O governo da Coreia do Sul disse nesta terça-feira que "lamenta profundamente" o anúncio da vizinha Coreia do Norte de que reabrirá o reator nuclear de Yongbyon. Enquanto isso, a aliada China pediu calma ao país comunista.
O anúncio de reabertura da usina é feito um dia após o regime de Kim Jong-un determinar que a atividade nuclear é prioridade do governo, incluindo a produção de bombas atômicas. Nas últimas semanas, Pyongyang aumentou a retórica contra a vizinha Coreia do Sul e os Estados Unidos após ser sancionada pela ONU.
As restrições, que aumentam a crise financeira e humanitária do regime comunista, são uma represália contra o teste nuclear de fevereiro e o lançamento de um foguete espacial em dezembro. No mesmo período, o país comunista diminuiu as relações com o Sul e ameaçou os Estados Unidos com um ataque nuclear.
Em comunicado nesta terça-feira, o porta-voz do governo sul-coreano, Cho Tai-young, disse que lamentava a reabertura da usina nuclear e pediu ao vizinho que cumpra as promessas de suspensão do programa atômico, feitas nos últimos anos.
O representante afirmou ainda que Seul monitora "todos os passos do vizinho". Na segunda (1º), a presidente Park Geun-hye disse que pretende "responder com força" em caso de um ataque norte-coreano à Coreia do Sul.
O Japão condenou a retomada da instalação e afirmou que a medida viola resoluções da ONU. O porta-voz do governo, Yoshihide Suga, disse que Tóquio pretende ouvir o grupo de negociações --Estados Unidos, Coreia do Sul, China e Rússia-- para tomar uma decisão a respeito.
Mais cedo, a China, aliada norte-coreana, lamentou a reabertura da usina e pediu calma ao regime comunista, aos Estados Unidos e à Coreia do Sul para tentar diminuir a tensão na região. O porta-voz da Chancelaria chinesa, Hong Lei, disse que a intenção de Pequim é obter a desnuclearização da península coreana.
"A atual situação é sensível e complexa. As partes relevantes a manter a calma e se conter, retomar o diálogo o mais breve possível e buscar juntos uma adequada solução".
Pequim considera que o assunto nuclear não pode ser resolvido com sanções e pediu a retomada do diálogo em ambos os lados, vista pelo país como a única maneira de "conseguir uma paz e estabilidade duradoura na península coreana".
USINA
Nesta terça, a agência de notícias estatal KCNA anunciou que a Coreia do Norte reativará as instalações de Yongbyon, a maior usina nuclear bélica do país que inclui um reator atômico de 5 megawatts. A planta foi desativada em 2007, após um acordo com a ONU, e teve a torre de refrigeração destruída.
A reativação do reator, cuja data não foi revelada --embora a KCNA tenha falado em ações "imediatas" a respeito--, poderia fornecer plutônio a partir de barras de combustível. Isso permitiria ao país fabricar bombas atômicas mais potentes, segundo especialistas.
Questionada sobre a tensão entre os norte-coreanos e os Estados Unidos, a Rússia disse que não descarta um conflito militar entre os dois países, mas duvida que algumas das partes decida entrar em guerra de forma intencional.
O embaixador de missões especiais da Chancelaria russa, Grigori Logvinov, afirmou que o mais importante é que a guerra psicológica entre os dois países não se transforme em um conflito real e disse que Moscou avaliará o conflito "pelos passos concretos de cada parte".
Chefe da ONU diz que crise na Coreia do Norte foi "longe demais"
O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), o sul-coreano Ban Ki-moon, disse nesta terça-feira que a tensão nuclear na Coreia do Norte "foi longe demais" e pediu diálogo ao país comunista, à Coreia do Sul e aos Estados Unidos para resolver a situação.
As declarações do chefe da organização são feitas no dia em que os norte-coreanos anunciaram que reabrirão a usina nuclear de Yongbyon, responsável pela produção de plutônio usado em bombas nucleares. A planta havia sido fechada em 2007, após acordo com a ONU.
Em entrevista coletiva em Andorra, o sul-coreano disse que a ameaça nuclear dos norte-coreanos não é um jogo. "A retórica agressiva e a postura militar só resultarão em ações contraproducentes, além de alimentar o medo e a instabilidade".
Ban Ki-moon pediu calma a Washington e Pyongyang e disse que a tensão se agravou por causa da falta de comunicação. Porém, disse não acreditar em um ataque ao país comunista e pediu diálogo aos dois países e à Coreia do Sul.
"Estou convencido que ninguém tem a intenção de atacar por causa de discordâncias em seu sistema político ou em sua política externa. Porém, estou preocupado que outros respondam firmemente a qualquer provocação militar direta".
O chefe da organização solicitou aos norte-coreanos o cumprimento das resoluções da ONU (Organização das Nações Unidas), que ameaçam o país com sanções em caso de testes nucleares e exercícios com foguetes e mísseis balísticos.
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