Nos últimos meses temos assistido uma serie de escândalos envolvendo uma das estatais de maior prestigio no Brasil, Petrobrás, empresa que por décadas foi orgulho nacional quer por seus vultosos investimentos e contribuição para o PIB nacional, quer pelo pioneirismo e competência na exploração de petróleo e gás em águas profundas.
desde que veio a tona o escândalo da compra da refinaria de Pasadena, a estatal se vê mergulhada em uma serie de escândalos envolvendo corrupção nos mais variados escalões da companhia e do governo.
Como ponta do iceberg, a compra da refinaria texana de Pasadena em setembro de 2006, quando a Petrobras pagou US$ 360 milhões de dólares á Astra Oil Company por 50% da refinaria, quando um ano antes a empresa belga pagou apenas US$ 42,5 milhões de dólares pela refinaria, ou seja, a Petrobrás pagou cerca de oito vezes mais por apenas 50% do negócio. Mas o escândalo não para por ai, além da compra superfaturada, após a conclusão da aquisição a Astra Oil resolveu vender sua participação na refinaria, tendo a estatal brasileira assinado um acordo de opção de compra da mesma, se viu em um desentendimento com a belga, resultando em uma ação judicial contra a estatal brasileira, como sentença a Petrobrás foi condenada e fechou um acordo de pagamento da quantia de US$ 820 milhões de dólares para por fim ao litigio.
Tal "negócio da china" gerou um prejuízo estimado de US$1 bilhão de dólares á estatal e seus acionistas. O caso envolveu pessoas ligadas ao PT em diversos níveis de envolvimento.
O nocivo aparelhamento politico promovido nos últimos mandatos do PT, tem prejudicado diretamente a capacidade empresarial e decisória da estatal brasileira de petróleo e gás Petrobrás e suas ramificações, ainda atingindo outros setores estratégicos sob direção do governo federal. O que tem tornado tais negócios vulneráveis á corrupção, improbidade administrativa e conferindo uma visão míope e obtusa dos mercados, contaminando a administração com seu ideologismo ultrapassado e retrógrado, levando a Petrobrás e outras estatais a enfrentar uma grande dificuldade para alcançar seus objetivos e metas.
Após o escândalo de Pasadena, a estatal enfrentou outros escândalos, como o escândalo que ficou conhecido como a "Feira da Petrobrás", Onde após enfrentar uma brusca desvalorização no mercado, onde caiu de um valor estimado em R$ 214,6 bilhões em dezembro de 2013, para um valor de R$ 175,6 bilhões em fevereiro de 2014, tal queda veio acompanhada em junho de um alerta emitido pelo MPF (Ministério Público Federal), que alertou o risco de falência caso a estatal não quitasse suas dividas. Para ilustrar o tamanho do endividamento alcançado pela nossa estatal, a agência de classificação de risco MOODY'S, rebaixou a nota da Petrobrás de "A3" para "Baa1".
Diante dos resultados decorrentes do escândalo de Pasadena e tentando uma saída para seu endividamento foi criado o departamento chamado de "Gerencia de Novos Negócios", mas que segundo denuncias realizadas em março de 2013, transformou a empresa em uma verdadeira feira, dilapidando de forma criminosa o bilionário patrimônio da estatal brasileira. Tal ação resultou na venda de boa parte do patrimônio da estatal no exterior, onde foram vendidas refinarias, unidades e equipamentos de forma irresponsável e abaixo do preço real, esperando que tal ato desesperado capta-se US$ 10 bilhões de dólares.
Um dos exemplos de amadorismo e falta de capacidade da direção da estatal foi o emblemático caso da venda de 50% da companhia PESA, a Petrobrás Argentina, por apenas US$ 900 milhões de dólares e o investimento de mais US$ 238 milhões de dólares pelo Grupo Indalo na aquisição de refinarias, distribuidoras e unidades petroquímicas operadas pela Petrobrás na Argentina. Esse aparente bom negócio na verdade resulta em um enorme prejuízo aos cofres brasileiros e aos acionistas da companhia brasileira. O investimento realizado nos últimos 12 anos pela estatal brasileira soma mais de US$ 6 bilhões de dólares, Ainda no âmbito desse negócio, a Petrobrás entregou por US$ 238 milhões de dólares um patrimônio avaliado em pelo menos US$ 400 Milhões de dólares, configurando um verdadeiro crime de lesa-pátria.
Não bastando isso, outro escândalo envolve um esquema de propina nas licitações da estatal. Onde Lobistas que participavam das negociações repassavam á funcionários e membros do PT e PMDB. Segundo denuncias realizadas por João Augusto Resende Henriques, confirmou em depoimento que todos os contratos internacionais da estatal que passavam por ele tinham inclusos a cobrança de um "pedágio" para que fosse vencida a licitação por seu cliente, onde um valor que oscilava entre 60% e 70% dessa "taxa" eram repassados ao PMDB, dinheiro esse que foi usado para financiar campanhas eleitorais, inclusive a campanha presidencial de Dilma Roussef em 2010. No olho do furacão ainda foi descoberto um esquema de corrupção envolvendo a empreiteira Odebrecht, gigante nacional, pega também no escândalo de corrupção que veio a ser revelado recentemente em licitações vencidas pela mesma. A Odebrecht que atua em diversos mercados, repassou US$ 8 milhões de dólares para a campanha da presidente Dilma.
Como exemplo do funcionamento desse esquema, vamos apresentar o caso envolvendo a compra de um Navio-Sonda que custou a estatal US$ 1,6 bilhões de dólares, nesse contrato o propinoduto recebeu US$ 14,5 milhões de dólares, dos quais US$ 10 milhões foram repassados ao PMDB.
Outro grande obstáculo enfrentado pela Petrobrás é a falta de critério técnico na indicação de cargos estratégicos e decisórios na estatal, tendo a empresa sido vitima de um irresponsável aparelhamento político promovido pelo governo do PT, onde pessoas sem qualquer capacidade técnica e decisória assumira cargos de grande importância estratégica dentro da companhia. Um exemplo disso se dá quando há uma decisão do governo sobre a instalação de uma nova unidade ou investimento em determinada área, não há uma analise técnica real e concisa, ao invés disso os técnicos e engenheiros se desdobram para cumprir as ordens e decisões políticas dadas á empresa.
A operação "Lava Jato", deflagrada pela Polícia Federal, também apontou irregularidades nos contratos para construção da refinaria " Abreu e Lima", onde constatou-se por provas o super faturamento dos contratos daquela obra, onde havia sido orçada originalmente em R$ 2 bilhões de reais, mas ate o momento a mesma já custou R$ 18 bilhões aos cofres públicos.
O principal protagonista desta crise é o governo, principalmente quando a presidente Dilma continua a ignorar que a estatal tem sido vítima do aparelhamento político, e insiste em buscar culpados externos para atual crise da estatal petrolífera brasileira.
No inicio deste ano a diretoria da Petrobrás fez o anúncio de que não irá recorrer aos financiamentos externos, porém isso não resulta de uma simples decisão da diretoria, pois o mercado encontra-se fechado para a estatal. Um grande erro da direção da companhia foi o congelamento de preços dos seus principais produtos, atendendo á uma decisão do governo federal, e que gerou perdas de capital á estatal.
Neste ano de 2015 a Petrobrás tem um grande desafio á sua frente, manter seu programa de investimentos e reduzir seu endividamento, mesmo diante da grande repercussão dos escândalos de corrupção que tem manchado a imagem da empresa e resultado na fuga de investimentos, causando um enorme impacto em suas receitas. Outro ponto preocupante é o atraso no anúncio dos resultados da estatal no terceiro trimestre de 2014, algo que tem gerado incertezas e insegurança nos investidores e credores da companhia, Segundo anunciado pela Petrobrás, tais resultados serão divulgados até o inicio de fevereiro.
A estatal representa uma significativa participação no PIB brasileiro, sendo líder em seu mercado, a Petrobrás precisa ser preservada como a empresa que sempre foi, marcada por décadas de pioneirismo e competência, não como um instrumento político-partidário que tem se tornado nos últimos anos.
Cabe á nós brasileiros descruzarmos os braços, deixarmos a inércia e exigirmos desse governo ações reais de combate á corrupção que vem atingido a Petrobrás, não apenas apurar os casos de corrupção e estancá-los, mas punir e prender os envolvidos nestes escândalos, restaurando assim o prestigio e a imagem pública de transparência, idônea e inovadora da nossa estatal, voltando assim a atrair investimentos e retomar o rumo de crescimento.
Nós do GBN - GeoPolítica Brasil, apesar de um breve período de ausência nas discussões, nos mantivemos acompanhando de perto os acontecimentos na esfera nacional e global. Hoje com este artigo rompemos nosso silêncio e voltamos á nossas atividades, mantendo nosso compromisso de levar até você leitor com transparência e coerência informações e conteúdos de alta qualidade, defendendo acima de tudo nossa pátria e seus interesses estratégicos.
Muito obrigado a todos, conto com vocês na retomada de nosso trabalho com sua opinião, participação e comentários.
Angelo D. Nicolaci
Editor / Fundador
GBN - GeoPolítica Brasil