quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Tecnologia como artigo de exportação

 
Know-how militar e espacial russo enviado ao exterior ajuda países a fabricarem as suas próprias soluções.  
 
Recentemente, os motores de fabricação russa RD-180 para foguetes de porte médio foram motivo de uma ampla investigação da agência antimonopólio dos EUA. A suspeita é de que os fundadores da United Launch Alliance (ULA) teriam limitado o acesso dos concorrentes a componentes vitais do contratante RD Amross – uma joint-venture da russa Energomach com a empresa americana Pratt & Whitney Rocketdyne. Enquanto a primeira produz os motores RD-180, a segunda fornece-os à ULA para os seus foguetes Atlas.
 
A disputa entre empresas aeroespaciais dos EUA pelo acesso à tecnologia espacial russa indica o potencial de exportação do conhecimento científico da Rússia. “A ciência e indústria russas estão vivendo em um sistema global único”, diz o professor da Academia de Ciências Militares, Vadim Koziulin. “Por isso é bobagem inventar a roda quando é mais fácil comprá-la já feita, copiar e, com base nela, criar algo novo. A mesma China, depois de comprar a nossa tecnologia de produção dos caças Su-27, avançou sua indústria de aviação em 25 anos. Atualmente, Pequim já possui caças da 5ª geração.”
 
Há exemplos de adoção da tecnologia russa também na indústria da aviação. Já faz 15 anos que Moscou e Kiev não conseguem decidir o destino do projeto conjunto da aeronave de transporte militar An-70. O seu aspecto singular está nos motores turbo propfan D- 27 com hélices coaxiais. Graças a elas, a aeronave pode decolar e pousar em pistas curtas. Essa tecnologia russo-ucraniana, que acabou não sendo concretizada como os planos, foi, no final dos anos 1980, a base do programa europeu do avião de transporte do futuro, o FLA , que mais tarde se transformou no avião A-400M, absolutamente idêntico ao An-70.
 
Uma história semelhante tem o novo avião militar de treino M-346 Master, da empresa Alenia Aeromacchi. Os italianos receberam a sua documentação no início dos anos 1990 como pagamento da dívida da empresa aeroespacial russa KB Yakovlev. Agora existem no mundo duas máquinas iguais: o avião de treinamento russo Yak-130 e seu clone completamente europeu M-346 Master.
 
À frente dos EUA
 
A França também se interessou pela tecnologia de mísseis da Rússia. Os franceses foram uns dos primeiros a encomendarem à russa KB Fakel o sistema de lançamento vertical para o seu complexo marítimo antimíssil Crotale Naval. O know-how russo está no fato de o sistema de mísseis S-300/400, na base do qual assenta o sistema francês, ser lançado para cima, a partir de um contêiner colocado verticalmente, e só quando está no ar é que o míssil é então sintonizado via rádio para rumar na direcção do alvo.
 
Esses fatores reduzem drasticamente o tempo de resposta a uma eventual ameaça – quase seis vezes, se compararmos com os seus homólogos ocidentais, que precisam primeiro direcionar o canhão de lançamento para o lado do alvo. Além disso, com a tecnologia russa se eliminam completamente as chamadas “áreas mortas” da defesa, através das quais podem passar os mísseis inimigos.
 
Nem o sistema de mísseis norte-americano PAC-3 Patriot nem a promissora instalação do sistema de defesa antimíssil THAAD possuem essas capacidades. Os EUA estão criando apenas agora, em parceria com a Itália e a Alemanha, um míssil de alta-tecnologia de médio alcance semelhante ao russo, batizado de MEADS (Medium Extended Air Defense Missile Systems). Em compensação, a Coreia do Sul apelou diretamente à Rússia e já criou o seu próprio sistema de mísseis antiaéreo Cheongung M- SAM com sistema de lançamento vertical.
 
Fonte: Gazeta Russa
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