terça-feira, 22 de outubro de 2013

Parceria planeja desenvolver melhor motor a biocombustível

 
A FAPESP e a Peugeot Citröen aprovaram proposta para a criação de um Centro de Pesquisa em Engenharia voltado ao desenvolvimento de motores a combustão movidos a biocombustíveis.

O centro reunirá pesquisadores da Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), do Instituto Mauá de Tecnologia e do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), que desenvolverão em conjunto um projeto de pesquisa voltado a criar conceitualmente um motor a etanol que apresente melhor desempenho do que os desenvolvidos nas últimas décadas no Brasil.

O projeto foi selecionado em uma chamada de propostas de pesquisa lançada pela FAPESP e pela Peugeot Citröen do Brasil Automóveis (PCBA).

O centro terá apoio da FAPESP e da Peugeot Citroën por quatro anos renováveis por mais seis anos – e tem como objetivo desenvolver motores de combustão interna, adaptados ou desenvolvidos especificamente para biocombustíveis, e sobre a sustentabilidade dos biocombustíveis.

Um comitê internacional – composto por pesquisadores do Paris Institute of Technology (ParisTech), do Instituto Politécnico de Turim, e das Universidades de Cambridge, do Reino Unido, Técnica de Darmstadt, da Alemanha, e da University College London, do Reino Unido – vai assessorar a condução do projeto.

Entre os temas que deverão ser investigados estão novas configurações de motores movidos a diferentes biocombustíveis – incluindo veículos híbridos, redução de consumo e de emissões de gases – e os impactos e a viabilidade econômica e ambiental de biocombustíveis.

“Pretendemos projetar conceitualmente, nos próximos quatro anos, um motor dedicado exclusivamente ao etanol, que apresente maior potência e seja mais eficiente do que o motor flex fuel existente atualmente”, disse Waldyr Luiz Ribeiro Gallo, professor da Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp e coordenador do projeto, à Agência FAPESP.

O Centro de Pesquisas em Engenharia não terá um edifício onde todos os pesquisadores envolvidos no projeto estarão reunidos, explicou Gallo. “As linhas de pesquisa serão disseminadas entre as instituições participantes. Nosso grande desafio será coordenar as atividades desenvolvidas por esses diferentes grupos de pesquisadores.”

De acordo com o pesquisador, a ideia é que o projeto inicial reúna um grupo de pesquisadores especializados em diferentes aspectos de engenharia de motores. A meta, contudo, é que o centro atraia outros pesquisadores, além de novos projetos e mais empresas, de modo a diversificar suas fontes de financiamento e se tornar autossustentável, afirmou.

“Pretendemos que, ao longo do tempo, o centro tenha novas fontes de financiamento – além da FAPESP e da PCBA –, novos projetos e pesquisadores, cresça e extrapole seus limites”, disse Gallo.

“A aprovação da proposta inaugura um modelo de centros de pesquisa em engenharia, que associa características do programa Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) com as do Programa FAPESP de Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica, o PITE”, afirmou Carlos Henrique de Brito de Cruz, diretor científico da FAPESP.

O acordo celebrado entre a FAPESP e a PCBA para a construção de um Centro de Pesquisas em Engenharia foi o primeiro realizado no Brasil pela subsidiária brasileira da montadora francesa de veículos com uma agência de fomento à pesquisa.

“Já tínhamos parcerias diretas com universidades no Brasil, mas até então nenhuma com um agência de fomento à pesquisa, como a FAPESP, intermediando essa relação”, disse Flávio Gomes Dias, coordenador de inovação da PCBA.

“Isso nos deu mais segurança para escolher um projeto de pesquisa para financiar sem errar, porque vimos que os pareceristas da FAPESP são pesquisadores da área reconhecidos no mundo por seus estudos sobre motores a combustão”, avaliou.

A iniciativa de financiar o projeto no Brasil foi tomada pela empresa após a matriz ter decidido, em 2008, que a filial brasileira seria o polo de competência da montadora em pesquisa na área de biocombustíveis, em razão da experiência brasileira nesse campo. Desde então, todos os recursos globais da empresa para essa finalidade são destinados ao Brasil, para que a filial brasileira coordene os projetos na área.

Os pesquisadores pretendem testar, com esse projeto, o conceito de um motor dedicado totalmente ao etanol. “Acreditamos que um motor dedicado totalmente ao etanol poderia ter desempenho e eficiência substancialmente maiores do que o flex fuel”, disse Gallo.

De acordo com Gallo, uma das limitações do motor flex fuel é ter que funcionar bem tanto com etanol como com gasolina. Os combustíveis apresentam diferenças significativas em relação, por exemplo, à resistência à detonação (capacidade de ser comprimido sob altas temperaturas na câmara de combustão).
Fonte: Info Exame via Notimp
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