Jornais de todo o mundo destacam presença em massa da classe média nos protestos e a falta de um coro único, além do "Fora Dilma" e das manifestações de amor ao País
Segundo a PM, ato em São Paulo, o maior do País, teria reunido 1 milhão de pessoas; em Brasília, sede do poder federal, foram 40 mil participantes
Segundo a PM, ato em São Paulo, o maior do País, teria reunido 1 milhão de pessoas; em Brasília, sede do poder federal, foram 40 mil participantes
As manifestações contra o governo Dilma Rousseff, que levaram neste domingo (15) mais de um milhão de pessoas às ruas em todo o Brasil, tiveram repercussão na mídia internacional. Vários jornais europeus e também da Améria Latina deram destaque ao evento em suas páginas, trazendo informações, imagens e análises.
Os protestos de domingo (15), convocados pelas redes sociais, reuniram milhares de manifestantes em algumas das cidades mais importantes do Brasil. São Paulo, como já se esperava, foi o polo centralizador dos atos de hoje. A Avenida Paulista contou com 1 milhão de pessoas, segundo cálculos feitos pela Polícia Militar.
Os números da Polícia Militar paulista alimentaram polêmica nas redes sociais, já que aumentaram exponencialmente em intervalos de menos de uma hora, como mostrou a conta no Twitter da PM de São Paulo. Houve quem argumentasse que os protestos de julho de 2013 mostravam um número maior de pessoas, não só ocupando a Paulista, mas outras avenidas importantes da cidade.
Para o Instituto Datafolha, a participação dos anti-Dilma neste domingo, ainda que relevante, foi bem menor que a apontada pela polícia. Teriam sido 210 mil pessoas em São Paulo.
De uma forma geral, os protestos nas capitais foram pacíficos – um dos temores tanto do governo quanto dos organizadores dos protestos.
Em São Paulo, o que mais chamou a atenção foi a prisão de um grupo, o Carecas do Subúrbio, que tentou se infiltrar no protesto. Alguns deles carregavam morteiros, gás de pimenta e soco inglês. Ainda segundo a PM, uma mulher que tentou tirar a roupa foi detida por ato obsceno e outra foi levada ao distrito policial por tentativa de furto. Um homem foi detido por disparar um rojão. Em Brasília, onde cerca de 40 mil pessoas teriam ido para as ruas, houve um tumulto no ato promovido à tarde, mas que foi controlado pela PM.
No Rio de Janeiro, a concentração aconteceu na Praia de Copacabana, com certa de 15 mil pessoas. Assim como se viu em outras cidades, os manifestantes atenderam a convocação feita pelas redes sociais e usaram as cores da bandeira brasileira.
Alguns artistas que durante a semana divulgaram vídeos chamando para as ruas neste domingo apareceram com o rosto pintado, como Márcio Garcia. Regina Duarte, que já foi musa das campanhas do PSDB, também protestou. O ex-jogador Ronaldo Nazário, que apoiou Aécio Neves (PSDB) nas eleições presidenciais de 2014, também apareceu na manifestação.
Políticos evitaram exposição
Os políticos de oposição, que alinharam durante a semana um apoio indireto aos atos deste domingo, evitaram as ruas. Duas exceções notadas pelos manifestantes foram o deputado federal Jair Bolsonaro (PP/RJ), que comparou o futuro do Brasil a atual situação da Venezuela, e a deputada Mara Gabrilli, do PSDB paulista.
Aécio Neves optou por uma aparição rápida na janela do apartamento em Copacabana (no Rio de Janeiro), abraçado ao filho caçula. Ele usava uma camisa amarela da seleção brasileira de futebol. Depois, divulgou um vídeo nas redes sociais pedindo que as pessoas mantenham o clima de mobilização.
Pelo Twitter, o governo Geraldo Alckmin (PSDB/SP) comentou com alguma sutileza: "A democracia sempre sai fortalecida quando pessoas livres tornam públicas as suas opiniões."
"Vai tomar no c..." ao vivo na Globonews
Por todo o País, predominaram entre os cartazes pedidos de saída da presidente Dilma Rousseff, contra a corrupção e, em menor proporção, em defesa da Petrobras – uma das bandeiras dos protestos da última sexta-feira (13), organizados pela Central Única dos Trabalhadores (CUT). A intervenção militar também foi uma das reivindicações deste domingo.
Os cartazes e faixas, no geral, ficaram longe da educação e do bom humor, como o que usou uma fotomontagem em que a presidente Dilma aparece sentada no vaso sanitário com os dizeres "Dilma, finja que vai cagar e caia fora". Com a munição centrada na figura da presidente da República, quase não se falou sobre os suspeitos da Operação Lava Jato, que investiga pagamento de propina envolvendo a Petrobras.
Durante a transmissão dos protestos pela Globonews, um grupo do Rio gritou "Ei, Dilma, vá tomar no c...". A emissora demorou para interromper a transmissão.
Reação do Planalto
As manifestações foram acompanhadas durante todo o dia pelo Palácio do Planalto. Por volta das 18h30, coube aos ministros José Eduardo Cardozo, da Justiça, e Miguel Rossetto, da Secretaria-Geral da Presidência da República, avaliarem o impacto dos atos em uma entrevista coletiva. Com rapidez, os organizadores das manifestações convocaram um novo panelaço durante a entrevista, assim como se viu no domingo passado (8), durante o pronunciamento de Dilma no Dia Internacional da Mulher.
O Palácio optou por tirar da gaveta uma promessa feita por Dilma durante a campanha presidencial para tentar minimizar a tensão política e tentar aproximar o governo do Congresso e dos movimentos sociais. A ideia é ter em breve um pacote anti-corrupção e permitir a participação de partidos e movimentos sociais na discussão.
Pelo Twitter, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, analisou os comentários de Cardozo e Rossetto. Para ele, o ministro da Justiça "insiste num erro deliberado e frequente: o de insinuar que as iniciativas do MPF e da PF são impulsionadas pelo Governo." Barbosa elogiou o comentário de Rossetto ao criticar os discursos pró-intervenção militar, mas achou que a escolha dos dois ministros foi equivocada. "Num dia como o de hj, achei um erro botar ministros de Estado para falar. O momento era para a Chefe de Estado se dirigir à Nação. Ponto", escreveu.
Fonte: Último Segundo
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