O senador republicano do Estado norte-americano John McCain chamou à decisão de não fornecer armas à Ucrânia “um dos capítulos mais vergonhosos na história dos EUA”, escreve o site BuzzFeed.
“Deixe-me dizer que um dos capítulos mais vergonhosos da história americana é a impossibilidade de fornecer armas à Ucrânia para esta se defender, quando Vladimir Putin está dividindo o país”, disse McCain no programa The Cats Roundtable.
O senador também afirmou que os EUA deviam ter vergonha de tais ações.
“Isso acontece pela primeira vez desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Os ucranianos não pedem aos soldados norte-americanos que entrem no seu território, eles só pedem armas para se defenderem”, sublinhou McCain, explicando que esta é uma questão de dever ético dos americanos.
Mais cedo, dez senadores norte-americanos, inclusive John McCain, avançaram a iniciativa de fornecer armamentos à Ucrânia. O senador republicano disse na altura que apresentaria o projeto de lei ao Senado, exigindo que Barack Obama fornecesse armas, caso o presidente não o fizesse por si mesmo.
É uma postura bastante extravagante a do senador McCain, já que a história norte-americana conheceu momentos mais graves, tanto no cenário interno como no externo. A Sputnik Brasil destaca alguns deles.
Genocídio de povos indígenas e segregação racial
Os EUA têm uma história que inclui episódios polêmicos de violência desde o início. Ao pisar o solo do novo continente pela primeira vez, os europeus assumiram que tinham todo o direito à terra que eles “descobriram”. Como Estado, os EUA continuaram perseguindo os indígenas.
Um dos casos mais notáveis é a “Trilha das Lágrimas” das Cinco Tribos Civilizadas (Cherokee, Choctaw, Chickasaw, Creek e Seminole). Em 1831, já tendo adotado muitos costumes europeus dos colonizadores a ponto de serem aceitos como parte da sociedade norte-americana, estas tribos foram sujeitas à remoção forçada. Sem direito a cavalos, tiveram que deslocar-se a pé por longos quilômetros. Até 6 mil indígenas foram mortos naquele ano de 1831.
E este é só um exemplo da barbárie colonizadora, entre muitos outros.
Além disso, vale lembrar que nos EUA, a segregação racial esteve vigente na lei até meados do século XX. Só em 1967, a população negra obteve o direito de voto. E parece que há pessoas até hoje que acham que segregação é legal.
Bombardeio nuclear de Hiroshima e Nagasaki
Em agosto de 1945, a Força Aérea norte-americana atacou com bombas nucleares as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. 176.987 moradores de Hiroshima foram atingidos pela explosão. 92.133 pessoas foram mortas ou desapareceram, 9.428 ficaram gravemente lesionadas e outras 27.997 sofreram lesões leves. Estas são as informações oficiais divulgadas em 1946 pelo Estado-Maior general do exército americano no Japão. Porém, as consequências da exposição aos efeitos de uma explosão nuclear podem continuar durante muitos anos, o que aumenta o número total dos mortos para mais de 150 mil pessoas.
Guerra no Vietnã
Na década de 1960, durante a Guerra do Vietnã, o governo dos EUA autorizou o uso de um herbicida extremamente tóxico chamado Agente Laranja. Com esta arma biológica, o exército norte-americano queria declaradamente destruir toda a vegetação, que funcionava como uma cobertura natural dos seus adversários, mas afinal acabou por matar milhares de pessoas.
O Agente Laranja deixou também uma herança terrível de doenças oncológicas e deficiências nas crianças nascidas das vítimas dos ataques químicos dos EUA.
Agente Laranja é um herbicida produzido pela empresa Monsanto. Para o seu uso militar, foi contaminado com várias substâncias químicas que o tornaram ainda mais tóxico. O seu uso pelos EUA na Guerra do Vietnã atingiu também os vizinhos Camboja e Laos.
Bombardeios da Iugoslávia
Em 24 de março de 1999 os EUA, junto com os seus parceiros da OTAN, começaram a operação aérea contra a Iugoslávia. Mais de 50 mil mísseis atingiram o território iugoslavo nos 78 dias da operação Força Aliada (Allied Force), matando cerca de 2.500 pessoas, inclusive 79 crianças e ferindo mais de 12 mil.
A infraestrutura do país sofreu sérios danos. Segundo alguns relatos, a OTAN usou projéteis com urânio empobrecido e bombas de fragmentação durante os bombardeamentos. A operação foi iniciada pela OTAN alegadamente em resposta aos supostos crimes de guerra e de lesa-humanidade que os serviços secretos da Iugoslávia teriam praticado contra a população albana e kosovar.
Invasão do Afeganistão
Em 2001, no âmbito da iniciativa militar Guerra ao Terror, as tropas dos EUA invadiram o Afeganistão, a maior parte do qual era controlada pelo movimento terrorista Taliban. A iniciativa tinha o objetivo de combater os grupos terroristas e seus apoiantes.
É de notar que, ironicamente, segundo alguns relatos, o grupo terrorista Taliban fora anteriormente criado pela inteligência norte-americana, conforme disse o político alemão Andreas von Bulow:
“Com o apoio decisivo dos serviços secretos dos EUA pelo menos 30 mil militantes muçulmanos foram treinados no Afeganistão e Paquistão…”.
Não existem dados oficiais sobre o número de vítimas mortais entre civis no conflito afegão. Segundo avaliações do jornal Independent, até junho de 2011 foram mortos entre 14 e 34 mil civis.
Além da grave situação humanitária no país, a produção de drogas no Afeganistão aumentou 50 vezes e continua aumentando como resultado da operação dos EUA, já tinha declarado o Serviço Federal de Controle de Drogas da Rússia.
Participação estadunidense da Primavera Árabe
A Primavera Árabe, como é conhecida mundialmente, foi uma onda revolucionária de manifestações e protestos que teve início no Oriente Médio e no Norte da África em 18 de dezembro de 2010. Houve revoluções na Tunísia e no Egito, uma guerra civil na Líbia e na Síria; também houve grandes protestos na Argélia, Bahrein, Djibuti, Iraque, Jordânia, Omã e Iémen e protestos menores no Kuwait, Líbano, Mauritânia, Marrocos, Arábia Saudita, Sudão e Saara Ocidental.
Durante essa guerra violenta que se espalhou pelo Oriente Médio e em parte da África foram mortas mais de 650 mil pessoas.
Há relatos muito convincentes de que os Estados Unidos estiveram por trás dos protestos, como parte de um plano para garantir a hegemonia política na região.
Em nome da democracia, os Estados Unidos varreram do mapa grandes governantes, como Hosni Mubarak no Egito e Muammar Kadhafi na Líbia. A Líbia foi retalhada, já não existe, debate-se em crise permanente com o confronto entre pelo menos 4 facções armadas. A Síria é um semi-estado, em que Assad resiste em Damasco, mas vê o Estado Islâmico (EI), de um lado, e os "rebeldes" armados pelos EUA, de outro, avançando sobre grandes porções do território.
Apesar da morte violenta do ex-líder da Líbia Muammar Kadhafi e dos seus filhos após a derrota das forças leais a ele em combates com os rebeldes reforçados pela aviação da OTAN, a resistência guerrilheira continua. Os acontecimentos na Líbia foram a primeira guerra em grande escala que se desenvolveu a partir de protestos de rua. A guerra matou cerca de 30.000 pessoas, 30% das quais eram civis. A guerra poderia ter sido evitada se não fosse o apoio dos Estados Unidos.
O resultado da Primavera Árabe está à vista: centenas de milhares de vítimas na região, guerras civis, economias ruinadas e crescente onda de terrorismo patrocinada pelos Estados Unidos.
EUA e a criação do grupo terrorista Estado Islâmico
Enquanto isso, ultimamente surgiram documentos que provam que a inteligência americana previu a criação de um califado islâmico nos territórios do Iraque e Síria mas continuou na mesma a apoiar os grupos islamistas violentos na Síria com o objetivo de derrubar o regime do presidente Bashar Assad. Ele próprio, por sua vez,declarou que o grupo foi criado no Iraque “sob a supervisão dos norte-americanos”. Ainda de acordo com ele, o grupo “veio do Iraque para a Síria porque o caos é contagioso”. Além disso, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas do Irã, general Hassan Firuzabadi, acusou por sua vez os Estados Unidos de fornecerem armas ao Estado Islâmico.
Fonte: Sputnik News
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