Eu não costumo ficar chocado com frequência, mas fiquei na noite de terça-feira com a avaliação sombria sobre o socorro à Grécia feita por Donald Tusk, ex-premiê polonês e atual presidente do Conselho Europeu, instituição que reúne os chefes de governo da União Europeia e o presidente da Comissão Europeia.
Ele disse que há agora, pela primeira vez, uma data limite real – o final desta semana – para que a Grécia chegue a uma proposta prática para ficar no euro.
A alternativa, disse Tusk, é a falência do Estado Grego e a insolvência de seus bancos – o que poderia levar à penúria seus 12 milhões de habitantes.
Ele descreveu a decisão que confronta a Grécia e o resto da eurozona como a mais importante da história da união monetária e até da União Europeia.
O outro presidente europeu, Jean-Claude Juncker – presidente da Comissão Europeia, o burocrata-chefe da União Europeia – disse, deixando claro que não se trata de arrogância ou um blefe dos chefes de governo, que um plano detalhado de como a Grécia sairia do euro já foi elaborado.
E a decisão final pode ser tomada no fim de semana, quando os mercados estarão fechados.
O que também parece particularmente significativo é que Tusk convocou para domingo uma reunião de emergência não apenas envolvendo os chefes de governo da eurozona, mas de toda a União Europeia – porque uma eventual saída da Grécia do bloco causaria um impacto negativo em todos os países do bloco.
Então, será Alexis Tsipras capaz de elaborar um plano para reformar e fortalecer sua economia que seja aceito pelo resto da eurozona?
Em público, seus representantes estão otimistas. Privadamente, porém, membros de seu governo se mostram sombrios.
E mesmo se o pior for de alguma forma evitado no último minuto antes da meia-noite de domingo, um dano econômico terrível já atinge a Grécia neste momento – pelo quase colapso de seus bancos.
Há um risco de que o dano se agrave na quinta-feira (data limite para a Grécia apresentar suas novas propostas). Porque banqueiros me disseram que mesmo com o limite de saques de 60 euros por conta diariamente, os bancos gregos estão quase sem dinheiro.
Na ausência de qualquer plano de resgate para a Grécia, eles não esperam que o Banco Central Europeu abra as torneiras dos empréstimos de emergência na noite de quinta-feira.
Então eles se preparam para sofrer controles de capitais mais severos, com uma possível queda no limite de retirada diária de dinheiro para 20 euros por dia.
Colocando de outra maneira, mesmo que um plano robusto de resgate surja como mágica, não há como fazer desaparecer a incerteza das últimas semanas e meses que demoliram a frágil recuperação da Grécia.
Fonte: BBC Brasil
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