terça-feira, 24 de setembro de 2013

Irã e potências ocidentais devem discutir questão nuclear na ONU

 
O chanceler do Irã deve encontrar representantes de seis potências mundiais na ONU nesta semana para discutir o programa nuclear de Teerã, segundo autoridades americanas e da União Europeia.
O encontro com o chanceler Mohammed Javad Zarif pode incluir o secretário de Estado americano John Kerry. Esse pode ser o encontro face a face mais importante entre americanos e iranianos desde a Revolução Islâmica de 1979, segundo o correspondente diplomático da BBC, Jonathan Marcus.
A reunião deve acontecer em paralelo à Assembleia Geral da ONU em Nova York. O novo presidente iraniano Hassan Rouhani disse estar pronto para retomar, sem precondições, as negociações sobre o tema - que estavam paralisadas.
Segundo Marcus, a comunidade internacional espera encontrar um Irã decidido a fazer concessões em relação ao seu programa nuclear em troca da suspensão ou do alívio das sanções internacionais contra o país.
Teerã, por sua vez, quer uma indicação clara de que os Estados Unidos tratarão o país com respeito, o reconhecendo como uma potência regional. Em paralelo, o governo iraniano disse ter perdoado mais 80 prisioneiros.
Entre eles há um grupo que está detido desde os protestos ocorridos após as disputadas eleições presidenciais de 2009. A ação ocorre dias depois da libertação de outros 11 detentos.
Ações diplomáticas

 A chefe de política externa da União Europeia, Catherine Ashton, disse que Zarif - que também é o negociador chefe da questão nuclear - encontraria nessa semana membros dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Grã-Bretanha, China, França, Rússia e Estados Unidos) e da Alemanha (do grupo chamado de P5 +1).
"Tivemos uma boa e construtiva discussão", afirmou a baronesa Ashton depois da reunião com Zarif na segunda-feira.
Ela afirmou ter ficado impressionada com a "energia e a determinação" demonstrada pelos iranianos.
Autoridades da União Europeia disseram ainda que a equipe de Ashton deve se reunir novamente com Zarif no mês de outubro em Genebra para continuar a debater o tema.
Uma autoridade do Departamento de Estado dos EUA disse à agência AFP que "ninguém deve ter expectativas de que vamos resolver esse assunto de décadas durante a reunião do P5+1 nesta semana".
Os encontros durante a Assembleia Geral da ONU são parte de uma ofensiva diplomática de Rouhani, segundo a correspondente da BBC em Nova York Bridget Kendall.
Em 2007, a secretária de Estado Condoleezza Rice deveria ter se sentado ao lado do então chanceler iraniano Manouchehr Mottaki em um jantar de cúpula no Egito, mas Mottaki não compareceu ao evento.
Na semana passada, Rouhani disse que seu país nunca construiria armas nucleares.
Em uma entrevista à rede american NBC, o presidente iraniano disse que tem completa autoridade para negociar com o Ocidente sobre o programa de enriquecimento de urânio de Teerã.
Ele classificou uma carta recente que recebeu do presidente americano Barack Obama como "positiva e construtiva".
Um porta-voz da Casa Branca disse que a carta de Obama "indicava que os Estados Unidos estão prontos para resolver a questão nuclear de uma forma que permita ao Irã demonstrar que seu programa nuclear é para propósitos exclusivamente pacíficos".
"A carta também transmitiu a necessidade de se agir com senso de urgência para resolver a questão porque, como dizemos há muito tempo, a janela de oportunidade para resolver isso diplomaticamente está aberta, mas não ficará aberta indefinidamente", o porta-voz afirmou.
Os últimos acontecimentos surgiram em meio a sugestões de que Obama e Rouhani podem se encontrar em paralelo à realização da Assembleia da ONU e apertar as mãos.
Em sua campanha eleitoral neste ano, Rouhani prometeu uma abordagem mais moderada e aberta sobre questões internacionais.
O Irã está sob sanções da ONU e do Ocidente relacionadas a seu controverso programa nuclear.
Teerã diz que está enriquecendo urânio com fins pacíficos, mas os EUA e seus aliados suspeitam que os líderes iranianos tentam construir uma arma nuclear.
 
Fonte: BBC Brasil
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