Há opiniões de que estes boatos teriam
sido ligados ao recente agravamento das relações entre Washington e Er-Riad.
Contudo, o próprio tema dos armamentos nucleares da Arábia Saudita surgiu há
muito no campo mediático.
Na opinião de peritos, os dois países
começaram a cooperar nesta área ainda nos anos 90. Naquela altura, Er-Riad e
Islamabad acordaram que os meios investidos seriam devolvidos em espécie no caso
de ameaça de crise no Oriente Médio. Agora, passados 25 anos, esta ameaça, pelo
visto, se tornou realidade.
Como se entende, o Paquistão está
apartando-se desta história. Como declarou à Voz da Rússia o diretor do centro
de pesquisas paquistanês Al-Bab, Jazem al-Taqi, a Arábia Saudita não tem
quaisquer condições para posse e depósito de armas nucleares:
“Mesmo o depósito de armas nucleares exige
a formação de uma infraestrutura, a preparação de especialistas e o controle
deste processo a um alto nível científico. Se não houver tais condições, resta
adquirir o produto já fabricado em conjunto com o pessoal completo de
especialistas para a manutenção destas armas. Trata-se de meios enormes mesmo
para a Arábia Saudita”.
Deste ou de outro modo, a maioria dos
peritos considera que, levando em consideração a situação atual, o Paquistão não
possa cumprir aquela promessa. É assim que sustenta também o diretor do Centro
de Energia e Segurança, Anton Khlopkov:
“A meu ver, o problema consiste em que não
conhecemos as condições em que haviam cooperado militares do Paquistão e da
Arábia Saudita na altura do desenvolvimento das armas nucleares paquistanesas.
Há muitas especulações e suposições em torno deste tema. Não se pode excluir o
cenário divulgado pela mídia. Ao mesmo tempo, afigura-se que o Paquistão não
esteja muito interessado hoje em transferir não apenas cargas atômicas de
combate para a Arábia Saudita, mas também quaisquer tecnologias nucleares”.
A vizinhança com o Irã pode ser mais uma
causa do comedimento paquistanês, sustenta o dirigente do Instituto de
Orientalística e Africanística Aplicada, Said Gafurov:
“Não penso que o Paquistão possa vender
uma bomba atômica à Arábia Saudita, porque tem ao lado o Irã, hostil em relação
a Arábia Saudita. Ultimamente, as relações entre o Irã e o Paquistão melhoraram.
O Irã tem nas mãos as chaves da segurança do Paquistão, em que se formou uma
situação complexa entre os sunitas e xiitas. O país está segurado apenas pela
boa vontade do Irã que envida esforços para apaziguar seus correligionários
xiitas do outro lado da fronteira”.
É pouco provável que a Islamabad oficial
aceite a negociata. Ao mesmo tempo, uma entrega não autorizada é impossível por
causa de um controle bastante duro das armas nucleares. Vladimir Averchev,
membro do Conselho para a Política Externa e Defensiva, considera:
“Apesar de transes políticos, no Paquistão
nunca surgiram problemas ligados ao controle das armas nucleares que não apenas
são controladas diretamente por militares, mas também são sujeitas a um sério
controle (embora não direto) por parte de americanos. Mesmo se houver uma mínima
alusão à “fuga” destas armas, tal seria há muito um objeto de especial atenção,
sendo coibido sem começar”.
Pelo visto, trata-se de um lance noticioso
voltado para que os participantes do jogo regional entreabram suas cartas. É
difícil julgar sobre os resultados. À primeira vista, a situação tornou-se ainda
mais confusa. Possivelmente, tal foi o objetivo dos autores da ideia. Sabe-se
que é melhor pescar em águas turvas. Em qualquer caso, mesmo os boatos motivados
no mínimo são capazes de destabilizar a situação numa região ameaçada
permanentemente por uma grande guerra.
Fonte: Voz da Rússia
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