domingo, 26 de maio de 2013

Foguetes atingem Beirute e ameaçam 'exportar' confronto sírio

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Dois foguetes atingiram, neste domingo, uma loja de automóveis e um prédio residencial de Beirute que ficam em regiões da cidade tidas como bastiões do movimento xiita Hizbullah. Ninguém reivindicou a autoria desses ataques, mas eles são vistos como um novo avanço do confronto sírio rumo ao vizinho Líbano.
 
Os problemas sectários do Líbano espelham os da Síria, e o Hizbullah já prometeu lutar "até o fim" pela vitória do ditador Bashar al-Assad. O sírio integra a minoria alauita, que é uma facção do islã xiita, do qual faz parte o Hizbullah. Tanto os rebeldes sírios quanto a oposição libanesa são sunitas.
 
Na Síria, a luta por poder entre as tropas leais ao regime e os rebeldes teve início há mais de dois anos e já matou mais de 80 mil pessoas, segundo a ONU.
 
Os foguetes foram lançados apenas algumas horas depois de o chefe do Hizbullah Hassan Nasrallah ter feito um discurso de apoio a Assad. Quatro pessoas se feriram nas explosões.
 
Em Bagdá, também neste domingo, o chanceler sírio, Walid al-Moallem, confirmou pela primeira vez que o regime aceita, "em princípio", fazer parte da negociação de paz que ocorrerá no mês que vem, em Genebra (Suíça), com mediação da ONU, por iniciativa dos Estados Unidos e da Rússia. Deverão participar também representantes das diferentes facções rebeldes.
 
O sírio afirmou que a conferência é tida por Assad como uma boa oportunidade de debater a crise política no país. A data, a pauta e a lista de convidados para a conferência ainda não estão confirmadas, e, por isso, há de se esperar que o regime apresente condições para o envio de seus representantes.
 
Representantes de Washington e Moscou se reunirão em Paris nesta segunda-feira (27) para debater esses detalhes.
 
O principal assunto deve ser a renúncia de Assad, uma exigência dos países ocidentais. No começo deste mês, em uma entrevista ao espanhol "El Clarín", Assad afirmou que o seu futuro não será decidido em conferências internacionais, e sim pelo povo sírio, por meio de eleições.
 
BATALHA
 
Desde a semana passada, as forças sírias apoiadas pelo Hizbullah e os rebeldes se enfrentam pelo controle da cidade síria de Qusair, que é considerada estratégica por sua posição geográfica, entre a capital Damasco e a costa mediterrânea, que é de maioria alauita. O local está em poder dos rebeldes.
Fonte ligada ao Hizbullah afirmou que as forças oficiais já tomaram 80% de Qusair.
 
Segundo uma fonte militar síria, o aeroporto está cercado, e os rebeldes que estão no local perderam contato com aqueles que se encontram no norte da cidade.
 
O Hizbullah admitiu a morte de 22 militantes nos confrontos deste sábado (25). Os rebeldes dizem que foram 45.
 
Fonte: Folha
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Índia testa com sucesso o novo míssil BrahMos

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Segundo informou o Ministério da Defesa da Índia, este país testou com sucesso a versão naval do míssil de cruzeiro BrahMos.
 
O míssil tem a capacidade para atingir alvos a uma distância de 290 km, incluindo alvos terrestres a 10 m da superfície do solo. O BrahMos já equipa as forças terrestres indianas e navios de superfície da Marinha de Guerra da Índia. Em março foi realizado pela primeira vez com sucesso a versão para submarinos do míssil de cruzeiro BrahMos. Ao longo do ano deverão ser realizados os testes do míssil de baseamento aéreo.
Os testes da versão naval foram realizados no âmbito do conjunto de testes do armamento instalado na fragata Tarkash, construída na Rússia. Os navios do projeto 11356, que incluem a Tarkash, se destinam a combate autônomo em áreas marítimas e oceânicas ou em esquadras na qualidade de navios de escolta. As suas capacidades de combate permitem realizar missões de deteção e destruição de submarinos inimigos, de defesa antinavio, antiaérea e antissubmarino de navios de guerra ou comerciais em alto mar, de apoio a operações militares terrestres e realizar apoio a operações de desembarque.
Os mísseis BrahMos irão equipar as três fragatas que a Rússia construiu para a Índia: a Tarkash, a Teg e a Trikand. Os primeiros dois navios já foram incorporados na Marinha de Guerra indiana. A chegada da Trikand, que virá de Kaliningrado, é esperada para breve. O seu aparecimento na Marinha da Índia se destina a aumentar significativamente o seu poder de ataque. Os mísseis BrahMos deverão também equipar outros navios de combate da Marinha indiana. Isso inclui o porta-aviões Vikramaditya construído na Rússia, e que vai ser entregue à Marinha indiana durante o corrente ano, referiu o antigo chefe do Estado-Maior das Forças de Mísseis Estratégicos da Rússia, Viktor Yesin:
“O míssil de cruzeiro BrahMos é um dos projetos conjuntos de sucesso entre a Rússia e a Índia, o que até se refletiu no seu nome. A empresa mista BrahMos Aerospace Limited foi batizada em honra de dois rios, o Brahmaputra e o rio Moscou. A empresa fabricante do míssil BrahMos tem a sua sede na Índia. O míssil é fabricado com o esforço conjunto dos engenheiros russos e indianos, mas o papel principal foi atribuído aos especialistas indianos, em conformidade com o acordo assinado. Como base para a criação desse míssil foi tomado um míssil supersônico análogo russo, porém, o míssil fabricado na Índia já é, graças aos especialistas russos e indianos, a sua versão aperfeiçoada.
O míssil BrahMos tem uma elevada compatibilidade tecnológica. Ele é também largamente utilizado pelas forças terrestres indianas, nomeadamente as tropas de fronteira de Arunachal Pradesh e de outras regiões fronteiriças que já estão equipadas com esse míssil. Quanto á Força Aérea Indiana, ela também está a trabalhar intensamente. O míssil irá equipar os caças Su-30MKI e MiG-29.
O míssil BrahMos começou a ser introduzido nas Forças Armadas da Índia em 2005. Segundo as análises dos especialistas, no mundo ainda não existem mísseis idênticos a este, que tenham uma velocidade supersônica tão elevada. Comparando com os mísseis da mesma classe, que estão hoje no ativo, o BrahMos possui as vantagens de ter o triplo da velocidade e um tempo de reação 3-4 vezes melhor. O míssil é pouco visível nos radares. Contudo, para não violar os acordos internacionais sobre não-proliferação de tecnologias de mísseis, o seu alcance foi limitado para 290 quilômetros.
O voo do míssil, cujo peso é de 3 t na sua versão de base, se realiza em altitudes entre os 10 e os 14 mil metros em trajetória variável. O míssil pode contornar facilmente os obstáculos que encontra, montanhas, colinas e outros, atingindo os alvos que se encontram protegidos por eles. Com esse míssil funciona na prática o princípio “dispara e esquece”: ele próprio vai à procura do alvo.
 
Fonte: Voz da Rússia
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quinta-feira, 23 de maio de 2013

Oposição se organiza contra drones e robôs matadores

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O uso intensivo de drones militares pelos Estados Unidos provoca uma onda de protestos e críticas que chega a Genebra na próxima semana. Em defesa do direito internacional humanitário, uma coalisão de ONG quer conter a corrida tecnológica aos robôs matadores autônomos.
 
A robotização crescente da área militar abre uma perspectiva inédita e preocupante que os defensores dos direitos humanos e guardiões das Convenções de Genebra tentam conter, através de duas maneiras distintas.

A primeira diz respeito ao uso de drones ou veículos aéreos não tripulados (VANT, na sigla em português), na luta internacional contra o movimento Al Qaeda. Um programa lançado depois do 11 de setembro é intensamente utilizado pela administração Obama. O Bureau of Investigative Journalism, uma organização sem fins lucrativos baseada em Londres, calcula que os ataques de drones entre 2004 e 2013 provocaram, somente no Paquistão, entre 2.500 e 3.500 mortos (incluindo várias centenas de civis e quase 200 crianças) e mais de 1.000 feridos.
 
Pressões sobre Obama
 
Para determinar se as Convenções de Genebra foram violadas, o Conselho dos Direitos Humanos encarregou Bem Emmerson, rrelator especial da ONU em contra terrorismo e direitos humanos, de investigar o assunto. Segundo esse advogado britânico, o objetivo central dessa enquete é avaliar se os ataques de drones causaram um número desproporcional de vítimas civis, o que contraria o direito humanitário (DIH) existente.

Ben Emmerson deve apresentar os resultados de sua enquete em setembro, durante a 68ª Assembleia-Geral da ONU. Sob a pressão de sua opinião pública, a administração Obama parece consciente do problema, pensando em transferir toda a gestão desse programa de eliminação de grupos terroristas da opaca CIA ao um pouco mais transparente Pentágono (Ministério da Defesa), segundo o Daily Beast (site de informação associado à Newsweek). Mesmo assim, o governo americano deve regularmente prestar contas dessa política contra o terrorismo diante das comissões parlamentares.

“Essa transferência por enquanto é só rumor. Nada de oficial foi anunciado, mas essa mudança iria na boa direção do que pedimos”, precisa à swissinfo.ch Andrea Prasow, especialista da luta contra o terrorismo da ONG Human Rights Watch.

Em paralelo, Christof Heyns, outro especialista da ONU em execuções extrajudiciais, sumárias ou arbitrárias, vai apresentar em Genebra dia 29 de maio um novo relatório durante a 23ª sessão do Conselho dos Direitos Humanos. Esse documento centrado nos “robôs letais autônomos”, pede uma moratória internacional no desenvolvimento desses engenhos de guerra.
 
Humano é descartado
 
Em eu relatório, Christof Heyns vai na mesma direção: “Com a aceleração do ritmo em que ocorrem as guerras, os homens se tornaram o elo fraco do arsenal militar e são paulatinamente retirados do processo de tomada de decisões.”

Especialista em segurança, Alexandre Vautravers estima que ainda estamos longe disso. “É preciso separar as coisas entre o sensacional e os sistemas assistidos ou que dispõem de uma cerca autonomia. Por exemplo, ceras munições procuram, através de diferentes captores e sem operador veículos blindados ou alvos graças a diferentes algoritmos; são armas “fire and forget” (atira e esquece). Se o míssil não acha o alvo, no caso veículos blindados ou radares, ele se autodestrói. É bom lembrar que esse tipo de programa informático existe há mais de 20 anos.”
A Suíça e os drones militares
 
O exército suíço pretende equipar-se com novos drones de observação não armados para substituir os que utiliza desde 2001, os drones ADS 95 Ranger.

Segundo Armasuisse, centro de competência federal para aquisição de sistemas complexos de armamento, dois sistemas de drones dos fabricantes israelenses Israel Aerospace Industries Ltd (IAI) ee Elbit Systems (Elbit) estão em avaliação.

“A avaliação dever terminar em meados de 2014, o que permitirá escolher entre os dois sistemas; a Suíça não participa do desenvolvimento desses sistemas”, precisa à swissinfo.ch François Furer, porta-voz de Armassuisse.

Por sua vez, RUAG, empresa 100% estatal do setor de defesa e aeroespacial, participa do programa nEUROn conduzido pela francesa Dassault Aviation, de um protótipo de drone de combate semiautônomo.

“RUAG é responsável pelos testes em canal de vento a baixa velocidade e das interfaces entre a plataforma e os armamentos”, precisa a Dassault em seu site internet.
Vautravers acrescenta que “hoje temos sistemas que podem se organizar entre eles como roubar em grupo para dar uma cobertura radio através de relés ou um campo de visão completo de um espaço particular. A Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL) tem laboratórios que trabalham sobre esse tipo de sistema, mas Terminator ainda está longe de ser concluído, até porque os orçamentos militares nos países mais avançados, a começar pelos Estados Unidos, sofrem cortes.”

Em seu relatório, Christof Heyns diz que é urgente regulamentar. “A tecnologia evolui de maneira exponencial e ninguém pode prever o futuro exato; também é quase impossível determinar até que ponto vamos chegar para utilizar robôs totalmente autônomos (...) De acordo com alguns documentos militares, um certo número de Estados têm programas de desenvolvimento de armas robotizadas aéreas, terrestres e navais dotados de autonomia mais ou menos grande. Recursos importantes são destinados a esse fim.”
 
Guerra permanente
 
Uma coisa é certa. A guerra está mudando de natureza, depois que os drones entraram em cena nos anos 1990. “A experiência com esses veículos aéreos de combate sem piloto mostrou que esse tipo de tecnologia militar é facilmente utilizável fora dos campos de batalha reconhecidos.

O perigo nesse caso seria considera o mundo como um único e vasto campo de batalha permanente, se inquieta Christof Heyns. “O desenvolvimento da robótica, por sua própria natureza, é geralmente difícil a regulamentar, sobretudo no controle de armas. Além disso, existe uma continuidade entre as tecnologias militares e não militares. Uma mesma plataforma robótica pode ter aplicações civis como militares e pode ou não ser utilizada com capacidade letal.”

É por essa razão que Andrea Bianchi defende um debate aprofundado dessas questões. “Seria bom reunir os diferentes atores dessa questão – não somente a Cruz Vermelha, a ONU e os Estados, mas também cientistas especialistas em direitos humanos – para uma reflexão a mais honesta possível; o avanço tecnológico é tal que o direito humanitário internacional (DIH) não pode ficar para trás.”

Esse também é o efeito esperado da campanha Stop Killer Robots: a abertura de um debate público de um assunto até agora restrito aos meios militares
 
Fonte: Notimp
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OEA sugere possível legalização da maconha nas Américas

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Um relatório sobre drogas divulgado pela Organização dos Estados Americanos (OEA) na noite de sexta-feira na Colômbia sugere a possibilidade da legalização da maconha no continente americano.
O documento é o primeiro de uma organização multilateral a admitir a possibilidade de legalização. A OEA reúne os 35 Estados independentes das Américas.
 
O relatório foi entregue pelo secretário-geral da OEA, o chileno José Miguel Insulza, ao presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, anfitrião da Sexta Cúpula das Américas, realizada no ano passado, quando se encomendou o relatório para analisar a chamada "guerra às drogas".
O estudo da organização concluiu que a questão do uso de drogas deveria ser tratada primordialmente como uma questão de saúde pública e que os usuários deveriam ser tratados como doentes, não processados criminalmente.
O documento também destaca as grandes somas de dinheiro que poderiam ser poupadas pelos governos com a reavaliação da guerra às drogas.
Apesar disso, o relatório diz que não há apoio suficiente entre os países membros da OEA para a legalização das drogas ilícitas consideradas mais sérias, como cocaína e heroína.
Discussões políticas
 
"O relatório que a OEA nos entregou hoje é uma peça importante para a construção de um caminho que nos permita enfrentar esse problema", afirmou o presidente colombiano, um dos principais defensores de mudanças na guerra às drogas. "Agora que o trabalho real começa, que é a discussão (do relatório) no nível político", disse.
"Vamos deixar claro que ninguém aqui está defendendo nenhuma posição, nem legalização, nem regulação, nem guerra a qualquer custo. O que precisamos fazer é usar estudos sérios e bem considerados como esse que a OEA nos apresentou hoje para buscar melhores soluções", disse.
Insulza, por sua vez, disse que o objetivo do relatório era "não esconder nada" e mostrar como o problema das drogas "afeta cada país e região, o volume de dinheiro que as drogas fazem circular e quem se beneficia dele, mostrar como as drogas corroem a organização social, a saúde pública, a qualidade do governo e até mesmo a democracia".
O relatório chama a atenção para o fato de que as Américas são a única região do mundo na qual todas as etapas relacionadas às drogas estão presentes: cultivo, produção, distribuição e consumo.
Além disso, indica o documento, a região concentra aproximadamente 45% dos usuários de cocaína do mundo, cerca de 50% dos usuários de heroína e um quarto dos consumidores de maconha.
O consumo de drogas no continente gera, segundo a OEA, US$ 151 bilhões anuais somente com a venda do produto.
"A relação entre as drogas e a violência é uma das muitas causas de temor entre nossos cidadãos e contribui para tornar a segurança uma das questões mais preocupantes para os cidadãos de todo o hemisfério", afirmou Insulza. "Esta situação precisa ser enfrentada com maior realismo e efetividade se quisermos avançar", disse.
 
Fonte: BBC Brasil
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Crise provoca falta de papel higiênico na Venezuela

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A lista dos produtos básicos em falta na Venezuela ganhou um novo item: o papel higiênico.
O país enfrenta uma crise de abastecimento, marcada por escassez de produtos como café, leite e manteiga.
Para alguns economistas, a política de controle das taxas de câmbio e dos preços do governo estaria por trás desta crise.
O governo vem tentando manter os preços baixos para ajudar a camada mais carente da população a enfrentar a inflação.
Para suprir a demanda, o governo do presidente Nicolás Maduro anunciou que irá importar 50 milhões de rolos de papel higiênico.
 
O Brasil irá enviar um carregamento para suprir as necessidades da população venezuelana, porém os empresários brasileiros teme um calote por parte do governo venezuelano.
 
Fonte: GBN GeoPolítica Brasil com agências de Notícias
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EUA renovam depósitos de armas nucleares na Europa

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Os EUA decidiram modernizar suas armas táticas nucleares instaladas na Europa e no continente americano. Os peritos não são, por enquanto, unânimes quanto a eventuais ameaças relacionadas com a correlação de forças, sendo esta notícia pouco agradável para a Rússia.
 
Barack Obama, em sua mensagem ao seu homólogo russo, Vladimir Putin, propôs elaborar um acordo bilateral sobre a transparência dos sistemas de defesa antimísseis. Trata-se da redução dos arsenais de armas nucleares. O Presidente dos EUA apela ainda a que o seu colega russo “deixe no passado as doutrinas nucleares da guerra fria”. Porém, um pouco antes disso, na segunda quinzena de abril, os Estados Unidos iniciaram um novo programa visando a modernização das armas nucleares táticas que se encontram em bases americanas na Europa e nos próprios EUA.
Segundo noticiou o Guardian britânico, para o referido programa foram alocados 11 bilhões de dólares. Essa medida prevê ainda o aperfeiçoamento de 200 bombas atômicas B-61, estacionadas na Europa, que serão dotadas de sistemas de guiamento de elevada precisão e que passarão a ser usadas por caças F-35. Deste modo, na fase final do projeto, em 2019-2020, os arsenais nucleares dos EUA na Europa receberão novas bombas atômicas, aliadas a veículos aéreos sofisticados – “aviões-fantasma”. Por isso, Barack Obama, conforme assinalaram analistas do Ocidente, efetuou uma reviravolta nuclear de 180 graus. Resta perguntar: para quê?
Os EUA precisam de armas nucleares táticas na Europa por razões diversas, reputa o diretor do Centro de Pesquisas Político-Sociais, Vladimir Evseev. No seu entender, os EUA querem “jogar pelo seguro perante futuros cenários menos otimistas”. No caso de agravamento das relações com a Rússia, poderão contar assim com os arsenais disponíveis na Europa. Mas, para a Rússia, estas armas são consideradas genericamente como estratégicas, por poderem atingir o território russo por meio de vetores da OTAN, frisou o perito.
“Realmente, os EUA têm pressionado a Rússia no sentido de Moscou reduzir as suas armas táticas, em que supera os EUA. Todavia, estas armas compensam a nossa falta das forças convencionais, de armas de alta precisão e a ausência de meios de defesa antimísseis. Deste ponto de vista, os EUA propõem a seguinte abordagem: apelam a não fazermos distinção entre forças táticas e estratégicas, fazendo um único acordo no âmbito do qual seria possível fazer reduções gerais de armas nucleares. Mas tal enfoque não convém à Rússia”.
As armas nucleares táticas da Rússia não ameaçam o território dos EUA, mas, teoricamente, podem ser usadas contra as bases militares norte-americanas na Europa, incluindo contra o sistema de DAM em vias de criação. Com efeito, tais armas põem em causa a segurança dos aliados europeus dos EUA. Desta forma, para os EUA e seus aliados na Europa, um lote de 200 bombas B-61 constituem um símbolo importante de comunhão e a prontidão de agir, em caso de necessidade, em defesa da Europa. Este é um símbolo de unidade da OTAN, especifica o perito militar Alexander Golts. Nas suas palavras, nem todos os membros da Aliança Atlântica se manifestam eufóricos face a esta situação, incluindo os países onde as bombas estão estacionadas. A Bélgica e a Alemanha, por exemplo, têm colocado a questão sobre a sua retirada.
Com isso, prossegue Alexander Golts, a Rússia não se recusa a negociar esta temática.
“A Rússia avança, como pré-condição, a necessidade de “repatriar” as armas táticas. Pode-se supor que as armas táticas sejam uma carta do futuro jogo a ser protagonizado pela Rússia. A ideia básica de redução também se afigura como muito complicada em termos concretos. Foram travadas negociações durante décadas até que as partes optassem por um algoritmo favorável para a redução dos armamentos estratégicos ofensivos. Mas esta tarefa foi mais fácil de alcançar. Era possível reduzir os armamentos, reduzindo os vetores.
Para Alexander Golts, a redução de armas nucleares táticas requer um patamar de confiança entre a Rússia e os EUA ainda maior do que o nível existente agora. Até hoje, ninguém, exceto a Rússia e os EUA, sabe ao certo a quantidade de cargas nucleares táticas. As avaliações de peritos têm sido diferentes. Assim, os arsenais russos se estimam em 3-10 mil bombas, ogivas de mísseis e projéteis de artilharia, enquanto os dos EUA se avaliam em 5 mil.
Desde os tempos da Guerra Fria, o conceito de equilíbrio na esfera nuclear mudou muito. Atualmente, seria difícil imaginar ataques nucleares entre as duas potências. A corrida armamentista e a competição militar têm tido mais um caráter mais virtual do que real. No entanto, a decisão sobre a modernização das bombas norte-americanas na Europa está passando de uma competição virtual para o plano prático.
 
Fonte: Voz da Rússia
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Será possível controlar a proliferação de armamentos nucleares?

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Será possível controlar o processo de criação de tecnologias duplas, que trazem a ameaça de desenvolvimento de armas nucleares? Os principais estados do mundo estão tentando encontrar uma solução para este problema global. Até agora, sem sucesso. Nestes dias na Suíça, no âmbito do Fórum internacional de Luxemburgo para a prevenção de uma catástrofe nuclear, estão sendo intensamente debatidas ameaças reais e potenciais nessa área.
 
Alguns especialistas acreditam que receitas contra a proliferação de armas de destruição em massa ainda existem. Uma delas é a criação de um centro fechado, em parceria com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), onde se reuniriam informações de serviços de inteligência e técnicos dos países mais avançados. A própria agência, durante muitos anos, sem resultados tangíveis, continua tentando influenciar os estados que por qualquer motivo estão interessados em desenvolverem armas nucleares.
Entretanto, o formato dos tradicionais “cinco nucleares”, que incluíam a União Soviética, os Estados Unidos, a Grã-Bretanha, a França e a China, já passou à história. Hoje, a posse da bomba nuclear é declarada pela Índia, pelo Paquistão, pela Coreia do Norte. Acredita-se que Israel, cercado por seus inimigos, também tem uma.
O Brasil, a Turquia e o Egito estão entre os candidatos. E isso, sem falar do Irã – a inevitável dor de cabeça dos “pacificadores” norte-americanos e europeus que conduzem aqui e ali operações contra governos de estados independentes.
Será que é necessário, neste contexto, dramatizar o crescimento do clube nuclear? O editor-chefe da revista Atomnaya Strateguiya (Estratégia Nuclear) Oleg Duplas sugeriu olhar tais perspectivas de um ângulo não convencional:
“Se seguirmos a lógica de que as armas nucleares são um elemento dissuasor e proporciona paz por muitos anos, pode-se concluir que isso não é tão mau. Pensemos: se armas nucleares existissem no Iraque, na Síria, na Sérvia, teriam acontecido os conhecidos conflitos?”
No entanto, os membros do Conselho de Segurança da ONU e especialistas da AIEA são pouco prováveis de concordarem com tal ponto de vista. Mas de fato suas declarações não passam de boas intenções. Apesar do apoio dos esforços da Agência por parte dos governos ocidentais e da Rússia, ele não tem autoridade, influência política e capacidade técnica suficientes para controlar o “santuário” dos adversários - os centros de desenvolvimento de tecnologia mais recentes. Além disso, os estados soberanos, há que confessar, têm o direito a segredos.
Além disso, a questão da legalidade da posse de armas nucleares é em grande medida de caráter avaliativo. Afinal de contas, os chamados países civilizados que se opõem à expansão do clube nuclear e batizam alguns estados de foragidos, mais de uma vez na história foram eles próprios os agressores.
Por isso o número daqueles que pretendem adquirir a arma mortífera está constantemente aumentando: é um processo objetivo. Eles precisam dela como uma garantia de segurança em meio a crescentes tensões e problemas econômicas globais.
Outra coisa é que o baixo nível de tecnologia, a instabilidade política e a possibilidade da bomba cair nas mãos de terroristas nesses países pode trazer graves problemas ao mundo.
O especialista russo Vladimir Dvorkin nota que hoje 22 estados desconsideram a ratificação de protocolos dedicados à não-proliferação de armas nucleares. E isso é uma evidência não só de seus planos de longo alcance, mas, possivelmente, de trabalhos em pleno andamento.
Poderá inverter esta tendência a criação de uma nova estrutura, de fato, paralela à AIEA? Vladimir Averchev, membro do Conselho não-governamental de política externa e de defesa, não sente muito otimismo sobre o assunto:
“Mais provavelmente, já existem programas para compartilhar informações entre os serviços de inteligência de países possuidores. Disso não sabemos oficialmente, e eu não penso que a criação de um centro internacional, que estaria reunindo todas as informações, incluindo as de inteligência, pode vir a ser um projeto bem sucedido. A AIEA já é um tal centro. E os dados de inteligência são uma área sensível, onde a qualidade e integridade das informações fornecidas dependem diretamente do grau de confiança entre os serviços de segurança e, portanto, é uma questão de cooperação política”.
No entanto, analistas europeus esperam encontrar mecanismos para detectar em etapas iniciais sinais de criação de tecnologias nucleares por estados que não deveriam tê-las. Mas então surge outra pergunta: o que fazer se os países “falíveis” já atingiram a linha vermelha?
Os políticos ocidentais muitas vezes falam da necessidade de medidas preventivas em tais casos, principalmente de caráter forçoso. Mas não irão tais medidas por si só causar grandes tragédias? Parece que este dilema continua insolúvel por enquanto.
 
Fonte: Voz da Rússia
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quinta-feira, 9 de maio de 2013

Robô soldado, futuro dos campos de batalha?

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O robô antropomórfico, desenvolvido juntamente com o Pentágono, visa reproduzir as ações e os movimentos de soldados humanos.
A máquina foi desenvolvida para simular situações a que um soldado está sujeito na vida real e para testar roupas de proteção química no campo de batalha.
O Petman é vestido com a roupa protetora e submetido a uma intensa rotina de exercícios.
Ele anda, corre e se abaixa, sem perder o equilíbrio. Ele também simula a fisiologia humana, dentro da roupa protetora, ao controlar a temperatura, a humidade e o suor, para reproduzir as condições vividas numa situação real.

Será esse o primeiro passo para retirada dos humanos dos campos de batalha após o desenvolvimento de drones aéreos?

Fonte: BBC Brasil
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quarta-feira, 8 de maio de 2013

A influência da economia na mudança das doutrinas militares

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Os Livros Brancos sobre os conceitos básicos de defesa nacional da França e a Austrália, saídos do prelo quase ao mesmo tempo, têm muita coisa em comum apesar da distância que separa ambos os países. Estes dois Estados preparam seus respetivos Exércitos para operações especiais fora de seus limites, centrando a atenção nos eventos na região asiática do Pacífico.
 
A situação instável da economia mundial teve eco nos documentos oficiais acima mencionados. No Livro Branco da França, entre as ameaças existentes se destacam os efeitos da crise econômica mundial, capaz de minar a estabilidade política e financeira do Ocidente. Em simultâneo, se assinala um crescimento econômico de uma série de países emergentes, antes de mais, do Brasil, da Índia e da China, sendo esse um fator de consolidação de sua influência política. O documento australiano faz referência à crise como um “fator importantíssimo que define o planejamento estratégico”.
 
Sob este pano de fundo, o crescimento econômico da Ásia, acompanhado pela crescente atividade política, não pode senão causar alterações no planejamento militar. As contradições políticas e eventuais conflitos locais se qualificam como “fatores de desestabilização agravantes”.
 
A Rússia é referida como um jogador importante. O Livro Branco francês assinala o crescimento de despesas militares russas. Como consequência disso – o crescimento das potencialidades das Forças Armadas da Rússia e a constatação de uma série de controvérsias entre a Rússia e a OTAN, incluindo a defesa antimíssil, a segurança internacional, a segurança energética, etc.
 
No entanto, como um fator positivo é sublinhada a cooperação com a Rússia em diversas questões, nomeadamente o “trânsito afegão”, a operação militar no Mali, a cooperação técnico-militar russo-francesa. O documento define as relações entre a Rússia e a OTAN como “um equilíbrio instável que merece ser mantido”. Aponta-se ainda para a necessidade de colaborar com a Rússia na questão do estabelecimento da segurança europeia.
 
O documento chama atenção para um fato de a situação econômica russa continuar instável, podendo a dependência das exportações de hidrocarbonetos causar um efeito negativo na realização de programas militares de Moscou.
 
A influência da Rússia se estende a mais um aspeto: a redução de despesas militares da OTAN vem agravando a situação no ramo de produção de armamentos, fazendo aumentar a concorrência no mercado mundial de armas, onde vai crescendo a atividade de vários países como a Rússia e a os EUA.
 
O peso da Rússia como país exportador de armas e agentes energéticos é destacado pelo Livro Branco australiano no qual, contudo, se acentua ainda o crescente potencial econômico da Rússia.
 
Fonte: Voz da Rússia
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Descrédito da ONU e violência rebelde aguardam general brasileiro no Congo

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Convidado para chefiar segunda maior missão das Nações Unidas, militar deverá enfrentar hostilidade de rebeldes, que acabam de suspender diálogo de paz. Congoleses sugerem que novo comandante tenha abordagem diferente.
 
Uma missão sem credibilidade e novas coalizões rebeldes prontas para enfrentar capacetes azuis. É este cenário que o general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz terá de enfrentar ao assumir a missão de paz na República Democrática do Congo (Monusco), o segundo maior empreendimento militar das Nações Unidas em atividade no mundo.
 
“Ninguém confia mais nas tropas da ONU. [Em novembro, na invasão rebelde] em Goma, eles disseram que a situação estava sob controle, e as pessoas estavam sendo mortas na frente deles”, desabafa Henri Bura Ladyi, diretor do Centro de Resolução de Conflitos (CRC), que tem sede em Beni, na província congolesa de Kivu Norte.
 
A organização busca retirar jovens soldados das milícias e reintegrá-los à sociedade. O CRC conta com 250 colaboradores e procura ajudar deslocados internos em Kivu Norte. Ladyi diz que os congoleses ainda estão confusos e não sabem o que esperar da ONU no Congo.
 
“Tememos o aumento da violência porque [os grupos armados] estão montando novas coalizões para se fortalecer e intensificando o recrutamento de jovens para enfrentar a brigada da ONU”, alerta.
 
Prontos para o combate
 
A Monusco conta com mais de 20 mil militares de 50 países. O convite da ONU ao general Santos Cruz para a função – a nomeação oficial está em trâmite – coincide com um divisor de águas na história do conflito, que já se arrasta por mais de 20 anos. Desde 1999, quando foi criada, é a primeira vez que a missão contará com uma brigada de intervenção, com a função que vai além da simples proteção da população civil.
 
O uso da brigada, com orçamento previsto de 140 milhões de dólares durante um ano, foi aprovado por unanimidade pelo Conselho de Segurança da ONU. Conforme a resolução 2098, de 2013, a função será de “neutralizar e desarmar milícias, monitorar o embargo de armas no território e capturar responsáveis por crimes de guerra e contra a Humanidade”.
 
O movimento rebelde M23 suspendeu o diálogo com o governo congolês nesta semana. Os rebeldes alegam que não têm sentido negociar a paz quando a ONU está prestes a empregar uma brigada autorizada a atacá-los.
 
“Nós estamos esperando a brigada da [ONU]. Estamos prontos. Nossos homens estão em alerta máximo”, disse Stanislas Baleke, representante político do M23.
 
Barril de pólvora
 
Os representantes das Nações Unidas negam o fim da busca por uma solução diplomática para o conflito. “A brigada terá um papel muito mais de dissuasão [dos rebeldes] do que de solução militar. O foco real é encontrar uma solução no âmbito político”, rebate a enviada especial da ONU para a Região dos Grandes Lagos, Mary Robinson, que visitou o país nesta semana.
 
O M23 é considerado o grupo armado mais importante do leste do Congo, e organizações internacionais acusam Ruanda de apoiar os rebeldes – o que aumenta a tensão entre os dois países. O grupo alega lutar por anistia e reintegração de seus soldados ao Exército congolês. Em novembro passado, o M23 ocupou Goma, a capital de Kivu Norte, numa demonstração de força contra o governo e as tropas da ONU.
 
O grupo permanece estacionado nas cercanias da cidade e, segundo a última resolução da ONU, “tenta estabelecer uma administração paralela na província”. Nas áreas rurais, o terror é espalhado pelas milícias Mai-Mai, cujos crimes acabam alimentando conflitos étnicos.
 
Mas a instabilidade no segundo maior país da África não se resume à atividade do M23 e dos Mai-Mai. A República Democrática do Congo tem mais de 20 grupos armados ativos em seu vasto território. Entre os que mais aterrorizam as populações locais está o Exército de Resistência do Senhor, comandado por Joseph Kony. Seu nome encabeça a lista dos mais procurados pelo Tribunal Penal Internacional e ganhou atenção global através da campanha “Kony 2012” nas mídias sociais.
 
Investindo em missões de paz
 
Desde 1948, o Brasil participou de mais de 30 missões de paz da ONU com aproximadamente 20 mil soldados. O general Santos Cruz aguarda a nomeação oficial para substituir o indiano Chander Prakash no comando da Monusco.
 
Com o brasileiro, o país teria dois de seus militares à frente de duas das 14 missões da ONU em atividade no mundo – o general Edson Leal Pujol já comanda a Minustah, no Haiti. Além de Pujol, o contra-almirante José de Andrade Bandeira Leandro comanda a força-tarefa marítima da missão interina das Nações Unidas no Líbano (FTM-Unifil).
 
A Monusco é a segunda maior missão ONU e tem mandato renovado por mais um ano a partir de julho. Foi orçada em 1,3 bilhão de dólares no último ano e conta com mais de 23,5 mil integrantes. Perde apenas para a Unamid, em Darfur, que é comandada pelo general tansaniano Wynjones M. Kisamba e custou 1,4 milhão dólares no último ano, tendo efetivo de 24,5 mil.
 
O Brasil tem investido na formação de militares para participarem de missões da ONU. O Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB) foi criado em 2010 para capacitar integrantes das Forças Armadas brasileiras e de “nações amigas”. “O Ministério da Defesa deve apoiar o CCOPAB para que ele se torne referência em operações de paz”, explica o sub-comandante do centro, Salomão Pereira da Silva, salientando que o Itamaraty estabelece as diretrizes do CCOPAB.
 
Para a pesquisadora Claudia Zilla, do Instituto Alemão de Assuntos Institucionais e de Segurança (SWP, na sigla em alemão), a escolha do militar brasileiro para chefiar a Monusco tem relação com a postura afirmativa da política externa brasileira, com a aproximação do país com a África e com a ambição do Brasil de pertencer ao Conselho de Segurança da ONU.
 
Segundo ela, não se trata somente da mudança de posicionamento do Brasil como ator regional para ator global e expansão em sua área de influência. “Não é só uma expansão geográfica, mas também temática. A Minustah serve mais para estabilização, a Monusco terá papel de combate. O general teve sucesso ao desarmar grupos criminosos no Haiti e isso deve ser usado no Congo”, explica a pesquisadora.
 
Falta de confiança nos capacetes azuis
 
Henri Bura Ladyi enfatiza que o novo comando da Monusco tem de deixar claro os seus objetivos e segui-los à risca. Ele diz que os grupos rebeldes devem ser monitorados, terem seus integrantes presos e levados a julgamento. O diretor do Centro de Resolução de Conflitos do Congo sublinha que as tropas da ONU não estão fazendo nada de visível e lutam pela sua própria proteção ao invés de proteger as pessoas.
 
“A população civil deve ter seus direitos respeitados. A ONU não está fazendo o que deveria por aqui e não tem mais crédito. Se ele [o general Santos Cruz] vier com uma abordagem nova, deixando claros os seus objetivos para as pessoas, ele será uma pessoa muito importante para o Congo”, opina Ladyi.
 
A República Democrática do Congo é um país rico em minerais, o que desperta a atenção de vários atores nacionais e internacionais. Segundo a organização International Crisis Group, o governo e organizações internacionais têm falhado ao tentar controlar a exploração ilegal destas riquezas por grupos armados. “Muitas milícias financiam suas atividades vendendo volframita, coltan e cassiterita – minerais com bom preço na indústria de produtos eletrônicos”, destaca um relatório do grupo publicado em 2010.
 
O país é considerado instável desde a sua independência, em 1960, entretanto, a partir de 1994, após o genocídio na vizinha Ruanda, o cenário de conflito se tornou mais complexo. Milhares de pessoas do grupo étnico hutu, envolvidos no massacre da etnia tutsi, cruzaram a fronteira e se aliaram às forças do governo congolês. A movimentação gerou uma coalizão de forças rebeldes que destituiu o presidente Mobuto Sese Seko, colocando Laurent Desiré Kabila no poder. Outros países também se envolveram na disputa de poder congolesa, o que gerou um conflito de interesses diversos e proporções regionais.
 
Fonte: Deutsche Welle
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Violência pode levar à divisão territorial no Iraque

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Alguns observadores consideram a atual conflagração no Iraque como a pior crise que já atingiu o país desde sua consolidação como Estado em 1921.
Outros consideram o atual momento como o mais crítico desde a queda de Saddam Hussein em 2003 ou desde a retirada das tropas americanas em 2011.
 
Muitos estão convencidos de que o Iraque está à beira de uma guerra civil sectária que pode desintegrá-lo. Nesse contexto, um acordo de divisão seria a opção menos pior.
O Iraque encontra-se atado a tensões regionais agudas, com seus distintos componentes puxados em direções diferentes pelas mesmas forças envolvidas no conflito da vizinha Síria – que causa impacto direto em Bagdá.
De qualquer ângulo, a situação é ruim.
Mas isso não significa necessariamente que as previsões mais terríveis estão fadadas a se tornar realidade.
O país tem mostrado uma notável capacidade de tropeçar de crise em crise sem atingir uma solução estável nem se desintegrar de vez.
Mas um cenário de "pior das hipóteses" é agora visível e plausível.
Ele seria o da divisão do país por correntes étnicas, segundo as maiores comunidades: uma maioria xiita (60%), sunitas e curdos.

Sinais de alerta

Os sinais de alerta já estão presentes. Um deles é o número crescente de mortes provocadas pelos últimos episódios de violência que ocorreram em diversas partes do país.
A maioria das estimativas concordam que o último mês de abril foi o mais sangrento desde 2008. A ONU diz que mais de 700 pessoas foram assassinadas em ataques a bomba e outros tipos de violência. Entre as vítimas estão 430 civis.
Grande parte dos episódios de violência ocorreu no final do mês, após um incidente na cidade de Hawija, na província de Kirkuk, em 23 de abril. Na ocasião, forças de segurança leais ao premiê xiita Nouri Maliki mataram um grande número de manifestantes sunitas.
Esses assassinatos desencadearam mais distúrbios e incidentes, especialmente em áreas sunitas que começaram a viver alguma agitação contra o governo de Maliki, desde dezembro do ano passado.
Dinamitadores insurgentes, supostamente ligados à rede al-Qaeda e seu "Estado Islâmico no Iraque", também intensificaram seus atentados contra centros de grande concentração de população xiita.
Mas essas ações não surgiram do nada. Elas fazem parte de uma progressão iniciada com a formação do atual governo, um processo que levou meses, de março de 2010, mês da eleição, a dezembro do mesmo ano.
O governo liderado por Maliki deveria ser fruto de uma parceria nacional.
Iyyad Allawi, um xiita de perfil secular que atraía muitos votos sunitas, e sua coalizão Iraqiyya despontaram à frente de Maliki nas pesquisas. Mas sob um acordo de divisão de poderes intermediado pelo líder curdo Masoud Barzani, ele deveria liderar o Conselho Superior de Estratégia Nacional, com poderes consideráveis.
Nada disso aconteceu. Ao invés de ser visto como um aliado, Maliki têm recebido cada vez mais críticas por usar seus poderes de forma autocrática, controlando todo o aparato de segurança e o Ministério do Interior.
A participação sunita tem sido cada vez mais marginalizada. Maliki não tem se ocupado de demandas e queixas sunitas relacionadas à libertação de prisioneiros, a leis antiterroristas e à criação de empregos.
Como pano de fundo, as atividades sunitas extremistas nunca foram completamente debeladas.
No ano seguinte à formação do governo de Maliki, a violência se manteve no mesmo patamar registrado em 2010. Porém, ela se agravou em 2012 e parece ter ressurgido com grande força atualmente – fomentada em grande parte pela insatisfação dos sunitas.
Se o premiê continuar em rota de colisão com os sunitas, há um elevado risco de que vertentes tribais, religiosas e políticas da etnia se reúnam em províncias tradicionalmente sunitas – como al-Ambar e Nineveh – para iniciar uma revolta organizada contra o governo xiita.

Retirada curda

Em março, os curdos – que têm suas próprias diferenças com Maliki – retiraram seus ministros e parlamentares de Bagdá. Suas forças militares também expandiram seu controle pela área em disputa de Kirkuk, onde há produção de petróleo. As ações ocorreram logo após o episódio de Hawija.
Por tudo isso, não é difícil imaginar o Iraque se dividindo em uma guerra sectária entre xiitas e sunitas, enquanto os curdos seguem um caminho independente no norte.
Ignorando a dinâmica interna do país e seu próprio papel no problema, Maliki alertou que a "luta sectária" está voltando ao Iraque, a partir da Síria.
"Há um vento por trás disso, e dinheiro e planos", disse, aparentemente se referindo ao apoio sunita regional para insurgentes e dissidentes.
Certamente houve interação desde o início entre áreas sunitas no oeste iraquiano e a revolta com bases sunitas além da fronteira síria – dando de forma não surpreendente características tribais e familiares ao conflito, que envolve também militante sunitas da Al-Qaeda.
Enquanto os iraquianos sunitas dão apoio aos rebeldes sírios, o governo de Maliki, possivelmente influenciado pelo Irã, dá suporte ao presidente Bashar Assad, apesar de diferenças políticas anteriores.
Então, para o Iraque, o resultado do conflito na Síria será muito importante. Se o regime alauíta cair, desintegrando o país ou abrindo caminho para um governo sunita, será mais difícil manter os iraquianos sunitas na órbita do governo central.
Se sunitas do Iraque e da Síria se juntarem, os xiitas iraquianos deverão se voltar ainda mais para seus aliados no Irã.
Mas, dentro do contexto iraquiano, se Maliki demonstrar que o episódio de Hawija foi uma aberração e fizer concessões para aplacar os sunitas, poderá retomar a situação – até porque os sunitas enfrentam grandes dificuldades de união.

Influência iraniana

O futuro do Iraque também dependerá dos desejos do Irã, devido à sua inquestionável influência sobre grupos políticos xiitas – e em menor escala sobre os curdos.
O pensamento de Teerã está dominado pela necessidade de salvar seus aliados estratégicos em Damasco.
É difícil de se imaginar como esse objetivo poderia ser atingido com a fragmentação e o caos no Iraque. Teerã se envolveu na divisão do poder no Iraque em 2010 e não há nenhuma razão em particular para se supor que o país estaria agora interessado na desestabilização e desintegração iraquiana.
Apesar de haver elementos separatistas em praticamente todas as comunidades do Iraque, em termos gerais uma divisão do país não seria do interesse de ninguém.
Os curdos no norte estão experimentando o melhor de dois mundos: têm um grau de liberdade apenas alguns degraus abaixo da independência e gozam de uma parte significativa das verbas do orçamento federal, de uma boa fatia de poder e de um papel vital de intermediação em Bagdá.
Enquanto a independência permanece sendo seu maior sonho, os curdos sabem que não têm saída para o mar e são dependentes dos vizinhos – Iraque, Irã, Síria e Turquia –, cujo apoio é necessário para atingir tal objetivo. Por enquanto, resolver seus assuntos dentro da federação iraquiana é a melhor opção.
Essa pode ser uma das razões que explicam os resultados iniciais positivos obtidos em uma reunião entre Maliki e os curdos, na semana passada. Ela pode ser a tábua de salvação do premiê, uma vez que provocou o retorno dos ministros e políticos curdos a Bagdá.
Os xiitas "seriam os maiores perdedores com uma separação do país – e o que eles ganhariam com uma aliança com o Irã?" - disse um observador veterano no Iraque.
"O mesmo vale para os sunitas, muitos não gostariam de uma divisão do Iraque – eles querem dominar o país inteiro, como fizeram por séculos".
Tudo isso não é para dizer que os cenários catastróficos podem não acontecer.
Mas ainda há fatores poderosos mantendo o Iraque unido.
Pelo menos por enquanto, os iraquianos ainda estão falando sobre uma luta feroz nas urnas, nas eleições gerais do ano que vem, e não em sacos de areia e trincheiras.
 
Fonte: BBC Brasil
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Bombardeios israelenses sugerem que o espaço aéreo de Assad não é tão impenetrável

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A aparente tranquilidade com que Israel atacou depósitos de mísseis e, segundo relatos sírios, um grande centro de pesquisa militar perto de Damasco nos últimos dias instigou o debate em Washington sobre se ataques aéreos liderados pelos EUA são o passo lógico para obstruir a capacidade do presidente Bashar Assad de conter as forças rebeldes ou de usar armas químicas.
Essa opção estava sendo debatida em segredo por EUA, Grã-Bretanha e França dias antes dos ataques israelenses. No domingo, o senador John McCain, que durante muito tempo defendeu um papel americano mais ativo na guerra civil síria, argumentou que os ataques israelenses - dos quais ao menos um parece ter sido feito do espaço aéreo sírio - contrariam o argumento de que o sistema de defesa da Síria seria um grande empecilho.
"Os israelenses parecem capazes de burlá-lo com muita facilidade", disse McCain ao programa Fox News Sunday. Ele prosseguiu dizendo que os EUA poderiam "neutralizar as defesas aéreas sírias em solo com mísseis de cruzeiro e esburacar pistas de pouso, pelas quais estão chegando por ar esses suprimentos do Irã e da Rússia". McCain defendeu que as baterias de mísseis antimísseis instaladas na Turquia poderiam defender uma zona capaz de abrigar rebeldes e refugiados.
Relutância. O Pentágono desenvolveu essas opções meses atrás, mas, nas últimas semanas, elas foram refinadas. Segundo várias autoridades do governo, estudou-se como os ataques seriam coordenados com os aliados - assim como nos dias iniciais das ações na Líbia, que acabaram derrubando Muamar Kadafi do poder. No entanto, o presidente Barack Obama tem mostrado relutância em seguir o curso que adotou naquele caso, segundo assessores, em parte por temer a capacidade das defesas aéreas da Síria e em parte porque as forças de oposição incluem muitos elementos jihadistas.
Por enquanto, Obama disse que só interviria se a Síria tivesse usado armas químicas - a atual investigação sobre o uso de gás sarin está concentrada em Alepo e em Damasco - ou se esse uso fosse iminente. Agora, um consultor de Obama disse: "Ficou muito claro para todos que Assad está calculando se essas armas poderiam salvá-lo".
O resultado é que o objetivo específico de impedir o uso de armas químicas está começando a se fundir com metas mais amplas de derrubar Assad e dar um fim a uma carnificina que já é bem maior do que a da Líbia, quando Obama justificou a intervenção americana utilizando o argumento humanitário.
Obama excluiu totalmente enviar forças de terra americanas à Síria, o que pareceu eliminar a opção de lançar paraquedistas para tomar os 15 a 20 locais onde há armas químicas. Isso torna mais prováveis ataques como os conduzidos por Israel, mas dirigidos aos vetores de armas químicas: mísseis e aviões.
No domingo, uma autoridade de alto escalão do governo americano disse: "Há muitas opções sem envolver soldados americanos em solo e não há nenhuma inclinação para alguma ação no atual estágio". Essas questões certamente virão à tona após a visita de dois dias do secretário de Estado John Kerry a Moscou - na qual, segundo William Burns, vice-secretário de Estado, os EUA argumentariam que a antiga aliança entre Rússia e Assad está se voltando contra os interesses do Kremlin. E um conflito prolongado só vai piorar os riscos de que a guerra síria se amplie e promova o extremismo islâmico.
A Rússia quase certamente seguirá vetando todos os esforços para que se obtenha autorização do Conselho de Segurança da ONU para empreender uma ação militar. Por enquanto, Obama evitou a busca de tal autorização e essa é uma razão pela qual o uso de armas químicas poderia servir de argumento legal para os ataques, desde que eles fossem limitados a reduzir a capacidade de usar essas armas.
Até agora, entre os membros do governo mais relutantes em intervir pesadamente na Síria está o próprio Obama. Ele não quis armar os rebeldes no ano passado, apesar das pressões da então secretária de Estado, Hillary Clinton, e do diretor da CIA, David Petraeus.
Na semana passada, o secretário de Defesa, Chuck Hagel, disse que a opção de armar os rebeldes estava sendo analisada. Aliás, esse debate tem levado à opção de agir mais, segundo funcionários do governo.
O fraseado legalista de Obama - sobre se a "linha vermelha" de intervenção foi ou não cruzada quando surgiram evidências de um uso limitado de gás sarin - levou muitos de seus aliados, liderados pelos israelenses, a questionar a credibilidade de suas advertências.
Uma funcionário do governo americano reconheceu, no fim da semana passada, que as críticas haviam "começado a incomodar". Obama, porém, está determinado a avançar aos poucos, à espera de um relatório definitivo de inteligência sobre quem foi responsável pelo uso de gás sarin, antes de decidir dar o próximo passo.
 
Fonte: Estadão
 
Nota do GBN: O Pantsir é um dos sistemas antiaéreos em serviço nas forças sírias.
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SU-30 K para o Uruguai?

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A Força Aérea do Uruguai esta analisando opções para aquisição de um novo caça para equipar sua força aérea. Diante do processo, a russa Sukhoy apresentou sua oferta para fornecer ao Uruguai aeronaves SU-30K novas, incluindo no pacote treinamento e suporte na manutenção das mesmas entrando na disputa pelo contrato.
 
Em março o Chile ofereceu 12 aeronaves F-5 Tiger III á um custo estimado na casa do US$ 80 milhões. O F-5 Tiger III da FACh é uma aeronave que tem sido continuamente melhorada, equipadas com radar multimodo Elta EL/M-2032, sistemas melhorados RWR, HOTAS, HUD EL-OP 2 e o capacete DASH III para utilização com o míssil Python III, IV e os recentes BVR Derby .  Outra opção estudada que desponta trata-se do YAK-130 outra aeronave de origem russa e um forte concorrente nesta disputa, mesmo não se tratando de um caça puro.
 
O Uruguai pretende dotar sua Força Aérea de uma aeronave de caça, pois hoje em seu inventário conta apenas com aeronaves A37b Dragonfly e IA58 Pucará, ambas de tecnologia utrapassada e inapropriadas para desempenhar a função de interceptação e superioridade aérea.
 
Com a entrada da Sukhoy na disputa a balança tende para a proposta desta, uma vez que sua proposta oferece um caça muito mais capaz que as demais opções e á um custo atraente e facilidades no financiamento, restando apenas ao Uruguai definir qual será seu novo caça.
 
Fonte: GBN GeoPolítica Brasil

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Irã alerta para risco de atos provocadores no Golfo Pérsico

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O Irã pediu nesta terça-feira que se evitem "atos provocadores" nesta semana no Golfo Pérsico, onde se realizam manobras militares organizadas pela V frota da Marinha dos Estados Unidos, nas quais participam 41 países.
"A estabilidade e a segurança do Golfo são muito importantes para nós. Vigiamos todos os movimentos e pedimos a todos os países presentes na região que evitem atos provocadores", declarou Ramin Mehmanparast, porta-voz do ministério iraniano das Relações Exteriores.
As manobras, que terminam em 30 de maio, são as maiores realizadas na região, destacou a V frota americana em um comunicado no Bahrein. Essas manobras (IMCMEX) envolvem operações defensivas, com vista a "proteger o comércio internacional", exercícios antibombas e operações de segurança marítima", indica o comunicado.
 
Ministro do Irã pede resposta a ataque israelense contra Síria
 
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Ali Akbar Salehi, afirmou nesta terça-feira em Damasco que é necessário impedir que Israel haja da forma que quiser.
"Chegou a hora de dissuadir o ocupante israelense de realizar tais ataques contra os povos da região", disse Salehi, que foi recebido pelo presidente Bashar al-Assad. "O Irã está ao lado da Síria contra a agressão israelense, que tem o objetivo de minar a segurança da região e enfraquecer o eixo de resistência", ressaltou.
Sua visita a Damasco acontece dias depois dos ataques aéreos israelenses na última sexta-feira e no domingo contra instalações militares perto de Damasco, algumas das quais alojavam, de acordo com fontes israelenses, armas provenientes do Irã e destinadas ao Hezbollah. Teerã nega que armas iranianas estivessem lá.
Assad declarou que o povo sírio e seu Exército "estão conquistando resultados significativos na luta contra o terrorismo e contra os grupos takfiri (extremistas islâmicos), e são capazes de enfrentar as operações aventureiras israelenses, que também são uma forma de terrorismo contra a Síria".
"A agressão israelense mostra abertamente o nível de envolvimento de Israel e dos países regionais e ocidentais nos eventos que ocorrem na Síria", declarou o Chefe de Estado, citado pela televisão estatal.
Durante uma coletiva de imprensa ao lado de seu colega iraniano, o chanceler sírio Walid Mouallem assegurou que seu país responderá a Israel. "Não temos medo e não ficaremos em silêncio ante à agressão", disse.
Em Amã, o chefe da diplomacia iraniana reiterou o apelo de seu país por um diálogo entre o regime e a oposição "pacífica", tendo em vista a formação de um governo de transição na Síria. "Aconselhamos o governo sírio a sentar-se com a oposição, mas não com a Al-Nosra", acrescentou Salehi, em referência a um grupo jihadista ativo no campo de batalha e que jurou lealdade ao chefe Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri.
 
Fonte: AFP
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Após as experiências no Iraque e Afeganistão, EUA temem entrar em novo conflito

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Um amigo árabe comentou comigo que assistir ao debate que se desenrola nos Estados Unidos para decidir até que ponto deve ir seu envolvimento na Síria o fez lembrar de um provérbio árabe: "Se você queima a língua uma vez tomando sopa, pelo resto da vida soprará o iogurte".
Depois que queimamos a língua no Iraque e no Afeganistão, e observamos com crescente angústia as consequências da revolução na Líbia, Tunísia e Egito, o presidente Barack Obama tem toda a razão em mostrar-se cauteloso para não se queimar em Damasco. Já vimos o suficiente dessas transições árabes depois dos respectivos governos autocratas para extrairmos algumas lições cruciais quanto ao que é preciso fazer para apoiar mudanças positivas nesses países. Se ignoramos as lições, será por nossa conta e risco - particularmente a lição do Iraque, que todo mundo quer esquecer embora seja da maior importância.
A Síria é um país gêmeo do Iraque: um Estado criado artificialmente que também nasceu depois da 1.ª Guerra obedecendo às linhas estabelecidas pelas potências imperiais. Assim como o Iraque, as comunidades que constituem a Síria - sunitas, alauitas/xiitas, curdos, drusos, cristãos - jamais se dispuseram de livre e espontânea vontade a conviver de acordo com leis já fixadas.
Portanto, como o Iraque, a Síria tem sido governada durante a maior parte de sua história moderna por uma potência colonial ou por um autocrata com punho de ferro. No Iraque, esperava-se que, quando nós derrubássemos o ditador do punho de ferro, haveria uma transição persistente para uma democracia multipartidária e multissectária. O mesmo diga-se de Egito, Líbia, Tunísia e Iêmen.
Diferença. Mas agora nos damos conta da enorme diferença entre a Europa Oriental de 1989 e o mundo árabe em 2013. Na maior parte da Europa Oriental, a opressão do governo autoritário comunista suprimira amplas aspirações democráticas profundamente arraigadas. Portanto, quando a opressão foi aniquilada, a maior parte desses países adotou com relativa rapidez governos livremente eleitos - ajudados e inspirados pela União Europeia.
Em contraposição, no mundo árabe, a pesada opressão do autoritarismo suprimia aspirações democráticas, sectárias, tribais, islamistas.
Portanto, quando a opressão foi abolida, todas essas aspirações vieram à luz. Mas a tendência islamista foi a mais vigorosa - ajudada e inspirada não pela UE, mas pelas mesquitas e as organizações de caridade islamistas do Golfo Pérsico - enquanto a aspiração democrática revelou-se a menos organizada, a mais pobre e a mais frágil. Em suma, a maior parte dos países da Europa Oriental mostrou ser semelhante à Polônia depois do fim do comunismo, e a maioria dos países árabes se revelou como a Iugoslávia depois do fim do comunismo.
Como disse, nossa esperança e a esperança dos corajosos democratas árabes que deram início a essas revoluções, era que esses países árabes realizassem uma transição de Saddam a Jefferson sem esbarrar em Khomeini ou Hobbes - indo da autocracia para a democracia sem esbarrar no islamismo ou no anarquismo.
Mas, para isso, eles precisariam de um elemento externo que agisse como juiz entre todas suas comunidades (que jamais demonstraram a menor confiança mútua) para tentar substituir o sectarismo, o islamismo e o tribalismo com um espírito de cidadania democrática, ou então do seu próprio Nelson Mandela. Ou seja, uma figura carismática nativa que tivesse condições de liderar, inspirar e conduzir uma transição democrática que inclua todas as comunidades.
Todos sabemos que os EUA desempenharam o papel de juízes no Iraque - extremamente ineptos no começo. Mas, com o tempo, os EUA e os iraquianos moderados conseguiram escapar da beira do abismo, rechaçaram os violentos extremistas sunitas e xiitas, redigiram uma Constituição, e realizaram várias eleições livres, na esperança de ver nascer o Mandela iraquiano. Infelizmente, o resultado foi Nuri al-Maliki, um xiita que, em vez de promover a confiança entre as diversas comunidades, está novamente semeando a divisão sectária.
Acredito que se quiséssemos pôr fim à guerra civil síria e obrigar a Síria a seguir um caminho democrático, seria necessária uma força internacional para ocupar todo o país, garantir a segurança das fronteiras, desarmar todas as milícias e ajudar na transição para a democracia. Mas na ausência de um líder sírio capaz de conciliar, e não de dividir, todas as suas comunidades, não existindo uma força externa capaz de reconstruir a Síria do zero, qualquer outra iniciativa levaria ao fracasso.
Como não há outros países que se disponham a esse papel (e certamente não estou me referindo aos EUA), acredito que a luta na Síria continuará até o esgotamento total das partes.
 
por: THOMAS L., FRIEDMAN, THE NEW YORK TIMES
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