Antes mesmo da chegada da presidente Dilma Rousseff ao continente africano, prevista para a noite desta quinta-feira (21), o governo brasileiro anunciou a representantes da África e da América do Sul que conta com recursos limitados para investir no exterior.
O aviso é uma tentativa de segurar a pressão, em especial dos africanos, pela criação de um fundo de doações voluntárias para financiar projetos nas duas regiões.
"Como governo, temos limitações financeiras", afirmou nesta quinta o ministro Antonio Patriota (Relações Exteriores), em seu discurso na III Cúpula ASA, que reúne representantes de 66 países da América do Sul e da África em Malabo, capital da Guiné Equatorial.
Patriota, contudo, não citou a palavra "fundo" durante o discurso. No entanto, defendeu explicitamente o uso de mecanismos já existentes para financiar projetos na África que, para ele, são "mas eficientes que criar novas e complexas estruturas".
"Estou convencido de que temos que investir nosso tempo e esforços na elaboração de bons projetos que possam ser executados pelas estruturas de colaboração já existentes. Para bons projetos, não faltaram recursos", afirmou o ministro.
Aos chanceleres da África e América do Sul, Patriota explicou que o Brasil tem firmado acordos trilaterais, com financiamentos de terceiros como o Japão, e aposta no setor privado para investir no território africano.
Idealizada em 2009 e defendida pelo ex-presidente Lula e pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, a proposta de criação do fundo nunca saiu do papel. Atualmente, a ideia divide representantes da África e da América do Sul.
O Brasil resiste à ideia do fundo, que seria formado com doações voluntárias de governos sul-americanos e africanos. O governo brasileiro teme hoje ser principal doador do fundo que bancaria projetos de infraestrutura, energia, educação e até de paz nas duas regiões.
Diante da pressão africana, a solução encontrada pelos diplomatas brasileiros foi criar um grupo de trabalho e um cronograma de ações para estruturar melhor a proposta. Adiam, assim, a decisão.
CAMPANHA
Depois do discurso, Patriota afirmou que a criação do fundo "precisa se consolidar". Antes da chegada de Dilma, ele tem uma série de encontros bilaterais e reuniões.
Patriota aproveita o encontro para defender a ideia da África e da América do Sul ganharem assentos permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas bem como comandar a OMC (Organização Mundial do Comércio). Durante o discurso, ele anunciou a presença de Roberto Azevêdo, candidato brasileiro à secretário-geral da OMC.
Além de Dilma, são esperados representantes de quatro países da América do Sul, entre eles Nicolás Maduro, vice-presidente da Venezuela, e o presidente da Bolívia, Evo Morales. Do lado africano, serão cerca de 20 chefes de Estado.
Apesar do pequeno número de presidentes da América do Sul confirmados para o encontro, Patriota considera "relevante" a adesão. "A reunião é muito importante com a presença numerosa de chefes de Estado africanos e uma boa presença da América do Sul também, com muitos chanceleres. Isso dá um alento a um processo", disse o ministro.
Fonte: Folha
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