As cenas mostrando a intoxicação de jovens e crianças em um
suposto ataque com armas químicas na Síria acendeu a luz amarela em relação ao
conflito.
Os Estados Unidos já sinalizaram que um ataque deve ocorrer nos próximos
dias, com consequências ainda incertas para a região.
Mas e os outros países, de que lado ficam no desenrolar da crise?
Confira:
No Oriente Médio
Turquia
O governo turco tem sido um dos críticos mais ácidos ao presidente sírio
Bashar Al-Assad. O chanceler turco, Ahmet Davutoglu, já disse que o país está
pronto para integrar uma coalizão internacional contra a Síria, caso o Conselho
de Segurança da ONU não determine uma ação militar.
Arábia Saudita e monarquias do Golfo
As monarquias do Golfo vêm desde o início do conflito financiando as forças
de oposição a Assad. A Arábia Saudita é um rival do regime sírio há anos e tem
atuado no campo diplomático para angariar apoio internacional aos grupos
rebeldes.
Israel
Embora tenha tentado se manter longe do conflito, Israel por três vezes
bombardeou a Síria este ano, alegando ataque preventivo contra supostos
carregamentos de munição do grupo extremista libanês Hezbollah.
O país também respondeu ataques a tiros vindo da Síria contra alvos nas
Colinas de Golã, território sírio ocupado por Israel.
Nos últimos dias, autoridades israelenses condenaram o suposto ataque com
armas químicas e indicaram apoio a uma ação militar internacional.
"Nosso dedo deve estar a postos. O nosso é um dedo responsável que, se
necessário, estará no gatilho", disse o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu.
Israel sabe que um ataque internacional à Síria pode repetir o contexto da
Guerra do Golfo, em 1991. Na ocasião, o Iraque atacou Tel Aviv com mísseis Scud
em uma tentativa de arrastar Israel para o conflito.
Líbano
O chanceler libanês, Adana Mansour, disse que não apoia a ideia de um ataque
à Síria. "Não acho que essa ação serviria à paz, à estabilidade e a segurança na
região", diz.
Dois ataques à bomba ligados ao conflito sírio mataram quase 60 pessoas no
Líbano neste mês. O grupo Hezbollah, que é muçulmano xiita, se colocou
abertamente ao lado de Assad (que é muçulmano alauita, um ramo do xiismo).
Por outro lado, há grupos sunitas libaneses apoiando os rebeldes sírios
(majoritariamente sunitas).
O Líbano também recebeu milhares de refugiados sírios, sendo o destino mais
procurado por quem foge do país em guerra.
Irã
A República Islâmica do Irã (de orientação xiita) tem sido o maior apoiador
do regime sírio na região. Nesta semana, o Irã alertou uma alta autoridade da
ONU em visita a Teerã das "sérias consequências" de qualquer ação militar.
O chanceler Abbas Araqchi também disse que os supostos ataques com bombas
químicas foram perpetrados pela oposição, e não pelo regime de Assad.
Fora da região
Estados Unidos
Após a cautela inicial em relação aos supostos ataques químicos, os Estados
Unidos subiram o tom. O secretário de Estado, John Kerry, disse que o uso de
armas químicas pelo regime sírio era "inegável" e uma "obscenidade moral".
Desde então, Washington aumentou a presença militar naval no Mediterrâneo,
alimentando os rumores de que um ataque é iminente. A expectativa dos analistas
é que os americanos lancem um ataque de uma base naval com mísseis apontados
para instalações militares sírias.
Reino Unido
Principais aliados dos americanos, os britânicos já organizam um plano
militar de contingência, segundo o gabinete do primeiro-ministro David Cameron.
Qualquer ação será "proporcional", dentro da lei e seguirá o que for decidido
pelos aliados internacionais, disse um porta-voz de Cameron.
Na segunda-feira, o chanceler William Hague disse à BBC que a pressão
diplomática sobre a Síria fracassou e que o Reino Unido, "os Estados Unidos e
muitos outros países, incluindo a França, estão certos de que não podemos
aceitar no século 21 a ideia de que armas químicas possam ser usadas com
impunidade".
França
Um dia após a veiculação das imagens do suposto ataque químico, o chanceler
Laurent Fabius pediu uma "reação de força" caso se comprovasse o uso de tais
armas.
A França está entre os países com a retórica mais dura contra Assad. Foi o
primeiro país ocidental a reconhecer o principal grupo opositor como
representante legítimo do povo sírio.
Junto ao Reino Unido, a França também pressiona a União Europeia para que
esta levante o embargo de armas à Síria, a fim de fornecer armamentos aos
rebeldes.
Rússia
A Rússia é um dos mais importantes aliados do regime de Assad e tem advogado
por uma solução diplomática para a crise. Qualquer iniciativa contra a Síria no
Conselho de Segurança também seria vetada pelos russos.
Moscou já criticou qualquer possibilidade de ataque internacional, dizendo
que decisões tomadas fora do Conselho de Segurança poderiam ter "consequências
catastróficas para outros países do Oriente Médio e do norte da África".
China
A China se juntou à Rússia ao bloquear resoluções contrárias à Síria no
Conselho de Segurança. Também falou contra um provável ataque internacional
contra os sírios.
A agência de notícias estatal chinesa Xinhua disse que os países ocidentais
têm chegado a conclusões precipitadas sobre o suposto ataque químico antes mesmo
da inspeção da ONU.
Brasil
O Brasil desde o início procurou se manter afastado da crise síria, sendo
inclusive alvo de críticas ao pedir uma solução diplomática para o conflito em
momentos que os aliados ocidentais defendiam uma postura mais contundente.
Após o suposto ataque químico, o Itamaraty soltou nota dizendo "que o ataque
perpetrado nos arredores de Damasco (...) constituiu ato hediondo, que chama a
atenção da comunidade internacional para a necessidade de esforços
concentrados".
Apesar do tom mais duro, o Brasil ainda "reitera sua posição de que não
existe solução militar para o conflito e recorda seu apoio à convocação de
conferência internacional sobre a situação síria".
Fonte: BBC Brasil
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