A única pista de decolagens e pousos do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, foi interditada às 20h de anteontem, após um acidente com um avião de carga da companhia aérea Centurion Cargo. Até as 19 horas de ontem, 140 voos que deveriam decolar ou pousar em Viracopos já haviam sido transferidos para os Aeroportos de Congonhas ou Cumbica. A previsão da Infraero era de que a pista fosse desbloqueada ainda na noite de ontem.
Do total de voos atingidos, 95% eram da Azul Linhas Aéreas. A empresa disponibilizou ônibus para o transporte dos passageiros a Guarulhos e São Paulo, mas durante todo o dia de ontem houve muita confusão em Viracopos por causa da interdição da pista. A Infraero não soube precisar quantos passageiros foram afetados pela transferência das linhas.
O avião cargueiro de modelo MD-11, que vinha de Miami, nos Estados Unidos, apresentou defeito no pneu quando realizou a aterrissagem. Após o acidente, a companhia Centurion Cargo não removeu o avião da pista, que permaneceu bloqueada.
Segundo a empresa, a demora para o início dos trabalhos de desbloqueio da pista ocorreu pela necessidade de deslocamento de equipamentos específicos para o reboque, que foram enviados de São Paulo, e também pela complexidade da operação.
A carga de 67 toneladas de eletrônicos e produtos manufaturados foi retirada na manhã de ontem. Dez funcionários da empresa e do aeroporto iniciaram a inspeção de segurança. A carga não foi comprometida com o incidente. Nenhuma pessoa ficou ferida nem houve vazamento de combustível na pista.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) monitorou a operação com uma equipe de 15 pessoas, entre diretores, superintendentes, gerentes e inspetores de aviação civil. O objetivo principal foi garantir a prestação de assistência aos passageiros de voos afetados
A TAM informou que os passageiros foram levados de ônibus para aeroportos de São Paulo. Em nota, a Azul Linhas Aéreas informou que estava "prestando todo o auxílio necessário aos clientes, de acordo com a resolução da Anac, reacomodando-os da melhor maneira possível".
Já a Gol, que teve cinco voos cancelados, informou que parte dos passageiros foi levada a São Paulo por via terrestre. E cancelou as multas para quem quiser mudar ou cancelar o voo.
Para o professor de Gestão de Aviação Civil Marcus Reis, o fechamento tão prolongado de Viracopos expõe a falta de infraestrutura dos aeroportos. "Não é um problema só de Viracopos", afirma. Ele defende que aeroportos com volume tão elevado de voos como o de Campinas tenham equipamentos a postos para esse tipo de emergência. "O número de voos em Viracopos cresceu muito mais do que sua infraestrutura permite", diz. "Se tem acidente no Santos Dumont (no Rio), com risco de contaminação do mar ou algum problema ambiental, tudo bem haver demora para liberar pistas. Mas em Viracopos não foi o caso."
Obras. A segunda pista de Viracopos está prometida para 2017. Ela deve ficar a 2.5 km da pista atual e elevará a capacidade aeroporto dos atuais 9 milhões de passageiros/ano para 22 milhões/ano. O projeto está orçado em R$ 500 milhões. A obra será executada pela concessionária Aeroportos Brasil, que venceu leilão para operar Viracopos em fevereiro.
Fonte: Estadão
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