Homenageada esta semana pelo aniversário das missões do Correio Aéreo Nacional, a Aviação de Transporte da Força Aérea Brasileira (FAB) já se prepara para receber sua futura aeronave pesada: o Boeing 767. O avião terá a capacidade de transportar mais de 43 toneladas de carga e realizar o reabastecimento em voo de outras aeronaves, como caças Gripen NG.
“O Boeing 767 é uma prioridade muito forte para nós”, afirmou o Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Nivaldo Luiz Rossato. Em 13 de março de 2013, a comissão do projeto KC-X2, que prevê a substituição dos aviões Boeing 707, decidiu pela escolha da Israel Aerospace Industries (IAI) como empresa fornecedora das novas aeronaves. Agora, de acordo com o Comandante da Aeronáutica, a assinatura do contrato para a aquisição das aeronaves depende de uma posição governamental. Os 707, designados na FAB como KC-137, foram aposentados em maio de 2013 e ainda não foram substituídos.
“A FAB e o Ministério da Defesa entendem a importância desse avião. A aeronave tem uma grande capacidade de carga que vai nos ajudar em missões de paz, como no Haiti e no Líbano. Além de missões como a que fizemos em 2005, uma repatriação de brasileiros do Timor-Leste”, afirmou o Tenente-Brigadeiro Rossato. A frota de três aeronaves poderá realizar ainda missões como o transporte de ajuda humanitária, por exemplo. Em caso de tragédias, cada avião pode receber até dez Unidades de Terapia Intensiva (UTI) completas, ou 81 macas. Para transporte de passageiros, haverá 240 poltronas, além dos porões de carga.
Com mais de 1.100 unidades utilizadas por empresas aéreas de todo o mundo, o Boeing 767 tem um alcance de aproximadamente 7.400 km com sua carga máxima. Isso significa decolar de Brasília e alcançar Portugal, Espanha ou países da África sem escalas. Com 23 toneladas de carga, o alcance salta para 11.297 km, o suficiente para chegar até a Suécia, Rússia, Israel ou o norte do Canadá.
Apesar do objetivo do projeto ser substituir os 707, a chegada dos 767 permitirá também um aumento de capacidade. O alcance com carga máxima do 707 era de 3.889 km, no 767 será de 7.408 km. Isso porque a nova aeronave leva mais combustível, um total de até 72.700 kg, quando considerado o peso.
Além do aumento de alcance para missões de carga, o conteúdo dos tanques também poderá ser transferido para outras aeronaves em voo. Será possível, por exemplo, apoiar o deslocamento de até 14 caças F-5 em voo direto entre Manaus (AM) e Porto Alegre (RS).
O Boeing 767 também tem muitas diferenças operacionais em relação a outros dois cargueiros da FAB, que são considerados táticos: o C-130 e o futuro KC-390. “O C-130 é diferente, é tático e de alcance restrito, voa mais baixo e com velocidade mais lenta. Outra diferença é o reabastecimento em voo. No caso de uma operação no exterior, o 767 consegue acompanhar a velocidade de cruzeiro das outras aeronaves”, explica o Tenente-Brigadeiro Rossato.
Isso quer dizer que, em um deslocamento de aviões de caça para um exercício nos Estados Unidos, por exemplo, o Boeing 767 poderá acompanhar as aeronaves de combate durante todo o voo, e não fazer rotas com pontos de encontro onde os caças precisariam reduzir sua velocidade. Além dos F-5, os aviões de ataque A-1 também contam com sistemas de reabastecimento em voo. O Gripen NG também poderá ser reabastecido em voo.
A empresa IAI, além de instalar os equipamentos para que o Boeing 767 possa reabastecer até três aeronaves ao mesmo tempo, também irá incluir sistemas como o RWR (Radar warning System) e MAWS (Missile Approach Warning System), respectivamente, um detectador de emissões de radar e de aproximação de mísseis. Na prática, o reabastecedor irá ampliar sua chance de sobrevivência em um ambiente de conflito.
De acordo com as negociações com a IAI, após a assinatura do contrato, a primeira unidade seria entregue seis meses depois, mas ainda sem a capacidade de reabastecimento em voo. Em 36 meses, as três estariam em operação, sendo que a conversão de duas unidades para as missões de reabastecimento seria realizada no Brasil, com a participação de técnicos e engenheiros brasileiros. Os trabalhos de manutenção também devem acontecer por aqui.
Treinamento
Enquanto o contrato não é assinado, o Esquadrão Corsário, sediado na Base Aérea do Galeão, na cidade do Rio de Janeiro, se prepara para receber a nova frota. Dez pilotos concluíram o curso de formação em aeronaves de transporte Boeing 767. Os aviadores da Força Aérea Brasileira tiveram aulas teóricas, realizaram exercícios no simulador e cumpriram 150 horas de voo, cada um. Três deles atingiram também o grau de instrutores da aeronave. O treinamento, que foi possível graças a um contrato de capacitação operacional com a empresa ABSA – TAM Cargo, uma empresa nacional que utiliza o modelo, iniciou em dezembro de 2013 e foi finalizado no início deste ano.
Aeronave já operou em exercício da FAB
Durante o exercício CRUZEX Flight 2013, militares do Esquadrão Corsário tiveram a oportunidade de acompanhar a operação do KC-767 Júpiter, da Força Aérea Colombiana. A aeronave estrangeira passou duas semanas na Base Aérea do Recife e realizou operações de reabastecimento em voo de caças colombianos e brasileiros.
Fonte: Revista Aero Latina
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