brasileira havia recuado 0,88 por cento sobre o último trimestre de 2014 que, por sua vez, teve contração de 0,45 por cento na mesma base de comparação.
Os resultados reforçam o caminho difícil a ser trilhado pela economia brasileira, que só deve voltar a crescer em 2017, segundo economistas consultados na pesquisa Focus, do BC, que ouve semanalmente uma centena de economistas. Pelo levantamento, o PIB brasileiro deve encolher 2,01 por cento neste ano e 0,15 por cento no próximo. Se confirmado, o país terá registrado a pior recessão em 25 anos.
A falta de ímpeto é tamanha que há quem acredite que o Brasil não voltará a crescer nos próximos anos dentro do seu potencial, de 1,5 a por cento.
Para o economista Roberto Padovani, do banco Votarantim, o PIB somente mostrará expansão em 2017, e de apenas 1 por cento.

"O viés é de uma economia mais fraca do que o esperado", afirmou ele, para quem a atividade vai encolher 2,5 por cento neste ano e 1 por cento em 2016. "O risco político pesa mais na economia atualmente." 
Em 12 meses, o IBC-Br acumulou queda de 1,64 por cento, ainda segundo dados dessazonalizados. No segundo trimestre, comparado com igual período de 2014, o indicador encolheu 2,99 por cento.
Soma-se ao quadro negativo a inflação elevada e desemprego em alta, diante da grave crise política que atravessa o país, que tem contribuído para abater a confiança dos agentes econômicos e abalar a aprovação da presidente Dilma Rousseff.
As perspectivas sombrias para a atividade econômica convivem ainda com o ambiente de juro básico elevado, com a Selic a 14,25 por cento, maior patamar em nove anos, para tentar domar a escalada dos preços.
Em nota a clientes, o economista-chefe do banco Fator, José Francisco Gonçalves, informou que "por enquanto" projeta que o PIB do segundo trimestre --que será divulgado no próximo dia 28 pelo IBGE-- deve ter recuado 1,9% na comparação com os três primeiros meses do ano e 2,7% ante o mesmo período do ano passado.
O IBC-Br incorpora estimativas para a produção nos três setores básicos da economia: serviços, indústria e agropecuária, assim como os impostos sobre os produtos.

Fonte: Reuters
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