domingo, 31 de março de 2013

BRICS: estratégia de bloco

 
As resoluções da V cúpula do BRICS, em conjunto com os acordos alcançados nos encontros precedentes deste agrupamento, constituirão a base da estratégia geral de seu desenvolvimento. A lógica do alargamento da cooperação entre os países do BRICS e a influência de fatores econômicos globais impelem de fato estes países à interação em formato de bloco.
 
É necessário destacar em primeiro lugar a Declaração de Ethekwini e o Plano de Ação homônimo, assinados pelos líderes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O Plano de Ação inclui muitos vetores de atividade conjunta dos países do BRICS ao nível de chefes de diferentes ministérios e contatos regulares entre diferentes grupos de trabalho. O Plano abraça tais novas formas de interação, como a segurança informativa, a luta contra a narcoameaça, a diplomacia pública, a política juvenil, o ensino e muitas outras.
 
Entre os documentos aprovados na cúpula figuram a Declaração sobre a formação do Conselho Empresarial do BRICS e do Consórcio de Centros de Peritagem dos países do BRICS. Foram assinados ainda o acordo multilateral de financiamento conjunto de programas na esfera da “economia verde” e o acordo de apoio a projetos de infraestruturas em África.
 
Os resultados da cúpula do BRICS inspiram esperanças porque os líderes dos cinco países planejam evidentemente desenvolver as relações e institucionalizá-las no futuro, aponta Alexandre Apokin, perito do Centro de Análise Macroeconômica e de Prognósticos de Curto Prazo. Atualmente, trata-se de um secretariado virtual do BRICS e, neste sentido, a integração está na etapa inicial. Os participantes da cúpula não conseguiram formar um ponto de vista único acerca do Banco do BRICS, mas este não é um motivo para pessimismo, disse Alexander Apokin em entrevista à Voz da Rússia:
 
“É necessário destacar um progresso sensível na criação do Banco de Fomento, porque em sua formação estão interessados em certo grau tanto os potenciais devedores, África do Sul e Índia, como os potenciais emprestadores, em primeiro lugar a China. Mas um Banco de Fomento é uma estrutura muito complexa, que não pode ser formada plenamente num ano. Por isso, o acordo de princípio de criar tal instituição significa que, provavelmente, a decisão sobre sua estrutura será tomada nos próximos um ou dois anos.”
 
As intenções do “quinteto” de formar tal banco foram indicadas na nona cláusula da Declaração de Ethekwini, fez lembrar em entrevista à Voz da Rússia o diretor do Clube Empresarial da Organização para Cooperação de Xangai (OCX), Denis Tyurin:
 
“A meu ver, não é necessário considerar este embaraço provisório como manifestação da incapacidade de os países se entenderem em relação aos problemas econômicos. Vemos claramente que, por exemplo, o problema da formação de um banco de desenvolvimento comum já se discute há vários anos na Organização para Cooperação de Xangai. Mas o processo avança apesar das dificuldades. Esperamos que os países do BRICS, reunidos num formato internacional mais amplo, consigam ultrapassar estes problemas e divergências.”
 
Entretanto, os grupos de trabalho não enfrentam na área financeira apenas a tarefa de elaborar a estrutura do Banco de Fomento. Os líderes dos países do BRICS encarregaram os dirigentes de seus Ministérios das Finanças e Bancos Centrais de efetuar conversações sobre a instituição de um fundo monetário autônomo de 100 bilhões de dólares. A formação de semelhante “rede de segurança” financeira global completará os mecanismos internacionais existentes de proteção financeira.
 
Partindo da lógica de tendências mundiais, torna-se evidente que os países com as maiores economias emergentes são obrigados simplesmente a formalizar a sua associação numa perspetiva de curto prazo. Para junho próximo está marcado o início das conversações entre a União Europeia e os Estados Unidos com o objetivo de assinar já em 2014 um acordo sobre a formação de uma zona econômica global. O projeto recebeu o nome de TAFTA (Transatlantic Free Trade Area), isto é Zona de Comércio Livre Transatlântica. No ano passado, os Estados Unidos dinamizaram o projeto de Parceria Transpacífica (APEC). Os países do BRICS, apesar de terem em muitos aspetos diferentes interesses econômicos e políticos, terão de elaborar uma estratégia de bloco comum, para não serem sujeitos em separado a uma ditadura econômica por parte de Washington, Bruxelas ou Tóquio.
 
Fonte: Voz da Rússia
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