Um relatório sobre drogas divulgado pela Organização dos
Estados Americanos (OEA) na noite de sexta-feira na Colômbia sugere a
possibilidade da legalização da maconha no continente americano.
O documento é o primeiro de uma organização multilateral a admitir a
possibilidade de legalização. A OEA reúne os 35 Estados independentes das
Américas.
O relatório foi entregue pelo secretário-geral da OEA, o chileno José Miguel
Insulza, ao presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, anfitrião da Sexta
Cúpula das Américas, realizada no ano passado, quando se encomendou o relatório
para analisar a chamada "guerra às drogas".
O estudo da organização concluiu que a questão do uso de drogas deveria ser
tratada primordialmente como uma questão de saúde pública e que os usuários
deveriam ser tratados como doentes, não processados criminalmente.
O documento também destaca as grandes somas de dinheiro que poderiam ser
poupadas pelos governos com a reavaliação da guerra às drogas.
Apesar disso, o relatório diz que não há apoio suficiente entre os países
membros da OEA para a legalização das drogas ilícitas consideradas mais sérias,
como cocaína e heroína.
Discussões políticas
"O relatório que a OEA nos entregou hoje é uma peça importante para a
construção de um caminho que nos permita enfrentar esse problema", afirmou o
presidente colombiano, um dos principais defensores de mudanças na guerra às
drogas. "Agora que o trabalho real começa, que é a discussão (do relatório) no
nível político", disse.
"Vamos deixar claro que ninguém aqui está defendendo nenhuma posição, nem
legalização, nem regulação, nem guerra a qualquer custo. O que precisamos fazer
é usar estudos sérios e bem considerados como esse que a OEA nos apresentou hoje
para buscar melhores soluções", disse.
Insulza, por sua vez, disse que o objetivo do relatório era "não esconder
nada" e mostrar como o problema das drogas "afeta cada país e região, o volume
de dinheiro que as drogas fazem circular e quem se beneficia dele, mostrar como
as drogas corroem a organização social, a saúde pública, a qualidade do governo
e até mesmo a democracia".
O relatório chama a atenção para o fato de que as Américas são a única região
do mundo na qual todas as etapas relacionadas às drogas estão presentes:
cultivo, produção, distribuição e consumo.
Além disso, indica o documento, a região concentra aproximadamente 45% dos
usuários de cocaína do mundo, cerca de 50% dos usuários de heroína e um quarto
dos consumidores de maconha.
O consumo de drogas no continente gera, segundo a OEA, US$ 151 bilhões anuais
somente com a venda do produto.
"A relação entre as drogas e a violência é uma das muitas causas de temor
entre nossos cidadãos e contribui para tornar a segurança uma das questões mais
preocupantes para os cidadãos de todo o hemisfério", afirmou Insulza. "Esta
situação precisa ser enfrentada com maior realismo e efetividade se quisermos
avançar", disse.
Fonte: BBC Brasil
Parece que finalmente essa questão das drogas começa a ser tratada com mais inteligência. Se alguém se vicia em cheirar gasolina, ou cola de sapateiro, pensaríamos em proibir a produção e a comercialização desses produtos? Certamente que não. O que está em questão é o vício, a dependência e os malefícios que ele gera, seja na saúde ou na sociedade. Então é uma questão de saúde. O esmagador problema da violência relacionada às drogas, na verdade está relacionado à sua proibição, os meios escusos encontrados p/ comercializá-la, e consequentemente à repressão do estado. Deve-se primeiro analisar a própria violência da sociedade que oprime o cidadão e o leva à vida marginal ou ao vício, ou simplesmente encarar a fragilidade humana da forma como ela merece, mais humana.
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