O grupo inglês BAE Systems, segunda maior empresa de defesa do mundo, continua firme no propósito de ampliar seus negócios na área de defesa e segurança no Brasil, onde encerrou 2011 com um saldo positivo e contratos avaliados em R$ 500 milhões.
No mundo, a BAE fornece desde serviços cibernéticos altamente sofisticados até sistemas eletrônicos críticos de missões e equipamento de proteção. Seu faturamento em 2011 foi de US$ 30,3 bilhões.
No final do ano passado, a BAE assinou contrato com o Exército brasileiro para modernizar o primeiro lote de 150 veículos blindados sobre lagartas M-113, utilizados em transporte de tropa. O projeto está avaliado em US$ 43 milhões, mas pode avançar caso o Exército decida fazer a modernização de toda a frota, composta por 350 veículos.
Segundo o vice-presidente de desenvolvimento de negócios da BAE Systems na América Latina, Erik Hjelm, o trabalho de modernização já começou e está sendo executado nas instalações do Exército brasileiro em Curitiba, no Paraná. A previsão é que seja concluído em 2014.
O executivo explicou que o contrato com o Exército foi fechado com a divisão da BAE que fabrica o M113 nos Estados Unidos. A viabilização do negócio também incluiu a assinatura de um contrato entre o governo brasileiro e o governo dos EUA, através do processo FMS (Foreign Military Sales), utilizado pelos americanos em caso de vendas de equipamentos para outros países.
No setor marítimo, a BAE acaba de fechar seu primeiro contrato com a Marinha, também no final de 2011. A empresa vai fornecer três Navios de Patrulha Oceânica (OPVs) de 1800 toneladas e também os serviços de suporte.
A previsão do executivo da BAE é que o primeiro navio seja entregue até junho deste ano. "A partir deste mês, uma equipe brasileira irá acompanhar todos os serviços de acabamento, verificação de funcionamento e testes finais do navio, além do treinamento da tripulação", comentou.
O contrato com a Marinha, segundo Hjelm, prevê ainda uma licença de fabricação para construir outras embarcações da mesma classe no Brasil, caso seja de interesse do governo brasileiro.
A compra dos navios, considerada de oportunidade, foi feita a um custo de R$ 387,2 milhões, e por isso não está incluída no Programa de Obtenção de Meios de Superfície (Prosuper) da Marinha. Os navios foram originalmente construídos para a Guarda Costeira de Trinidad-Tobago, que cancelou a encomenda quando os navios já em provas de mar.
Avaliado em cerca de € 3 bilhões, o Prosuper prevê a aquisição de cinco fragatas ou navios de escolta de 6 mil toneladas, cinco navios de patrulha oceânica de 1,8 mil toneladas e um navio de apoio de 12 mil toneladas.
"A BAE espera que o contrato dos OPVs seja o início de uma parceria duradoura com o Brasil no setor marítimo. Estamos dispostos a compartilhar o know-how adquirido com este projeto, apoiando o desenvolvimento da capacidade naval brasileira", destacou o executivo que acaba de assumir a missão de conduzir os negócios da empresa na América Latina a partir do Brasil.
O vice-presidente da BAE ressalta que o grupo pretende intensificar as parcerias industriais no Brasil nas áreas de defesa e segurança, tanto nos projetos que já estão em desenvolvimento, quanto nos futuros, trazendo sua expertise em áreas de interesse das Forças Armadas Brasileiras.
O executivo diz que a BAE considera a América Latina um importante mercado em expansão, mas que o Brasil representa a principal fatia deste mercado, não só em virtude dos contratos assinados em 2011, mas também por causa do envolvimento histórico com as Forças Armadas desde a década de 70, com a incorporação das fragatas na classe Niterói, pela Marinha do Brasil.
Foi também no ano passado que a fabricante de aviões Embraer selecionou a BAE para fornecer os sistemas eletrônicos de controle de voo do avião militar KC-390, que está sendo desenvolvido para a Força aérea Brasileira (FAB). Segundo o executivo da BAE, existem cerca de 1,2 milhão de peças produzidas pela companhia voando em mais de 12 mil aeronaves comerciais, além de 15 mil sistemas aviônicos de controle de turbina fornecidos para empresas civis, que acumulam mais de 10 milhões de horas de operação por ano.
A empresa também está negociando com a indústria brasileira parcerias estratégicas de longo prazo para participar dos programas Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras) e Sisgaaz (Sistema de Monitoramento da Amazônia Azul), avaliados em mais de US$ 15 bilhões.
Fonte: Valor Econômico
0 comentários:
Postar um comentário