Produção em massa de tanques leves foi apressada por perdas no começo da Segunda Guerra Mundial. Apesar das falhas iniciais, o T-70 permanece como o melhor tanque ligeiro do conflito e o segundo mais produzido, perdendo apenas para o T-34.
A produção em massa de tanques leves nos primeiros anos da Segunda Guerra Mundial foi, em grande parte, uma reação forçada às imensas perdas da URSS no início do conflito. E, apesar de todas falhas identificadas durante o combate, os tanques soviéticos T-60 e T-70 atravessaram a guerra inteira e foram apelidados pelos soldados alemães de “gafanhotos inextirpáveis”.
O T-60 foi desenvolvido às pressas e em meio à confusão militar do verão de 1941. Criado sob orientação do construtor N.A. Astrov, esse modelo tinha a vantagem de usar peças e componentes já fabricados e em operação no setor automobilístico. Assim, embora fosse produzido nas mesmas fábricas que o T-34, saía bem mais barato.
No total, 6.000 mil T-60, com blindagem frontal de 3 cm e canhão de 20 milímetros, sofreram perdas terríveis. Isso porque a blindagem do tanque conseguia proteger apenas das balas, e o canhão só era eficaz contra a infantaria – mas era possível fabricá-los em grande número e em pouco tempo.
Com o tempo, a luta do T-60 contra os veículos de combate de classe superior e, consequentemente, as suas enormes perdas, afetaram a reputação do tanque. Mesmo assim, ele exerceu um papel importante nas batalhas de 1941, ao conseguir impedir que os alemães chegassem às fábricas evacuadas, ganhando tempo para produzir veículos mais poderosos.
Desperdício de tempo?
Os pontos fracos do T-60 eram evidentes para engenheiros e militares soviéticos, mas ninguém pretendia abrir mão do tanque – pelo contrário, decidiram modernizá-lo. O pai do tanque, N.A. Astrov, continuou trabalhando nele e, já no início de 1942, apresentou um novo modelo: o T-70, que se tornou a segunda geração de tanques leves soviéticos criados durante a guerra.
A potência do motor do blindado foi aumentada para 140 cavalos e a espessura da blindagem frontal, para 45 milímetros. Além disso, ele passou a ser equipado com um canhão de calibre 45 mm, que, embora resultasse na diminuição de cadência e precisão do tiro, permitia abater o blindado do inimigo a curta distância caso acertasse em sua popa ou lateral.
Os trabalhos para produção do novo tanque duraram apenas três meses, graças à unificação da indústria de guerra. Cerca de 5.000 tanques T-70 foram produzidos entre abril de 1942 e outubro de 1943. Leve e ágil, ele não era tão barulhento quanto os veículos blindados maiores, e a aparição inesperada de grupos desses tanques era capaz de causar grandes danos ao inimigo.
Os T-70 foram para combate pela primeira no verão de 1942 e, para surpresa dos desenvolvedores, os soldados do Exército Vermelho logo perceberam a baixa eficácia de combate do veículo. O T-70 sequer conseguia dar conta dos tanques alemães mais comuns PzKpfw III e PzKpfw IV em uma luta frente a frente e, além disso, não servia como tanque de apoio imediato à infantaria, pois a sua blindagem era insuficiente.
Por exemplo, a arma antitanque de 75 mm dos Pak 40 conseguia abater com sucesso o T-70 logo no primeiro disparo e a partir de qualquer distância e ângulo. Na época, o famoso general soviético M. E. Katukov criticou duramente o tanque em um relatório enviado ao comandante supremo: “O tanque leve T-70 acaba de ser integrado ao Exército e, por enquanto, ainda não mostrou ter nada de especial. Um desperdício de tempo, camarada Stálin”.
Protagonismo na guerra
Apesar da percepção inicial, as batalhas posteriores mostraram que, com uma tripulação bem treinada, os tanques T-70 eram capazes de ser muito mais que meros figurantes. Foram justamente esses tanques leves que formaram a base das tropas no inverno de 1943 e conseguiram cercar 300.000 alemães em Stalingrado.
Na batalha de Kursk, em que cerca de 22% dos blindados soviéticos eram T-70, o comandante Onufriev conseguiu realizar uma manobra hábil e entrar no flanco do tanque pesado alemão “Tigr”, deixando-o em chamas após disparar duas vezes contra a lateral do inimigo.
Além disso, em julho de 1943, nos combates perto da povoação de Pokrovka, a tripulação do T-70 da 49ª Brigada da Guarda de Tanques, comandada pelo tenente B.V. Pavlovitch, conseguiu acertar em três tanques alemães médios e um Panter.
Apesar das falhas, o T-70 permaneceu, assim, como o melhor tanque ligeiro da 2ª Guerra Mundial e o segundo em número, depois do T-34. No total, 8.315 veículos desse tipo foram construídos.
No outono de 1943, as fábricas iniciaram a produção em massa do veículo de artilharia SU-76 M, fabricado com base nos chassis dos tanques T-70 M. Os tanques que haviam sobrevivido aos combates foram utilizados em batalhões, regimentos e brigadas de artilherias autopropulsadas como veículo de comando, participando das operações até o final da guerra.
Fonte: Gazeta Russa
0 comentários:
Postar um comentário