A venda ao Irã de complexos S-300VM Antei-2500 formalmente não violaria o decreto de Dmitri Medvedev (na altura presidente da Rússia) de setembro de 2010 proibindo o fornecimento de sistemas de defesa aérea para Teerã. Estes complexos têm rótulos diferentes e provêm de outra fábrica. Em alguns aspectos eles até são mais perfeitos, diz o diretor do Centro de Estudos Sociais e Políticos Vladimir Evseev:
“O sistema S-300VM é mais adequado para tarefas de defesa antimíssil do que defesa aérea. Deste ponto de vista, ele tem vantagens sobre o S-300, particularmente na intercepção de mísseis balísticos. Isto é de importância crucial. Se, hipoteticamente, o Irã será atacado, o primeiro golpe será justamente um ataque de mísseis e é muito importante interceptá-los.”
O anterior cancelamento do contrato de fornecimento de S-300 não estava diretamente ligado à resolução do Conselho de Segurança da ONU reforçando as sanções contra o Irã em junho de 2010, explica Vladimir Evseev. O S-300 é uma arma puramente defensiva, e a resolução número 1929 não diz nada sobre esse tipo de armamentos. Na altura, a Rússia não queria agravar a situação em torno do Irã, que já era explosiva, e de fato ampliou a ação do documento da ONU.
Em resposta, Teerã entrou com uma ação de 4 bilhões de dólares contra a Rússia. O montante inclui não apenas as perdas causadas pelo cancelamento do contrato de fornecimento de S-300. Segundo o especialista, a maior parte é constituída de sanções acumuladas pelo não cumprimento de contratos militares anteriores. O congelamento de fornecimentos militares foi estipulado num acordo anterior, de 1995, entre o vice-presidente dos EUA Al Gore e o primeiro-ministro russo Viktor Chernomyrdin.
O fornecimento de novos complexos ajudaria a fechar uma página difícil nas relações russo-iranianas, acredita Vladimir Evseev:
“Sistemas iranianos de produção própria são muito inferiores às capacidades do S-300VM Antei-2500, e o fornecimento de sistemas russos seria de extremo interesse para o Irã. Eu acho que se a Rússia fornecer estes complexos, os iranianos desistirão de suas reivindicações para com a Rússia sobre contratos anteriormente não cumpridos no domínio da cooperação técnico-militar.”
Existe também um ponto de vista contrário: Teerã continua contando com os S-300 e os S-300VM não serão uma saída da situação. Eis o comentário do especialista do Centro de Segurança Internacional da Academia Russa de Ciências, Piotr Topychkanov:
“O Irã deve tomar uma posição mais construtiva nas negociações com a AIEA para garantir que as sanções da ONU sejam aliviadas. E, neste caso, poderemos fornecer-lhe os S-300. Nenhuma substituição não iria satisfazer o Irã. Além disso, qualquer modificação do S-300 causará protestos da parte de Israel e da Europa.”
Sistemas antimísseis não são o único tema das possíveis negociações que esperam Vladimir Putin em Teerã. Rússia seria interessada em saber se o novo presidente e defensor de reformas Hassan Rohani está inclinado para demonstrar uma maior flexibilidade no que diz respeito ao programa nuclear iraniano.
Acrescentamos que, caso a visita for realizada, Putin será o primeiro líder estrangeiro a visitar Teerã após 3 de agosto, quando Rohani assumirá o cargo. Se a visita do líder russo tiver o estatuto de Visita de Estado, será um evento verdadeiramente histórico, o primeiro semelhante desde 1943.
Fonte: Voz da Rússia
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