O governo japonês exigiu nesta sexta-feira que Pequim se desculpe, após afirmar que um radar de tiro chinês foi utilizado contra um destróier japonês em águas internacionais, à margem de uma disputa territorial no Mar da Leste China.
Tóquio convocou mais uma vez o embaixador chinês, depois de Pequim negar o uso de um radar de preparação de tiro contra uma navio militar japonês.
"Queremos que a China reconheça [a utilização do radar], apresente suas desculpas e se esforce para evitar que isso ocorra novamente", declarou o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, citado pela agência Jiji.
Segundo Abe, a confirmação foi feita através de meios visuais, fotográficos e detalhes como a orientação do radar na direção do navio japonês.
Essas declarações foram precedidas pela convocação por Tóquio do embaixador chinês Cheng Yonghua. O ministério das Relações Exteriores do Japão chegou a dizer que as explicações de Pequim eram "totalmente inaceitáveis".
A China nega as acusações e as considera "contrárias aos fatos".
"De maneira unilateral o Japão transmitiu aos meios de comunicação uma afirmação inexata e altos funcionários governamentais japoneses fizeram declarações irresponsáveis", declarou o ministério chinês da Defesa em um comunicado enviado por fax à AFP.
O embaixador da China já havia sido convocado na última terça-feira (5), no dia seguinte a uma incursão de navios oficiais chineses nas águas das ilhas Senkaku, um pequeno arquipélago administrado pelo Japão, mas reivindicado por Pequim sob o nome de Diaoyu.
Na última quinta-feira (7), Hua Chunying, porta-voz da diplomacia chinesa disse que "recentemente, o Japão agravou a crise e reforçou intencionalmente a tensão para denegrir a imagem da China".
"O problema atual não é a China manifestar sua segurança, mas os navios e aviões japoneses que realizam repetidamente atividades ilegais no espaço aéreo e nas águas das ilhas Diaoyu, o que mina a soberania territorial chinesa", acrescentou a porta-voz, considerando que "isto vai contra a melhora das relações" bilaterais.
Por sua vez, o futuro chefe de governo chinês, Li Keqiang, convocou a Marinha chinesa a intensificar a vigilância das águas territoriais chinesas.
Tóquio anunciou recentemente a formação de uma força especial de 600 homens e 12 navios para vigiar e proteger o arquipélago.
DISPUTA TERRITORIAL
O conflito entre os dois países se intensificou em setembro, quando o Japão anunciou ter comprado as ilhas, que pertenciam a um dono particular japonês e eram patrulhadas pela Guarda Costeira do país.
Na época, o então vice-presidente chinês e futuro mandatário do país, Xi Jinping, chamou a transação de "farsa". "O Japão deveria moderar seu comportamento e interromper quaisquer palavras e atos que abalem a soberania e a integridade territorial da China."
A disputa com o Japão provocou uma série de manifestações em cidades chinesas, algumas violentas. Milhares de pessoas protestaram em frente a representações diplomáticas de Tóquio e depredaram carros e empresas de origem japonesa.
Temendo retaliação, as multinacionais nipônicas suspenderam suas atividades, entre elas Panasonic, Toyota, Nissan e Honda. As vendas locais também foram prejudicadas por um boicote. Desde então, os dois países continuaram as disputas, mas com manifestações menos intensas.
Na maioria dos casos, barcos e aviões chineses estiveram no território das ilhas, o que provocou protestos formais de Tóquio.
Fonte: AFP
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