O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do Egito, Abdel Fattah al Sisi, advertiu nesta terça-feira sobre o risco de colapso do Estado por causa dos protestos violentos da oposição do Egito. Desde sexta (25), mais de 60 pessoas morreram no país.
Os protestos acontecem em meio aos dois anos de lembrança da revolta que derrubou o ex-ditador Hosni Mubarak, em 2011, e dias após o veredicto que condenou à morte 21 envolvidos no massacre durante um jogo de futebol em Port Said, que deixou 74 mortos em fevereiro de 2012.
Devido à violência dos protestos, o presidente Mohamed Mursi decretou no domingo (27) toque de recolher em três cidades do país e pediu ao Parlamento que autorizasse o uso do Exército na segurança pública, o que aprovado pelo Legislativo na segunda (28).
Em mensagem na página do Exército na rede social Facebook, o comandante militar disse que os desafios econômicos, políticos e sociais que o Egito enfrenta representam "uma verdadeira ameaça à segurança do Egito e à coesão do Estado egípcio".
"A continuação do conflito entre as diferentes forças políticas e suas diferenças em relação ao comando do país podem levar ao colapso do Estado e ameaçam gerações futuras. A continuação desse cenário sem ser resolvido conduzirá a consequências graves que influenciarão a estabilidade".
Considerando esse cenário, Sisi defendeu que as Forças Armadas continuem a controlar o país e sejam "o bloco coeso e sólido" em que o Estado repousa. Ele também apoiou o toque de recolher em Suez, Port Said e Ismailia, que, para o chefe militar, são cidades estratégicas.
No entanto, ele reconheceu que os militares enfrentam o dilema de não poder interferir no direito de livre manifestação dos cidadãos, mas precisam proteger locais cruciais que afetam à segurança nacional. Por isso, ele pediu que as manifestações da oposição sejam pacíficas.
AUTORIZAÇÃO
Na segunda (28), o Parlamento do Egito autorizou que as Forças Armadas se juntem à polícia para controlar os protestos no país. De acordo com a nova lei,, as forças armadas podem prender civis e encaminhar as queixas para o Ministério Público para que sejam julgadas por tribunais civis.
O envio do Exército às ruas foi usado para controlar os ânimos dos opositores em diversas ocasiões pela junta militar que governava o país até junho e pelo próprio Mursi. Na semana passada, as tropas foram usadas para garantir a segurança no Cairo, em Suez e em Port Said.
O lei aprovada pelo Senado é parte de uma série de medidas anunciadas por Mursi após cinco dias de manifestações violentas contra seu governo nas principais cidades do país, que coincidiram com os dois anos do início da revolta que levou à queda do ditador Hosni Mubarak.
A violência tomou proporções maiores em Port Said, onde foi divulgada no sábado (26) a condenação à pena de morte de 21 acusados de terem provocado o massacre em um estádio de futebol da cidade, em fevereiro de 2012, em que 74 pessoas morreram. Nos protestos de três dias atrás, houve 32 mortes.
O presidente também propôs mais uma rodada de diálogos nacionais, assim como feito durante os protestos de dezembro contra a nova Constituição. Assim como no mês passado, o evento foi novamente boicotado pela oposição.
Fonte: Folha
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