A famosa marca de armas Kalashnikov poderá abandonar o Exército russo. O Ministério da Defesa não permitiu testar nas fileiras do Estado o mais recente protótipo do consórcio: o fuzil de assalto AK-12, concebido como parte do equipamento militar de última geração "Rátnik" (Guerreiro, em português). O comando das Forças Terrestres informou que, no lugar do AK-12 e de outros artigos da mesma linha, foi escolhido o fuzil da fábrica Degtiarev, localizada na cidade de Kovrov, região de Vladímir.
O projetista-chefe da fábrica Degtiarev, Vladímir Gromov, informa que se trata da nova arma da linha do AEK-971, desenvolvido na década de 1980. A sua característica distintiva é um sistema de equilíbrio da arma que permite o recuo do disparo ser compensado por um dispositivo especial –um prumo.
"Testes preliminares foram realizados em cinco protótipos: dois fuzis, duas metralhadoras e uma espingarda de precisão. Em qualquer uma das cinco categorias fomos aprovados para os testes estatais de aceitação, que estarão concluídos até o final do ano", disse Gromov.
O fuzil da fábrica Degtiarev apresentou melhor agrupamento e precisão de tiro, incluindo em caso de rajadas disparadas a partir de posições instáveis. Os protótipos apresentados pelo consórcio Kalashnikov não satisfizeram os militares pelos parâmetros de fiabilidade, exatidão e ergonomia. Agora o consórcio tem cerca de um mês para suprir as lacunas e apresentar um novo protótipo. Se ele possuir as características necessárias será então dada permissão para que siga para os testes estatais de aceitação. No entanto, na sede das Forças Terrestres do Exército os comentários são de que a probabilidade de isso acontecer é pouca, uma vez que as exigências eram conhecidas há dois anos e, no entanto, a Kalashnikov não conseguiu criar uma arma que as satisfizesse.
Agora, o recém-formado consórcio terá que procurar outros mercados de escoamento da produção. O professor Viktor Korablin, da Academia de Ciências Militares, acredita que o AK-12 pode ser proposto a mercados estrangeiros, cujos volumes das encomendas são medidos em centenas de milhares de exemplares.
"O fuzil é a principal arma dos exércitos de todo o mundo e é por isso que todos os fabricantes de armas concorrem por este mercado. É claro que hoje ninguém fala em encomendas de milhões de unidades, mas lotes de dezenas de milhares de unidades podem muito bem encontrar comprador", disse Korablin.
O editor-chefe da revista “Arsenal da Pátria”, Víktor Murakhóvski, explicou que o fuzil de Kovrov ainda não é produzido em série e que, por isso, a fábrica de Degtiarev terá que agilizar significativamente o processo de fabricação.
"Falando de um modo geral, a fábrica de Kovrov é uma empresa privada. Ela não faz parte de nenhum consórcio. E os artigos militares, de acordo com os dados mais recentes, ocupam de 12% a 15% da sua produção total. Por isso, se a demanda por estes fuzis for elevada, eles terão que aumentar a produção", disse Murakhóvski.
Paralelamente, Gromov informou que a direção da fábrica está contando com a ajuda estatal para estabelecer uma cadeia de produção em série.
"O número de soldados que vão necessitar dos fuzis irá determinar quais as máquinas de fabricação necessárias para produzi-las e, consequentemente, o custo final do artigo", disse Gromov.
Ele acrescentou que a fábrica Degtiarev espera comprar no exterior um grande lote de novas máquinas de fabricação para conseguir criar uma linha de produção dos novos fuzis.
Entretanto, o consórcio Kalashnikov não vão desistir da luta por uma encomenda do Ministério da Defesa. A decisão final sobre as compras do exército será tomada apenas em 2014 e não está ainda excluída a possibilidade de se encontrarem alguns AK-12 entre os protótipos a serem comprados para testes militares.
Fonte: Gazeta Russa
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