O presidente dos EUA, Barack Obama,
estaria buscando diretrizes globais para regular o uso de drones
(aviões não tripulados) à medida em que outros países expandem suas
capacidades de desenvolvê-lo. A informação é do ex-porta-voz da Casa
Branca Tommy Vietor, divulgada pela agência Reuters, e reflete uma
preocupação do governo americano com o uso dessa tecnologia por outros
países, ao mesmo tempo em que enfrenta pressão interna para fornecer
informações sobre seu secreto programa. Na sexta-feira, uma corte de
apelação entendeu que a CIA (Agência de Inteligência Americana) deve
divulgar, ao menos ao juiz, uma descrição de seus registros de ataques
aéreos.
Segundo Vietor, que deixou o cargo
de porta-voz do Conselho de Segurança Nacional no início deste mês, o
presidente estaria “ciente” das preocupações acerca do que poderia
ocorrer se “chineses e russos obtivessem essa tecnologia (drone)”. “Ele
pretende definir o padrão para a comunidade internacional sobre essas
ferramentas”, afirmou à Reuters. Ele não esclareceu, porém, como seriam
essas diretrizes.
O suposto interesse da China em
desenvolver programas semelhantes foi mencionado em novembro em uma
reportagem do chinês Global Times. O jornal noticiou que as autoridades
estavam prontas para fazer um ataque com drone para matar um suspeito do
assassinato de 13 marinheiros chineses, em 2011, mas decidiram levá-lo
vivo a julgamento. Citado também pela Reuters, o especialista do Center
for Strategic and International Studies James Lewis afirmou que a China
já disporia de drones armados, enquanto a Rússia teria aviões de
reconhecimento.
Até entrar em um debate global, a
administração Obama terá de lidar com a pressão interna. O tema ganhou
força durante a confirmação do novo diretor da CIA, John Brennan, o
“arquiteto” do programa de drones. Antes de sua audiência no Senado, um
documento vazado à imprensa mostrou que a administração entendia ter
justificativas legais para matar cidadãos suspeitos com o uso de drones.
O episódio levou senadores — democratas e republicanos — a cobrarem
mais transparência da Casa Branca. O governo concordou em dar a eles
acesso a informações secretas.
A administração tem de lidar ainda com
uma preocupação crescente da sociedade. Como explicou ao Correio o
diretor político do Instituto Just Foreign Policy (Washington), Robert
Naiman, apesar de os americanos apoiarem os drones nas pesquisas de
opinião, ainda existem muitas dúvidas. “Não está claro se o programa que
alguns americanos disseram apoiar é o que existe na realidade.
Precisamos de mais transparência e menos sigilo do governo parar sermos
capazes de estabelecer isso."
Fonte: Correio Braziliense
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