Em uma análise da situação política e econômica do Brasil, o diário Financial Times, da Grã-Bretanha, faz duras críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff e afirma que o país "tem sido comparado com um filme de terror sem fim". A comparação foi feita na semana passada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que ao fazer um balanço do primeiro semestre de 2015 afirmou que o país vivia na "escuridão". Para o diário, a "incompetência, arrogância e corrupção quebraram a magia" do país.
Com o título "Recessão e corrupção: a podridão crescente no Brasil", o jornal cita as ações da Operação Lava-Jato e atribui a crise enfrentada pela presidente aos escândalos de corrupção envolvendo a Petrobras. A investigação do Ministério Público sobre a suspeita de tráfico de influência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teria ajudado a construtora Odebrecht a conseguir contratos no exterior, também é abordada na matéria.
Sobre as medidas do ajuste fiscal, a publicação afirma que elas "demoliram os índices de aprovação de Rousseff para os níveis mais baixos da história" e que "isso enfraqueceu ainda mais seu controle sobre os parceiros da coalizão". O jornal afirma que, embora poucos acreditem que Dilma seja corrupta, as acusações envolvendo o financiamento da campanha da petista em 2014 e as pedaladas fiscais podem ser "suficientes para o impeachment".
O rompimento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) com o governo foi visto pelo Financial Times como "um grande aviso" de que a presidente pode perder o apoio de outros aliados, o que complicaria ainda mais a sua situação política.
"Até agora, os políticos em Brasília têm preferido que Dilma permaneça no poder e assuma os problemas do país. Mas esse cálculo pode mudar para que tentem salvar suas peles", diz o jornal.
A publicação pondera, no entanto,que a prisão de Marcelo Odebrecht "demonstram a força das instituições democráticas do Brasil". Por fim, a análise afirma que "Dilma enfrenta três anos solitários como presidente" e que "pode ser que tempos mais difíceis estejam adiante do Brasil".
O ministro da Defesa, Jaques Wagner, rebateu nesta quinta-feira (23/07) a afirmação do editorial do jornal britânico "Financial Times", de que a situação política e econômica do Brasil leva o país a ser comparado com um "filme de terror sem fim"
"Esse jornal nunca olhou para o Brasil com bons olhos. A adjetivação deles eu prefiro que eles guardem com eles. Nós estamos num filme de superação e, como todo filme de superação, é realmente um filme de dificuldades", disse o ministro da Defesa em visita ao Navio de Pesquisa Hidroceanográfico (NPqHo) Vital de Oliveira, na base naval da Ilha de Mocanguê, em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro.
Wagner ressaltou que o Brasil viveu um período de bonança nos últimos anos, com crescimento das empresas e a inclusão de 40 milhões de pessoas na classe média. "A linha condutora de uma nação não é uma linha horizontal, paralela ao piso, ela tem altos e baixos. Já tivemos momentos melhores, agora estamos num momento de dificuldade. Vamos superar como superamos e vamos chegar lá. Aí quem sabe o Financial resolva dizer que foi um conto de fadas", afirmou.
Com o título "Recessão e politicagem: a crescente podridão no Brasil", o texto do Financial Times também afirma que "tempos piores ainda podem estar por vir", diante do risco de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
"Quem vai tratar de impeachment é a Câmara dos Deputados, se assim o decidir. Eu nem enxergo esse horizonte do impeachment, não vejo massa crítica nenhuma", afirmou nesta quinta o ministro Jaques Wagner, ao ser questionado sobre a possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter procurado seu antecessor Fernando Henrique Cardoso para discutir a crise política e um possível impeachment da presidente Dilma Rousseff.
"A gente está num momento difícil, porque o quadro da economia mundial é difícil. É preciso serenidade, bom senso e imagino que os dois ex-presidentes têm de sobra essas qualidades. Eu aplaudiria muito se houver esse encontro, (mas) não para tratar de impeachment. O encontro de dois presidentes teria uma agenda muito superior a essa", disse o ministro da Defesa, embora tenha afirmado não ter informações sobre a veracidade do encontro entre Lula e FHC.
Fonte: Época Negócios
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