Sucesso extraordinário". É dessa forma que Filippo Bagnato, presidente da ATR, fabricante de turboélices, define as atividades da empresa em relação ao Brasil. Também pudera: nos últimos dois anos, o construtor franco-italiano vendeu 50 aviões a companhias aéreas regionais brasileiras
Em 2011, ano em que a ATR bateu recorde de vendas - com 157 encomendas firmes e 79 opções de compra, que somam US$ 5,3 bilhões - o Brasil representou sozinho 18% dos negócios, com 29 aeronaves (dez para a Azul, dez para a Passaredo, anunciadas somente ontem, e nove para a Trip).
Isso sem contar os 13 outros aviões negociados por companhias brasileiras também no ano passado com empresas de leasing, como a Air Lease Corporation e a GECAS.
A frota da ATR atualmente em operação no Brasil é de 59 aviões. Bagnato afirma que nos próximos três anos esse número será de mais de 100 aeronaves. Isso porque a carteira atual de encomendas inclui 45 turboélices destinados ao Brasil. Segundo a ATR, 15 aviões já serão entregues neste ano.
A maior frota mundial da ATR pertence atualmente a uma companhia aérea brasileira, a Trip, que possui 38 aeronaves em operação e mais 18 outras que serão entregues a partir deste ano. No total, sete companhias aéreas brasileiras utilizam os turboélices da ATR. A Azul possui 14 aviões em operação (23 outros já foram comprados).
A carteira global de encomendas da ATR totaliza 224 aviões, um recorde que representa três anos de produção. O Brasil, certamente, tem contribuído para movimentar o ritmo de trabalho em Toulouse, sede da ATR.
Passaredo investe em aumento da frota
Com planos de dobrar o número de rotas no Brasil no prazo de três anos, a Passaredo anunciou ontem na França um negócio de US$ 450 milhões com o fabricante de turboélices ATR. O contrato prevê a compra firme de dez aviões de última geração, o ATR 72-600, com 70 lugares, e também dez opções de compra do mesmo modelo.
A operação já havia sido concluída no ano passado, mas só foi divulgada ontem. Não foi por esse motivo, no entanto, que o presidente da Passaredo, José Luiz Felício Filho, esteve ontem em Toulouse, no sudoeste da França, onde fica a sede do construtor franco-italiano que afirma ser o líder mundial do mercado de aviões regionais com até 90 lugares.
Felício foi buscar o primeiro de outros quatro ATR 72-600 comprados junto à companhia de leasing americana Air Lease Corporation, também com 70 lugares. Paralelamente, a Passaredo vai operar ainda, por meio de leasing, dois turboélices ATR 72-500. Esses seis aviões integrarão a frota da companhia já neste ano.
Os demais, adquiridos diretamente do fabricante, serão entregues entre 2013 e 2015. Se a opção de compra de dez modelos for confirmada, a Passaredo terá 26 aviões da ATR até esse prazo. Na prática, a companhia aérea substituirá boa parte de sua frota de 14 jatos Embraer ERJ 145 (com 50 lugares) pelos turboélices europeus.
Segundo Felício, alguns aviões da Embraer (o número ainda não foi definido) continuarão na frota e serão utilizados em trajetos mais longos, superiores a mil quilômetros. A partir de 2013, contratos de leasing desses jatos começam a expirar e a companhia aérea vai "devolvê-los", disse o presidente da Passaredo ao Valor.
"Os aviões da ATR permitirão reduzir custos operacionais, com ganhos significativos em termos de combustível e diminuição dos custos de manutenção", diz ele, acrescentando que isso poderia baixar os preços das passagens aéreas da companhia em 15%.
Os turboélices são conhecidos por consumir entre 40% e 50% menos combustível, poluir menos e totalizar só dez minutos a mais de voo em distâncias de até 800 quilômetros. Mas para trajetos mais longos, os jatos são mais rentáveis.
"Somos uma empresa regional e nossas etapas são mais curtas. Os aviões da ATR serão utilizados em rotas já existentes, substituindo os jatos da Embraer, e parte será destinada aos novos mercados onde vamos atuar", diz Felício.
Os projetos de expansão das atividades são ambiciosos. A Passaredo voa atualmente para 26 cidades, como Carajás (PA), Araguaína (TO), Sinop (MT), Ji-Paraná (RO), mas também São Paulo, Rio ou Fortaleza. Felício prevê que até 2015 esse número terá dobrado.
"Com os turboélices, teremos possibilidades operacionais muito maiores. São aviões mais adaptados para pequenos aeroportos com pistas curtas", afirma. Esse é exatamente o tipo de lugar onde a Passaredo quer aterrissar, já que o foco da companhia, diz o presidente, são os "mercados com baixa e média capacidade, com infraestruturas precárias", como localidades nas regiões Norte e Nordeste que ele prefere ainda não revelar por razões estratégicas.
A Passaredo, uma empresa familiar com sede em Ribeirão Preto (SP), representa só 0,72% do mercado aéreo doméstico, mas vem registrando um crescimento excepcional, de quase 62% ao ano, em média, nos últimos quatro anos, segundo o presidente.
A empresa ainda está bem atrás de outras companhias regionais, como a Azul, terceira colocada no ranking nacional, com 9,8% de participação no mercado doméstico no ano passado, ou a Trip, que totalizou uma fatia de 4%, segundo dados da Agência Nacional da Aviação Civil.
Felício diz que a ampliação do mercado da Passaredo ocorrerá "de forma natural". Neste ano, ele prevê crescimento de 23% no faturamento, enquanto o setor prevê expansão de 8% a 10%.
A Passaredo firmou na semana passada a extensão por "longo prazo" de um acordo operacional com a Gol, chamado "interline", que prevê a venda de lugares em trechos operados pela parceira, mas utilizando o próprio código da companhia.
Felício descarta os rumores de que a Gol poderia comprar sua empresa. "O novo acordo torna a relação clara e mostra que a Passaredo possui sua identidade. Ele dá uma visão de longo prazo para fazermos investimentos em rotas e em aeronaves e reforçarmos a parceria com a Gol."
Fonte: Valor Econômico
So falta as nossas aeronaveis de proteção, seja ela qual for, desde que repasse tecnologia para não ficarmos presos na manutenção estrangeira.
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