Mesmo com a economia patinando, a dívida externa bruta do Brasil está crescendo e chamando a atenção dos especialistas. Passou de US$ 351,9 bilhões, em 2010, para US$ 523,7 bilhões em junho deste ano, valor que supera os US$ 379 bilhões das reservas do país. O aumento, no período, foi de 48%, levantando o temor de que muitas empresas possam ficar em situação vulnerável no caso de uma elevação acentuada nas cotações do dólar em razão de acontecimentos como a alta dos juros nos Estados Unidos. Em 2008, grupos tidos como sólidos, como Sadia e Aracruz, sofreram pesadas perdas com operações malsucedidas no mercado de câmbio.
Hoje, de acordo com dados do Banco Central (BC), quem mais toma dinheiro lá fora é o setor privado. Os empréstimos intercompanhias, por exemplo, saltaram 107% de 2010 até junho deste ano, passando de US$ 95 bilhões para US$ 197 bilhões. “Os juros para crédito de longo prazo aqui estão muito elevados, em média de 12% ao ano, então, é natural que as empresas busquem recursos no exterior, onde a taxa é de 2%”, explicou Roberto Luis Troster, ex-economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
O diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton, afirma, porém, que o risco cambial das empresas brasileiras é pequeno. “Não há exposição relevante à variação cambial de incorporações não financeiras”, disse ele.
O diretor acrescentou que, em valores ajustados, o nível de endividamento de empresas brasileiras em moeda estrangeira diminuiu nos últimos anos. Ele argumentou que têm sido considerados os volumes captados por filiais no exterior. Esses recursos somam US$ 115 bilhões, sendo que US$ 74 bilhões foram internalizados via empréstimos intercompanhias e contabilizados nas estatísticas do BC. “Os outros US$ 39 bilhões, no entanto, ampliaram o estoque de ativos estrangeiros das empresas”, disse Hamilton, durante palestra, em São Paulo.
Fonte: Correio Braziliense
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