sexta-feira, 15 de março de 2013

Contrato da Embraer nos EUA é paralisado



A Força Aérea dos Estados Unidos emitiu uma ordem de interrupção de trabalhos para Embraer e Sierra Nevada, vencedoras de uma licitação para venda de aeronaves Super Tucano que serão usadas pelos EUA no Afeganistão. A suspensão ocorre após a concorrente Beechcraft Corporation contestar o resultado da licitação, declarou ontem ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, o porta-voz da Força Aérea dos EUA, Ed Gulick.
 
Em comunicado, Gulick destaca: "A Força Aérea emitiu uma ordem de interrupção dos trabalhos na segunda-feira." Apesar da ordem de interrupção, o porta-voz defendeu a escolha pela Força Aérea americana do consórcio formado por Embraer e Sierra Nevada para o fornecimento dos aviões que serão usados pelos EUA no Afeganistão. Gulick destacou que a Força Aérea, ao declarar vencedor esse consórcio, tomou a decisão "bem fundamentada" e que avaliou "de forma completa e justa" as outras propostas recebidas.
 
A ordem de interrupção dos trabalhos é um procedimento padrão, que se segue quando um concorrente questiona o resultado de uma licitação.
 
Pelo contrato, a americana Sierra Nevada e a brasileira Embraer devem fornecer 20 aeronaves Super Tucano, no valor inicial de US$ 428 milhões. O contrato, porém, pode chegar a US$ 950 milhões, dependendo da demanda futura da Força Aérea por novos aviões.
 
Na última sexta-feira, a Beechcraft, que acaba de sair de uma concordata, anunciou que abriria uma ação formal no Escritório de Contabilidade do Governo dos EUA contra a decisão da Força Aérea. Segundo um comunicado da empresa, cerca 1,4 mil postos de trabalho no Kansas e em outros Estados estão em perigo devido à decisão da Força Aérea, que estaria transferindo a geração de empregos para o Brasil. A Embraer, porém, já informou que os aviões serão produzidos nos EUA, com geração de exatamente 1,4 mil empregos.
 
Depois que o processo entrar no Escritório de Contabilidade do governo dos EUA, os auditores têm até 100 dias para rever o caso e tomar uma decisão, destacou o porta-voz da Força Aérea.
 
Esta é a segunda vez que a Beechcraft Corporation tenta atrapalhar a venda de aeronaves a Força Aérea americana pela Sierra Nevada e a Embraer. Em 2011, as duas ganharam a licitação para o mesmo contrato, mas a então Hawker Beechcraft entrou na Justiça contra a decisão e o governo decidiu cancelar a licitação e fazer outra, após descobrir "deficiências no processo e documentação que não poderiam confirmar a adequação" da decisão de declarar as duas empresas vencedoras.
 
Em 27 de fevereiro, a Sierra Nevada e a Embraer foram novamente declaradas vencedoras do contrato. Gulick destaca que o processo de licitação começou em maio de 2012 e um novo time cuidou da avaliação
 
Força Aérea americana defende vitória da Embraer em licitação
 
A Força Aérea dos Estados Unidos (USAF, na sigla em inglês) entrou em campo para defender a licitação vencida pela Embraer e sua parceira Sierra Nevada. O contrato está paralisado, após um questionamento feito pela Beechcraft, que perdeu a disputa. Mas a USAF vai solicitar oficialmente às autoridades americanas que os trabalhos sejam retomados, para que as empresas possam dar início à produção, na Flórida, dos turboélices A-29 Super Tucano.
 
O consórcio formado pela Embraer e pela Sierra Nevada venceu uma seleção para a compra do avião destinado ao programa LAS, de suporte à tropa e ataque leve. O contrato prevê um lote de 20 aeronaves e mais as estações de treinamento, peças, componentes e documentação técnica.Toda essa frota será repassada às Forças de autodefesa do Afeganistão, em formação.
 
O valor é de US$ 427 milhões. A médio prazo, o negócio pode chegar a US$ 955 milhões, abrangendo 55 Super-T, como o modelo é conhecido nos EUA.
 
A Beechcraft, derrotada, protestou contra o resultado no The U.S. Government Accountability Office, uma espécie de auditoria do governo. O ritual desse ato implica o congelamento das operações por 100 dias até que a agência avalie a queixa.
 
Há dois dias, em Washington, o general C.R. Davis, um dos principais oficiais envolvidos no processo de aquisições da USAF, disse que a Força vai invocar o direito de manter as providências no ritmo previsto, considerado o interesse nacional no programa.
 
O general Davis anunciou a assinatura do contrato formal com a Sierra Nevada e desta organização com a Embraer Defesa e Segurança. O consórcio ganhou essa concorrência duas vezes. A primeira, foi em dezembro de 2011. A então Hawker-Beechcraft ingressou com uma contestação judicial da decisão. Tentando evitar uma longa batalha nos tribunais, a USAF cancelou a seleção e abriu um novo procedimento. E convidou apenas os dois participantes originais.
 
Ontem, o presidente da Embraer Defesa e Segurança, Luiz Carlos Aguiar, destacou que a interrupção temporária da venda dos A-29 Super Tucano para a aviação militar americana, é um procedimento padrão. "Vamos levar desta vez", disse Aguiar. "Temos absoluta segurança do processo que foi feito. Foi muito rígido, muito severo", completou.
 
Entre os argumentos da derrotada Beechcraft está o de que a assinatura do contrato com uma empresa fora dos EUA prejudicará a americana e pode levar à perda de 1,4 mil empregos no país.
 
Aguiar contesta esse argumento, destacando o fato de que a Embraer gerou, nos EUA, cerca de 800 empregos diretos desde 2008 e hoje emprega cerca de 1,7 mil pessoas. "A Beechcraft demitiu cerca de 5 mil pessoas desde 2007 e transferiu a sua produção dos EUA para o México, descontinuando, assim, cinco modelos que já foram líderes desse mercado. Não resta dúvida de quem é que tem a capacidade de crescer", concluiu. E alfinetou a rival: "Tem de saber reconhecer a derrota, faz parte do jogo."
 
De acordo com o executivo, os trabalhos visando o fornecimento dos Super Tucanos para a Força Aérea Americana estão sendo mantidos particularmente no setor de planejamento da produção. A primeira entrega está marcada para o segundo semestre do ano que vem.
 
Em São Paulo, o presidente do Conselho de Administração da Embraer, Alexandre Silva, afirmou que espera uma rápida conclusão dos questionamentos enfrentados pela companhia nos Estados Unidos. "A nossa expectativa é muito favorável", disse, após evento com empresários da Câmara Americana de Comércio (Amcham).
 
O T-6, produto da Beechcraft, ainda está em desenvolvimento e não se enquadrou nos requisitos do programa LAS. O Super Tucano, por sua vez, é usado atualmente por forças de nove países e acumula pouco mais de 180 mil horas de voo, das quais cerca de 28,5 mil cumprindo missões de combate.
 
Toda a frota em atividade soma 172 turboélices de ataque e treino. A aeronave emprega 130 diferentes configurações de armamento. Na configuração Grifo, definida pela Aeronáutica da Colômbia, o A-29 realizou perto de 30 ações de bombardeio real contra alvos da guerrilha.
 
Fonte: Estadão
Share this article :

0 comentários:

Postar um comentário

 

GBN Defense - A informação começa aqui Copyright © 2012 Template Designed by BTDesigner · Powered by Blogger