O presidente iraniano, Hassan Rohani, disse nesta terça-feira que seu país não renunciará "nem um milímetro" aos seus direitos nucleares - retomando uma expressão de seu antecessor Mahmud Ahmadinejad -, depois que a AIEA pediu mais cooperação à nova equipe no poder no Irã.
"No âmbito nuclear, nosso governo não renunciará nem um milímetro aos direitos absolutos do Irã, mas ao mesmo tempo tentará fazer (as negociações) avançarem com racionalidade e argumentos", afirmou Rohani.
Os países ocidentais acusam o Irã de tentar se dotar de armas nucleares se amparando em um programa civil, o que Teerã desmente.
O ex-presidente Ahmadinejad, um conservador, não parou de desafiar o Ocidente desde 2005 repetindo que o Irã não renunciaria "nem um milímetro aos seus direitos legítimos" no âmbito nuclear.
Na segunda-feira, o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano, considerou "urgente e essencial que o Irã coopere conosco", mas também se declarou disposto a "trabalhar com a nova equipe (...) para resolver os temas pendentes".
Desde 2012, a AIEA tenta alcançar um acordo para verificar as suspeitas sobre o possível objetivo militar do programa nuclear iraniano.
Eleito em junho com o apoio dos reformistas e dos moderados, Rohani prometeu uma "mudança" na política externa, dizendo que queria levar adiante "negociações sérias sem perder tempo" com as grandes potências sobre o dossiê nuclear e que estava disposto "a uma maior transparência".
Mas, ao mesmo tempo, se nega a ceder "aos direitos inegáveis" do Irã, em particular sobre o enriquecimento de urânio, o tema que realmente preocupa os países ocidentais e que motivou a imposição de sanções econômicas drásticas.
O Ocidente deve entender que não conseguirá "nenhum resultado mediante as ameaças e as pressões", insistiu nesta terça-feira Rohani, citado pela imprensa local.
"Nas negociações, as duas partes devem ter dois objetivos comuns. O primeiro é garantir o caráter pacífico do programa nuclear, que é o objetivo do Ocidente, mas também o nosso", explicou o chefe da diplomacia, Mohamad Javad Zarif, citado pela televisão pública.
O segundo "deve ser a aplicação do direito do Irã ao enriquecimento de urânio em território iraniano com mais de transparência e dentro das regras" da AIEA, acrescentou. "Acreditamos poder conseguir uma solução intermediária e estamos dispostos a cooperar completamente. Esperamos que também seja o caso da outra parte".
Desejoso de negociar uma flexibilização das sanções que asfixiam a economia de seu país, Rohani tomou uma série de decisões para demonstrar que queria um novo enfoque nas negociações com o grupo 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha).
Também colocou à frente das negociações Zarif, um de seus colaboradores, nomeou um diplomata de carreira, Reza Najafi, substituindo Ali Asghar Soltanieh como embaixador na AIEA, e Ali Akbar Salehi, ex-chefe da diplomacia conhecido por seu pragmatismo, à frente da Organização Iraniana de Energia Atômica.
E nesta terça-feira designou Ali Shamjani, ex-ministro da Defesa, como secretário do Conselho Supremo da Segurança Nacional substituindo Said Jalili, um ultraconservador que estava a cargo das negociações nucleares.
Zarif formou parte em 2003 da equipe dirigida por Rohani, que havia levado adiante as negociações nucleares com Paris, Londres e Berlim e aceitado a suspensão do enriquecimento de urânio e a aplicação do protocolo adicional ao Tratado de Não Proliferação (TNP), que permite um maior controle das instalações nucleares do país.
Embaixador na ONU de 2002 a 2007, Zarif entrou em contato com muitos diplomatas estrangeiros e autoridades americanas para tentar sair do atoleiro no qual se encontram as negociações, interrompidas em abril.
E no fim de setembro se reunirá em Nova York, à margem da Assembleia Geral da ONU, com a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, e com seu colega francês, Laurent Fabius.
Fonte: AFP
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