sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Inteligência e sua importancia no cenário mundial do novo século


A atividade de inteligência nos países democráticos, sempre gera reações aversas a esta importante atividade, quer pela sua fama especulativa e uso exclusivo de governos sem transparência em prol da salvaguarda do direcionamento estratégico. Mas na verdade é um instrumento de Estado, que tem como objetivo o fortalecimento do processo decisório com fins estratégicos e de segurança para a nação. No caso brasileiro, o processo de inteligência ainda sofre impactos negativos por resquícios da ditadura militar, que utilizou a inteligência como um instrumento de apoio as atividades de repressão, resultando muitas vezes em tortura e mortes decorrentes do processo de combate a oposição ao regime existente naquele período.
 
A atividade de inteligência deve ser vista pelo Estado e pela sua nação como um instrumento fundamental para a inserção internacional, para a segurança do país, e principalmente para a produção de conhecimentos estratégicos com fins econômicos, tecnológicos, militares e sociais.
 
A inteligência é um componente estratégico do Estado. É um processo fundamental para que o governo possa tomar decisões com o menor risco possível, e neste sentido a atividade deve ser potencializada no cenário externo, considerando todos os interesses nacionais. As grandes potências, e principalmente a superpotência, desenvolvem muito bem e a longa data suas atividades de inteligência. A atividade faz parte do processo histórico da humanidade, desde os primórdios.
 
A política de defesa compreende um conjunto de ações do Estado para o melhor aproveitamento do processo de segurança e proteção, principalmente da defesa do território, da soberania e da proteção dos interesses nacionais, considerando também ameaças externas. No caso brasileiro, considerando a imensidão geopolítica do território nacional, a questão da defesa nacional é de forma abrangente e envolve todos os setores da sociedade. Os princípios que formam a política de defesa integram a linha estratégica da política externa do país, e compreende assim uma série de decisões estratégicas de cunho internacional, e que envolvem o Brasil em um rol de atividades necessárias para que o processo decisório seja efetivo.
 
Neste contexto, a política de defesa deve ser ampliada para o processo de inteligência, pois as ameaças e objetivos de defesa para o Brasil foram ampliados em relação aos princípios básicos, que seriam uma possível guerra interestatal, quase impossível nos dias de hoje. Mas, com o surgimento de novas ameaças no campo de batalha moderno, a atividade toma um novo rumo estratégico deste novo século. Estas novas ameaças, no caso brasileiro são:

·  Terrorismo, e ou utilização do território nacional para planejamento de ações terroristas em outros Estados;

·  Crime organizado e lavagem de dinheiro, sem considerar evasão tributária e fraudes financeiras;

·  Narcotráfico e contrabando de armas de pequeno e grande porte, considerando desvios de armamento de uso exclusivo das forças armadas;

·  Instabilidades internas, com cunho social e movimentos que deturpam o Estado de Direito;

·  Fuga de informações sigilosas do Estado, ou da sociedade que possam causar estragos econômicos, financeiros e jurídicos;
 
·  Bio-pirataria e bio-espionagem, que no Brasil é um problema que cresce violentamente principalmente na Amazônia;
 
·  Espionagem industrial, que interfere de forma grandiosa na competitividade das empresas brasileiras, sem contar o caso de patentes.
 
Considerando estas ameaças, precisamos entender os objetivos da política de defesa do Brasil, que considera os seguintes fatores: garantia da soberania e da integridade territorial, garantia do Estado Democrático de Direito e de suas instituições, garantia do patrimônio e dos interesses nacionais, garantia da projeção do Brasil no cenário mundial e sua maior inserção no processo decisório internacional, a contribuição para a manutenção da paz e da segurança internacional, salvaguarda das pessoas dos bens e dos recursos brasileiros, e principalmente da preservação da coesão e da unidade da Nação.
 
Entendendo o tamanho dos problemas do Brasil, e de sua imensidão geopolítica, a atividade de inteligência é de suma importância para a formação e manutenção da política de defesa. A amplitude do sistema brasileiro de inteligência deve ser considerada como prioridade zero no processo decisório do Estado brasileiro.
 
Recentemente nos deparamos com a divulgação de dados que dão conta das atividades de espionagem dos EUA contra nosso governo, onde ainda não sabemos quais e quantas informações sigilosas e estratégicas de nosso Estado foram interceptadas pelos meios de inteligência daquela nação.
 
O Estado e a Nação devem mudar o status quo da política de defesa, devem considerar que o processo de inteligência, e seus instrumentos de ações devem compor o conjunto de atividades necessárias para a construção de uma linha segura para o país. Nossos dirigentes devem tomar como base modelos de sucesso de outros Estados, como na Inglaterra, na França, nos Estados Unidos, na Itália, em Israel, para o que o processo decisório do país possa ser potencializado, sem desguarnecer suas prioridades básicas de defesa.
 
A política de defesa deve ser ampliada para a discussão das prioridades de defesa, considerando um novo papel das forças armadas, ampliação da atividade de inteligência no exterior, a cooperação dos diversos serviços de inteligência, construção de um balizador de defesa nacional na sociedade não militar, e principalmente da construção de uma nova vertente acadêmica e profissional das questões de defesa na presidência da república e nos seus diversos ministérios. Bem como a criação de uma estrutura interna para proteger as informações estratégicas de nossa nação diante das novas ameaças impostas pela guerra moderna e a nova arena de conflitos virtuais, onde a tecnologia é primordial para se conseguir uma defesa eficaz da informação, criando um sistema eficiente de contra-informação e inteligência.

Por: Angelo Nicolaci - GBN GeoPolítica Brasil 
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