As Nações Unidas afirmaram ontem que o regime de Bashar Assad está cooperando
para se desfazer de suas armas químicas, conforme prevê o acordo firmado por
americanos e russos que foi chancelado, na semana passada, pelo Conselho de
Segurança da organização. Inspetores internacionais dizem ter obtido um
"encorajador progresso inicial" em sua missão.
Os funcionários da Organização para Proibição de Armas Químicas (Opaq)
preveem que, dentro de uma semana, terão início as visitas a locais que fazem
parte do programa militar clandestino de Assad. Ontem, um novo time de
inspetores desembarcou em Damasco para iniciar os preparativos de uma ampla
operação para desmantelar e, ao final, destruir todas as armas de destruição em
massa do regime sírio.
Segundo o acordo entre as grandes potências e Assad, até o dia 9 de novembro
os inspetores devem ter pronto o inventário completo do arsenal químico da
Síria. A localização, o desmantelamento e a eliminação das armas ocorreriam nos
oito meses seguintes. Americanos e europeus deixam claro que, caso Damasco não
coopere, os preparativos para uma intervenção militar contra o regime serão
retomados.
Os inspetores em território sírio comunicaram os sinais de avanço ontem, após
reuniões com autoridades de Damasco. Segundo um comunicado, os documentos
"parecem promissores", embora sejam necessários mais estudos. "Algumas perguntas
continuam sem resposta", ponderou ainda a equipe da ONU.
Por enquanto, estão na Síria 19 inspetores da Opaq e outros 14 funcionários
das Nações Unidas. No entanto, dentro de uma semana, a missão deve somar 100
pessoas.
A pressão sobre a Síria cresceu após o ataque com gás sarin na periferia de
Damasco, no dia 21 de agosto. Americanos, europeus, ONGs e países da região
acusam o governo Assad de ter cometido o crime, que deixou mais de mil mortos.
Do outro lado, a Síria e a Rússia - sua principal aliada entre as grandes
potências - culpam os rebeldes, que estariam tentando culpar o regime sírio.
Em resposta à tragédia, os EUA, juntamente com a França, iniciaram
preparativos para lançar uma operação militar contra alvos sírios. A ofensiva
foi suspensa após Washington ter aceitado um acordo, sob mediação da Rússia,
segundo o qual o governo de Assad reconheceria oficialmente a posse do arsenal e
abriria mão de suas armas químicas.
A Opaq nunca trabalhou com um cronograma tão apertado - 9 meses. Estima-se
que a Síria tenha mil toneladas de agentes químicos, que os funcionários terão
de eliminar em meio a uma sangrenta guerra civil.
Fonte: Estadão
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